Isaquias Queiroz vence bateria e avança diretamente à semifinal
Em busca de um inédito ouro, canoísta brasileiro dominou com sobras a disputa pela categoria C1 1000m; semifinal e final acontecem na sexta-feira
“Eu não quero sair daqui sem meu ouro”, avisou Isaquias Queiroz depois de ficar no quarto lugar da categoria C2 1000 metros ao lado Jacky Godmann, há dois dias. Nesta quinta-feira, 5, o canoísta brasileiro mostrou estar realmente determinado a subir ao topo do pódio e venceu, com sobras, a sua bateria garantindo vaga direta nas semifinais da Olímpíada de Tóquio na categoria C1 1000 metros, da qual foi medalhista de prata na Rio-2016.
O atleta baiano de 27 anos arrancou desde o início da prova no canal Sea Forest, na capital japonesa, e terminou o trajeto com o tempo de 3:59.894, se garantindo sem necessidade de participar das quartas de final junto com o segundo colocado, o chinês Hao Liu (4m06s914). Os outro cinco competidores da bateria terão de disputar uma repescagem, ainda nesta quinta. O pódio será definido na sexta-feira: as semifinais acontecem às 21h44 e 21h52 (de Brasília) e a grande final às 23h53 (de Brasília).
“Fiquei mais leve depois dessa prova, estava um pouco tenso. Estamos nos Jogos Olímpicos, né? Foram cinco anos de trabalho, treinamento. Qualquer atleta tem receio de errar. Mas eu senti que a raia está para mim, o vento está a meu favor. Depois dessa prova fiquei ainda mais confiante. Me dediquei durante os últimos anos e não quero sair daqui sem medalha. Se sair sem medalha vou ficar triste, claro. Quero deixar 100% na água para todos verem que me dediquei, me doei ao máximo para representar o Brasil. O que eu treinei não foi brincadeira”, afirmou Isaquias ao Comitê Olímpico do Brasil.
Atual campeão mundial da prova, Isaquias, confirmou o favoritismo. Seu principal concorrente deve ser o alemão Sebastian Brendel, atual campeão olímpico, e medalhista de bronze na prova de duplas. O francês Adrien Bart e os chineses Hao Liu e Pengfei Zheng também devem brigar pelo pódio.
Isaquias persegue sua quarta medalha olímpica. Na Rio-2016, ele faturou a prata nas categorias C1 1000 e C2 1000, o bronze na extinta C1 200, além de títulos em Mundiais e mais três ouros e uma prata nos Pans de Lima-2019 e Toronto-2015. Agora, sua obsessão é conquistar a medalha de ouro. Para isso, ele terá uma motivação especial: homenagear Jesus Morlán, treinador espanhol que revolucionou a canoagem e foi seu grande mentor durante cinco anos, até sua morte em 2018, vítima de um câncer cerebral, aos 52 anos.
O espanhol foi contratado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) em 2013. Antes de conquistar as três medalhas com Isaquias e Erlon na Rio-2016, Morlán havia levado o canoísta espanhol David Cal a conquistar cinco medalhas em Olimpíadas (um ouro e quatro pratas).
Ele sempre confidenciou aos atletas que seu objetivo era chegar a 10 medalhas olímpicas. Não será mais possível, mas um nono pódio seria uma justa honraria. “Senti muito a morte dele. Jesus era uma pessoa insubstituível. Sabia quando ser duro, era direto e sincero. Certa vez, ele descobriu que nossos salários estavam atrasados e se negou a dar treino enquanto não nos pagassem. Meu atual técnico, Lauro de Souza, foi seu aprendiz. Queremos o ouro por nós e por ele”, contou Isaquias a VEJA antes dos Jogos.