Beatriz Ferreira é derrotada por irlandesa e fica com a prata no boxe
Em um duelo tenso e equilibrado, Kellie Harrington ficou com a medalha de ouro no dia do encerramento dos Jogos de Tóquio
A brasileira Beatriz Ferreira terminou com a medalha de prata na categoria peso-leve feminino (até 60 quilos) do boxe na madrugada deste domingo, 8, dia do encerramento dos Jogos de Tóquio. A pugilista baiana foi derrotada, em um duelo tenso e equilibrado, pela irlandesa Kellie Harrington, por decisão unânime da arbitragem após três rounds.
Líder do ranking e campeã mundial em 2019, Bia entrou confiante. “Vai ser difícil tirar a medalha de ouro de mim”, avisou, antes da luta. De fato, foi. A brasileira conectou bons golpes e venceu o primeiro round, por decisão dividida. Kellie Harrington reagiu e venceu o segundo. No terceiro, houve bastante equilíbrio, com ambas buscando o triunfo com coragem, mas a arbitragem definiu a vitória da europeia.
“Desculpa, Brasil”, disse Beatriz, em direção às câmeras, após a rara derrota na carreira da atleta de 28 anos, atual líder do ranking e campeã mundial. Apesar da derrota, ela garantiu a melhor campanha de uma brasileira na modalidade, superando a medalha de bronze de Adriana Araújo, de quem foi sparring no início de carreira, em Londres-2012, edição que marcou a estreia da disputa feminina no ringue.
“O atleta sempre quer ganhar. Sabia que estava sendo uma luta parelha. Ela foi superior, mas acredito que foi um belo combate, ela usou a estratégia de anular o meu jogo e não consegui mudar isso. Mas estou feliz de estar nesse pódio, ter conseguido a prata, foi muito importante já que venho participando de campeonatos e apenas um até hoje eu não consegui estar no pódio. Então estar aqui tem o mesmo peso, como se fosse ouro. É duro, mas é gratificante ver que eu trabalhei, fiz as melhores escolhas”, afirmou Beatriz Ferreira ao Comitê Olímpico do Brasil.
Ao longo da campanha, brasileira venceu, sempre com extrema superioridade, a chinesa Wu Shin-yi, uzbeque Raykhona Kodirova e finlandesa Mira Potkonen. Ela é mais uma cria da escola baiana de campeões como o campeão mundial Acelino “Popó” Freitas, Robson Conceição, ouro na Rio-2016, e Hebert Conceição, campeão em Tóquio.
Bia Ferreira traz o boxe no sangue. O pai Raimundo, conhecido como Sergipe, era pugilista e passou o dom e a paixão pelo esporte para a filha. “Foi vendo o amor dele pelo boxe que me encantei”, contou a atleta de 28 anos em entrevista a VEJA em 2019. A caminhada até a final olímpica enfrentou as dificuldades naturais de alguém que tenta a vida no esporte no Brasil, mas teve mais um problema. Chegou a ser suspensa por dois anos por praticar muay thai, o que é proibido pela Associação Internacional de Boxe Amador.
Mesmo assim, é uma sumidade quando se trata de boxe feminino. Foi a primeira brasileira a conquistar o Campeonato Mundial de Boxe, e, assim como fez em Tóquio, deve chegar aos Jogos de Paris-2024 como uma das principais candidatas ao título.