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Confusões e preços abusivos esvaziam maior duelo de MG

Sobraram ingressos: somadas, partidas no Independência e no Mineirão atraem público inferior ao segundo jogo da decisão do torneio no ano passado, no Rio

Os cartolas dos arquirrivais erraram de forma grosseira ao acreditar que a empolgação do público não teria limite. Nem todos aceitaram os valores abusivos

A decisão da Copa do Brasil, vencida pelo Atlético-MG diante do rival Cruzeiro, foi o grande assunto em Belo Horizonte nas últimas semanas – mas ficou longe de lotar os estádios escolhidos para o encontro histórico. O fracasso de bilheteria – que ficou evidenciado nesta quarta-feira, com praticamente um setor inteiro do Mineirão vazio – se deve aos valores abusivos dos ingressos e também às confusões entre as diretorias dos clubes. Somadas, as duas partidas atraíram apenas 58.364 torcedores (18.578 no Independência e 39.786 no Mineirão), menos do que o jogo de volta da decisão do ano passado, entre Flamengo e Atlético-PR, que recebeu 68.857 pagantes no Maracanã. Como consolo para o derrotado Cruzeiro ficou a arrecadação de 7,8 milhões de reais, a terceira maior da história do futebol brasileiro, atrás de Atlético x Olímpia na final da Libertadores (14,1 milhões de reais) e Flamengo x Atlético-PR na final da Copa do Brasil (9,7 milhões de reais), ambos no ano passado.

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A expectativa das diretorias de Atlético e Cruzeiro era que a primeira final mineira em uma competição nacional acontecesse diante de casa cheia, tanto na ida como na volta. Mas os cartolas erraram de forma grosseira ao acreditar que a rivalidade e a empolgação dos torcedores não teria um limite financeiro. No jogo de ida, o Atlético cobrou um preço médio de 255,19 reais por ingresso e viu cerca de 5.000 lugares vazios no já acanhado Independência, que tem lotação máxima de 23.000 pessoas. Apesar da derrota na primeira partida, o Cruzeiro esperava vender todos os 60.000 bilhetes disponibilizados para a segunda partida da final do Mineirão. Levou apenas dois terços do público esperado ao estádio e passou pelo constrangimento de ter um setor – não por acaso, o mais caro – quase inteiramente vazio, justamente a parte do estádio que aparece quase todo o tempo ao fundo na transmissão de TV. Esses ingressos foram colocados à venda por nada menos de 1.000 reais, com descontos para os sócios-torcedores, que poderiam pagar de 140 a 590 reais, dependendo dos planos que eles pagam.

Represália – Outro fator que contribuiu para o desinteresse dos torcedores foi a cansativa rixa entre as duas diretorias. O Atlético optou por levar a primeira partida para o Independência (ao contrário do que fez nas viradas épicas diante de Corinthians e Flamengo, ambas no Mineirão). Apoiado por uma recomendação da PM, ofereceu menos de 10% dos lugares à torcida do Cruzeiro. A equipe azul não concordou com a situação, que fere a legislação esportiva, e abriu mão dos ingressos, deixando o setor visitante, que receberia pouco menos de 2.000 pessoas, completamente vazio. Em represália, o Cruzeiro decidiu elevar os preços dos bilhetes destinados à torcida do Atlético na volta e também oferecer menos de 10% do espaço aos rivais. Primeiro, o campeão brasileiro ofereceu 2.736 entradas (bem longe dos 6.000 lugares que o Atlético teria direito a receber), em uma área considerada VIP no Mineirão, ao preço de 1.000 reais cada uma.

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Na quinta-feira passada, a Justiça mineira expediu uma liminar limitando o preço dos ingressos ao visitante em 500 reais, depois que o Ministério Público Estadual (MPE) acusou o Cruzeiro de promover aumentos de até 833% nos preços dos bilhetes “sem a devida proporção, justificativa e critérios razoáveis”. A confusão se arrastou até o início da semana, quando ficou decidido que os atleticanos receberiam apenas 1.813 bilhetes e ocupariam menos de 5% da capacidade do Mineirão. O STJD já anunciou que processará o Cruzeiro por descumprir as recomendações da entidade. Cruzeiro e Atlético-MG têm hoje as melhores equipes e duas das estruturas mais organizadas do futebol nacional, com destaque para o desenvolvimento dos programas de sócio-torcedor e sucesso nas categorias de base. No entanto, justamente no capítulo mais importante da história do clássico mineiro, os arquirrivais pisaram na bola e acabaram atrapalhando a festa nas arquibancadas.

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