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Como está o Pacaembu a 10 dias da final da Copinha

Apesar de o estádio nem sequer ter seu gramado artificial instalado, FPF e concessionária Allegra Pacaembu mantém plano de receber 10.000 torcedores na decisão em 25 de janeiro

Restam dez dias para a final da Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2024 e o plano da Federação Paulista de Futebol (FPF) segue sendo, oficialmente e até esta segunda-feira, 15, o de realizar a decisão de 25 de janeiro no remodelado Pacaembu. Fontes ligadas à obra, no entanto, confirmam que o gramado sintético do estádio nem sequer foi instalado até o momento, o que gera desconfiança geral sobre a realização do evento.

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Diante do evidente atraso nas obras, reuniões entre a FPF e a concessionária Allegra Pacaembu, responsável pela privatização do estádio, foram realizadas nos últimos dias. Não houve, porém, uma decisão definitiva sobre a realização do evento que marca a reabertura parcial da tradicional casa do futebol paulista.

O fotógrafo Alexandre Battibugli, de PLACAR, registrou imagens aéreas das obras no local na primeira semana de 2024. O espaço onde o gramado artificial será instalado estava repleto de terra.

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Tendo em vista a grande restauração no Pacaembu, que teve início em junho de 2021, a final da Copinha – que historicamente é disputada no local, no aniversário da cidade – foi realizada no Allianz Parque e no Canindé nos últimos dois anos. Atrasos na reforma fizeram com que a disponibilidade do estádio para 2024 ficasse em xeque, já que a previsão inicial era de que ele ficasse pronto em outubro de 2023.

O plano da concessionária e da FPF é de que a final ocorra apenas com a arquibancada norte (a única que não foi derrubada), disponível, para cerca de 10.400 torcedores. Já a reinauguração de todo o complexo do Pacaembu deverá ficar para o segundo semestre de 2024.

Vista aérea do Pacaembu duas semanas antes da final da Copa São Paulo de 2024 - Alexandre Battibugli/PLACAR
Vista aérea do Pacaembu duas semanas antes da final da Copa São Paulo de 2024 – Alexandre Battibugli/PLACAR

O risco de a final não ser realizada no Pacaembu persiste. Em breve comunicado, a FPF admite que a a sede ainda pode ser trocada. “A decisão da Copa São Paulo está prevista para acontecer no estádio do Pacaembu. Caso exista qualquer tipo de questão que impeça esta realização, o Regulamento da Competição trata do assunto: o jogo ocorrerá na capital paulista em local a ser definido pela FPF, observando critérios técnicos e de segurança”, diz a federação em nota à PLACAR.

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A presença de obras em diversos setores no estádio causa preocupação devido a um precedente trágico. Em agosto de 1995, a final da Supercopa São Paulo de Futebol Júnior entre Palmeiras e São Paulo, terminou com selvageria entre torcedores que utilizaram paus e pedras, e resultou na morte de um são-paulino no Pacaembu.

A concessionária não revelou uma data para a reinauguração completa do complexo do Pacaembu, que deverá receber uma série de shows e eventos, além das partidas de futebol. O Santos, rebaixado à Série B do Campeonato Brasileiro pela primeira vez, cogita mandar alguns de seus jogos no Pacaembu, revelou o novo presidente Marcelo Teixeira.

Grama sintética, shows mais: como será o novo Pacaembu

O projeto do novo Pacaembu, a ser inaugurado em 2024
O projeto do novo Pacaembu, a ser inaugurado em 2024 – Allegra/Divulgação

As reformas na tradicional casa do futebol paulista são tocadas pela concessionária Allegra Pacaembu, que venceu em 2019 a licitação para gerir o complexo municipal pelos próximos 35 anos, com a promessa de modernizar o campo que, antes, caminhava a passos largos rumo ao ostracismo. Em outubro de 2022, PLACAR visitou as obras e conversou com gestores sobre o planejamento.

Foram anos de uma decadência lenta, com fatores como o baixo investimento público e o crescente interesse dos clubes em jogarem em arenas próprias, que contribuíram para que a situação do Pacaembu chegasse ao descaso dos últimos anos. Em 2018, houve apagões de luz em vários jogos; no ano seguinte, chegou até a faltar água quente nos vestiários em um treino da seleção brasileira. Com um gasto anual na casa dos 9 milhões de reais na manutenção – alto, mas longe de ser suficiente para revitalizar o estádio fundado em 1940 -, a prefeitura decidiu, na gestão do então prefeito João Doria, que ceder a administração à iniciativa privada era o melhor caminho.

Quem assumiu a tarefa foi a Allegra, consórcio formado pelas empresas Progen (Projetos Gerenciamento e Engenharia S.A.) e Savona Fundo de Investimento e Participações. Apesar de assumir um negócio que dava prejuízo e calcular um investimento de 400 milhões de reais, contando o valor já gasto para vencer o processo licitatório e o custo das reformas, a concessionária confia que pode transformar o Pacaembu em um negócio sustentável e devolver à população um complexo esportivo modernizado.

“A ideia é transformar o Pacaembu de um local de passagem para um local de permanência das pessoas”, contou Eduardo Barella, CEO da Allegra. “Se um time faz 30 jogos em casa por ano, os outros 335 dias do ano estão ociosos. Precisamos trazer vida para um lugar tão emblemático”.

Como o complexo é tombado, nenhuma estrutura dentro dele pode ser descaracterizada, e nem mesmo em caso de venda de naming rights, o nome “Estádio Paulo Machado de Carvalho – Pacaembu” pode sair da fachada em frente à Praça Charles Miller. A piscina olímpica tem que continuar sendo uma piscina, o campo deve seguir sendo um campo, e assim por diante. A única exceção é o edifício multiuso que será construído no lugar do tobogã, já que a arquibancada não fazia parte do projeto arquitetônico original e foi construída em 1970, na época de Paulo Maluf, no lugar da antiga Concha Acústica.

O projeto do novo Pacaembu, a ser inaugurado em 2024
O projeto do novo Pacaembu, a ser inaugurado em 2024

Esse prédio será a alteração mais radical na paisagem do Pacaembu. A expectativa da Allegra é que ele receba um fluxo de 7.500 pessoas por dia, ou 3 milhões de visitantes por ano. Integrado ao clube poliesportivo, abrigará atrações como uma esplanada de convenções e eventos, estacionamentos, um centro de medicina esportiva, hotel e galeria de arte. É ali que está a garantia maior do lucro da concessionária. “O aluguel desses espaços geram para a gente um colchão de receita recorrente. Você faz contratos longos, que dão uma estabilidade muito grande. E São Paulo é muito carente de espaços de eventos. Os existentes são obsoletos e localizados nas pontas da cidade”, explicou Barella.

Mas e o futebol? A concessionária promete que o esporte não vai ficar em segundo plano, apesar de admitir que deve encontrar dificuldades iniciais para atrair grandes partidas em uma realidade onde os principais times lucram milhões de reais a cada jogo em seus estádios. O gramado será artificial, seguindo exemplo dos campos de Athletico-PR, Palmeiras e Botafogo. A aposta mais realista, pelo menos em um primeiro momento, é em alternativas como o futebol feminino, as categorias de base e eventos como a Taça das Favelas. Mas o sonho é que o torcedor consiga viver no novo Pacaembu experiências que vão além de apenas ver o time do coração.

“Por que a gente acredita, por exemplo, que o Flamengo possa vir jogar aqui uma ou duas vezes por ano? Por que vai ter uma experiência diferente”, disse o CEO. “O torcedor vai se hospedar no hotel, vai andar por dentro do estádio e sair já na cadeira dele. Vai acabar o jogo, o patrocinador vai poder fazer uma ativação no centro de convenções, um ‘meet and greet’ com ex-jogadores. Você tem isso lá fora, quando vai em uma Copa do Mundo. É um pouco do que o americano faz na NBA, na NFL”.

Já precavido contra acusações de elitização – ele admite que se surpreendeu inicialmente com a intensidade das discussões que o tema Pacaembu desperta e com o espaço do assunto na imprensa -, o empresário também assegura ser possível manter boa parte do estádio com ingressos mais populares, apesar de lembrar que a precificação é feita sempre pelo time mandante, e não pela concessionária. Outra promessa é que nenhum acesso ou serviço que era gratuito antes da privatização passará a ser cobrado. “A gente podia cobrar, mas não dá. Tem que ser o que era antes, porque é a essência do lugar. Vamos encontrar outra forma de monetizar”.

O projeto do novo Pacaembu, a ser inaugurado em 2024
O projeto do novo Pacaembu, a ser inaugurado em 2024

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