Repleto de astros, o clássico da Espanha vive era dourada
A rivalidade centenária entre Real Madrid e Barcelona chegou ao ápice com os duelos entre Cristiano Ronaldo e Lionel Messi. Neste sábado, Neymar, Kroos, James e Suárez tentarão escrever um novo capítulo desta história no Bernabéu
O primeiro clássico entre Real Madrid e Barcelona aconteceu em 1902, ano da fundação da equipe da capital, e foi vencido pelos catalães por 3 a 1. Desde então, as duas maiores equipes espanholas se encontraram 228 vezes, com incrível equilíbrio: 91 vitórias do Real, 89 do Barça e 48 empates. Ao longo da história, craques como Di Stéfano, Cruyff, Maradona, Zidane, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho Gaúcho ajudaram a escrever a história da rivalidade, que vai muito além do campo de futebol. No entanto, a efervescência de El Clásico chegou ao seu auge justamente nas últimas cinco temporadas, com a chegada de Cristiano Ronaldo ao Santiago Bernabéu. Neste sábado, o astro português será novamente a principal esperança de gols dos atuais campeões europeus. O melhor jogador do mundo tentará melhorar o seu retrospecto diante do Barcelona de Messi, que também terá Neymar em grande fase e o estreante Luis Suárez, em jogo marcado para as 14 horas (de Brasília), em Madri.
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Real Madrid x Barcelona
Histórico:
Real Madrid: 91 vitórias
Barcelona: 89 vitórias
Empates: 48
Maior artilheiro do clássico:
Lionel Messi, 21 gols
Desde novembro 2009:
Barcelona: 10 vitórias
Real Madrid: 6 vitórias
Empates: 6
Gols:
Messi: 15
Cristiano Ronaldo 13
Último encontro:
Real Madrid 2 x 1 Barcelona
(Final da Copa do Rei)
A rivalidade entre madrilenhos e catalães sempre esteve entre as maiores do futebol mundial, mas jamais houve tanto equilíbrio – tanto técnico como financeiro – como nos últimos cinco anos. Nos tempos de Di Stéfano ou na primeira era galáctica do Real Madrid, o Barcelona viveu crises que o impediram de competir com o rival. O oposto aconteceu na época das primeiras conquistas europeias do Barcelona, em 1993 e 2006. No entanto, graças a personagens como Cristiano Ronaldo e Messi, Mourinho e Guardiola, a partida ganhou muita relevância e se transformou num clássico global. Essa mudança teve início em 2009, quando Cristiano Ronaldo e Kaká chegaram ao Real Madrid. Porém, a contratação dos dois melhores jogadores do mundo naquela época coincidiu com o período mais vitorioso da história do Barcelona, do técnico Pep Guardiola e do gênio Messi.
Nos dez primeiros encontros desde 2009, o Real Madrid venceu apenas um duelo e perdeu seis, incluindo um humilhante 5 a 0 no Camp Nou, em 2010. No ano seguinte, os encontros entre as equipes na Liga dos Campeões, no Espanhol e na Copa do Rei foram muito tensos – mas, apesar das expulsões e faltas violentas, os jogos foram decididos, quase sempre, pelo talento de Messi, Cristiano, Xavi, Di María, Iniesta e Benzema. A animosidade entre Mourinho e Guardiola também mereceu um capítulo à parte, assim como as trocas de farpas, que tiveram os falastrões Pepe, Daniel Alves, Marcelo e Piqué como protagonistas. A rivalidade chegou a atingir até a seleção espanhola: em 2012, Iker Casillas e Xavi Hernandez tiveram de se reunir para aparar as arestas e tentar reestabelecer um clima de paz entre os jogadores de ambas as equipes. As diferenças políticas (recentemente, alguns ídolos do Barcelona declararam apoio à independência da Catalunha) também ajudaram a apimentar o clássico em algumas oportunidades.
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Nos últimos anos, o Real equilibrou o retrospecto e conseguiu vitórias relevantes no clássico, sobretudo nas finais da Copa do Rei, em 2011 e 2014. No entanto, desde a chegada de Cristiano Ronaldo, o Barcelona ainda leva vantagem: dez vitórias, seis empates e seis derrotas. Maior artilheiro da história do Barcelona e também do clássico, o argentino Lionel Messi pode quebrar outro recorde neste sábado: se fizer um gol, alcançará os 251 de Telmo Zarra, jogador do Athletic Bilbao nas décadas de 1940 e 1950, como o maior goleador da liga espanhola. O português e o argentino, no entanto, já não polarizam todas as atenções. Quatro das contrações mais badaladas dos últimos anos estarão em ação no Bernabéu. Pelo lado do Barça, Neymar e o uruguaio Luis Suárez serão os companheiros de ataque de Messi. No lado dos anfitriões, o alemão Toni Kroos e colombiano James Rodríguez, dois dos principais destaques da Copa do Mundo, tentarão fazer valer o investimento do clube neste verão europeu. Com base nos últimos confrontos e no número de craques em campo, a expectativa é de um clássico com muitos gols (o último 0 a 0 aconteceu há mais de uma década, em novembro de 2002).
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Messi cala o Bernabéu
Barcelona e Real Madrid jamais decidiram, juntos, a Liga dos Campeões, mas em 2011, os rivais fizeram praticamente uma final antecipada, em um duelo histórico e tenso. No jogo de ida das semifinais, no Santiago Bernabéu, o talento de Messi superou a truculência do Real, que teve Pepe e Mourinho expulsos. O argentino marcou duas vezes – o segundo foi um golaço – e calou a torcida que ainda ansiava pela décima conquista europeia. No jogo de volta, um empate em 1 a 1 garantiu a vaga na final ao Barcelona.
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Mourinho x Tito Villanova
Meses depois da vitória do Barça na semifinal da Liga dos Campeões, os rivais se reencontraram na decisão da Supercopa da Espanha. No jogo de volta, no Camp Nou, uma entrada violenta do brasileiro Marcelo em Fàbregas iniciou uma confusão generalizada entre jogadores e comissão técnica dos dois times. Um dos mais exaltados, o técnico José Mourinho enfiou o dedo no olho de Tito Villanova – ex-treinador, morto neste ano, que na época era auxiliar de Guardiola. O Barcelona venceu a partida por 3 a 2, com dois de Messi, e levou a taça.
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O voo de Cristiano
Também na temporada 2011, o Real Madrid conseguiu deixar para trás uma sequência ruim diante do rival e venceu a decisão da Copa do Rei, em Valencia, com um gol espetacular. Depois de um empate em 0 a 0 no tempo normal, o jogo foi decidido na prorrogação. A poucos minutos do fim da primeira etapa, Marcelo e Di María tabelaram e o argentino cruzou para Cristiano Ronaldo. Com uma impulsão impressionante, o português ganhou de Adriano e marcou, de cabeça, o gol do título.
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A arrancada de Bale
Outra grande alegria da torcida madridista aconteceu neste ano, novamente na final da Copa do Rei. O clássico se encaminhava para um novo empate, depois que Di María e Bartra marcaram. No entanto, a seis minutos do fim, o galês Gareth Bale fez valer a fortuna paga pelo Real para tirá-lo do Tottenham com uma arrancada histórica. Apesar de ter sido jogado para fora do campo, ele conseguiu ultrapassar Bartra, invadir a área e tocar por baixo das pernas do goleiro Pinto, para alegria de Cristiano Ronaldo, que, lesionado, assistiu à partida da arquibancada.
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O primeiro de Neymar
Neymar teve a estreia dos sonhos no maior clássico da atualidade. Em apenas 18 minutos, ele marcou o primeiro gol da vitória por 2 a 1, em outubro do ano passado. O brasileiro recebeu de Iniesta e bateu por baixo da defesa do Real Madrid. A bola ainda desviou em um zagueiro antes de morrer no canto baixo do goleiro Diego López.
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5 a 0 no Camp Nou
Em um dos primeiros clássicos desta época dourada, o Barcelona conseguiu uma goleada impiedosa diante do Real Madrid de Mourinho e Cristiano Ronaldo no Camp Nou. Curiosamente, neste dia Messi não marcou, mas foi brilhante nas assistências. Xavi, Pedro, David Villa (duas vezes) e Jeffren marcaram os gols da vitória por 5 a 0. Ao final da partida, o zagueiro Piqué foi fotografado com a mão espalmada, em alusão aos cinco gols marcados por sua equipe. O episódio da “manita” (mãozinha, em espanhol) incendiou ainda mais a rivalidade entre catalães e madrilenhos.
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Fim do trauma
Em abril de 2012, o Real Madrid iniciou um período de bons resultados no clássico. Com gols de Khedira e Cristiano Ronaldo, o time visitante bateu o Barcelona por 2 a 1 e colocou fim a um jejum de cinco anos sem vencer no Camp Nou. Após marcar o gol que decidiu a partida, Cristiano provocou a torcida do Barça ao pedir calma. Aquela vitória foi decisiva para o título espanhol da equipe de Mourinho.
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Clássico de sete gols
No clássico do Bernabéu na temporada passada, Real e Barça fizeram um grande jogo e os visitantes levaram a melhor. Iniesta abriu o placar para o Barça, mas o time da casa virou com dois gols de Benzema. Messi empatou no fim do primeiro tempo e, em seguida, três pênaltis decidiram o jogo. Um gol de Cristiano Ronaldo e dois de Messi encerraram o jogaço, que teve uma série de decisões controversas da arbitragem.