Sétimo Choque-Rei de 2021 acirra duelo de antagônicos Crespo e Abel
Palmeiras construiu vantagem para decisiva partida pelas quartas de final da Libertadores; classificação passa por tabus e treinadores com estilos distintos
Palmeiras e São Paulo decidem na noite desta terça-feira, às 21h30, no Allianz Parque, uma vaga para as semifinais da Libertadores motivados por perfis completamente opostos à beira do gramado. De um lado, o explosivo português Abel Ferreira, que protagonizou expulsões e reclamações acintosas recentemente, e do outro o sereno argentino Hernán Crespo.
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Esse será o sétimo encontro entre os rivais só neste ano, o terceiro em um espaço de 18 dias. Apesar da final do Paulista vencida pelos são-paulinos, que quebrou o jejum de quase uma década sem conquistas da equipe do Morumbi, a Libertadores significaria o passo mais importante para ambos até aqui.
Crespo ainda não perdeu para Abel. Surpreendeu o técnico rival logo no primeiro encontro, em 16 de abril, pela fase de grupos do Paulista, ao vencer por 1 a 0 mesmo jogando fora de casa. Nas decisões do estadual, um empate e nova vitória, por 2 a 0. Nos dois últimos jogos, empate pelo Brasileiro e pela Libertadores.
Acostumado a apresentar calma e elegância enquanto orienta os seus comandados, e dificilmente subir o tom de voz enquanto fala, o argentino tem a eu favor também outros retrospectos animadores. Não cai em um mata-mata desde a eliminação com o Banfield na primeira rodada da Copa da Superliga da Argentina, em 2019. Na ocasião, acabou derrotado para o Estudiantes. Deixou o clube com apenas quatro vitórias em 18 partidas.
No último ano, porém, o técnico provou ser um nome mais do que somente promissor ao conduzir o Defensa y Justicia, de baixo orçamento e time modesto, a um improvável título da Copa Sul-Americana. Não foi só a conquista, Crespo foi campeão invicto. Não perdeu nos nove jogos – seis vitórias e três empates – e ainda conseguiu estender a imposição em mata-matas no São Paulo.
Além do Paulista, já superou no Morumbi duas fases na Copa do Brasil – a terceira, contra o 4 de Julho, e as oitavas de final, contra o Vasco –, além das oitavas de final diante do Racing na Libertadores. Pelo clube do Morumbi, em 11 partidas eliminatórias disputadas, somente uma única derrota, para o 4 de Julho.
Chegou o dia! Hoje tem Choque-Rei decisivo pela @LibertadoresBR!
☑️ Tudo pronto para o clássico.#GloriaEterna#VamosSãoPaulo 🇾🇪
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— São Paulo FC (@SaoPauloFC) August 17, 2021
Contratado um pouco antes, em novembro de 2020, Abel Ferreira construiu rápida identificação com o Palmeiras. A relação foi solidificada no início de 2021 com as conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil, mas ganhou episódios quentes com reclamações públicas e temperamento explosivo dentro de campo.
No último sábado, na derrota por 2 a 0 pelo Atlético Mineiro, pela 16ª rodada do Campeonato Brasileiro, o treinador expressou indignação com a expulsão do volante Patrick de Paula pelo árbitro Bruno Arleu de Araújo.
Ele ainda relatou que o árbitro havia de desculpado com os jogadores do Palmeiras ao perceber ter errado na marcação. Das 72 vezes que esteve à frente do Palmeiras no banco de reservas, Abel recebeu 14 cartões amarelos e outros três vermelhos.
Mas não foi só a beira do campo, nas entrevistas o treinador questiona constantemente jornalistas por perguntas feitas e demonstra clara irritação em tocar em alguns assuntos. Após a vitória por 1 a 0 contra a Universidad de Chile, que assegurou a equipe classificação para as quartas da Libertadores, reclamou por não ter recebido parabéns pelo resultado da partida e, justamente, por um retrospecto negativo contra o São Paulo.
“Eu pensei que ia ter parabéns pela classificação. Para mim não há tabus. E apesar da história ser contra, temos tentando mudar a história no Palmeiras”, rebateu Abel.
“Ninguém perguntou, mas tenho que dar os parabéns pela exibição do Palmeiras. Deveríamos falar mais do jogo. Vocês me criticam, e bem, quando faço asneiras, mas eu pergunto: alguém viu o jogo de hoje? Jogo sério, seguro e eficaz”, completou pouco depois na mesma entrevista.
Um mês antes, também atacou a diretoria do clube após a derrota por 3 a 1 para o Red Bull Bragantino “O Empereur é outro fora, não é? Até esqueço das ausências. Em março entreguei um relatório com tudo que era preciso. O Palmeiras precisava de jogadores para a Recopa, Supercopa, final do Paulista. Eu não conto com reforços. Há muito tempo fiquei sem esperanças. Nossos reforços vão chegar quando? Em agosto? Fico desiludido”, desabafou.
#AlmaECoração voltados para o melhor lugar do mundo. É noite de decisão na nossa casa e nós vamos juntos! 🏟️💚
📷 pl_ricci#InstaPorco pic.twitter.com/sSaRs4pJ6t
— SE Palmeiras (@Palmeiras) August 17, 2021
De sucesso imediato a críticas sobre um futebol conservador para uma folha salarial das mais caras do país, o treinador ainda assumiu a liderança do Brasileiro, perdida recentemente para o Atlético Mineiro, e pode se aproximar novamente de um feito para poucos: o bicampeonato consecutivo.
O feito só foi protagonizado por clubes brasileiros apenas com os técnicos Telê Santana com o São Paulo, em 1992 e 1993, e Luís Alonso Perez, o Lula, com Santos, em 1962 e 1963. Outros argentinos como Manuel Giúdice, Osvaldo Zubeldía, Juan Carlos Lorenzo e Carlos Bianchi também conseguiram.
Para a partida, após o empate por 1 a 1 no jogo de ida, o Palmeiras tem a vantagem do empate sem gols para se classificar. A partida será decidida nas penalidades somente em caso de um placar igual. Empate por dois ou mais gols de diferença dá ao São Paulo a classificação.
O último confronto entre as equipes na Libertadores aconteceu em 2006, pelas oitavas de final daquela edição e a classificação chegou ao São Paulo com gol de Rogério Ceni nos minutos finais da partida.