A ascensão do Padre Cícero e a queda do grande Icasa
Icasa jogou a série D em 2016 e foi eliminado na primeira fase
Futebol e religião são dois assuntos que mexem para valer com quem vive em Juazeiro do Norte, cidade cearense distante quase 500 km da capital, Fortaleza. Nos últimos meses, duas notícias causaram tremendo burburinho na cidade por motivos bem diferentes. Por um lado, celebrou-se a histórica reconciliação do Padre Cícero Romão Batista – venerado como santo na região – com a Igreja Católica. Algo marcante e muito esperado por todos. Por outro, lamentou-se a queda do Icasa, time de futebol local, para a Série B do Campeonato Cearense.
Foi mais um duro golpe na torcida icasiana, que se acostumou nos anos 2000 a ver o time figurar como terceira força do futebol do estado (atrás de Ceará e Fortaleza, à frente do outro grande, o Ferroviário), mas que ultimamente só vivenciava decepções em campo.
Depois de uma campanha épica na Série B do Brasileiro em 2013, quando o time terminou na quinta colocação, ficando a um ponto de um inédito acesso à elite nacional, o ‘Verdão do Cariri’ iniciou uma derrocada, acumulando dois anos de rebaixamentos seguidos no Campeonato Brasileiro.
Com isso, o time passou da Série B para a Série D, sua atual condição. A recente degola para a Segundona Cearense ocorreu de forma vexatória. Com um aproveitamento de 12% dos pontos disputados, apenas uma vitória em 14 jogos, a equipe amargou a pior campanha de sua história.
Segundo o repórter local Fabiano Rodrigues, a decadência do clube é fruto de planejamentos equivocados e recursos mal aplicados pelas últimas gestões, além de ações trabalhistas em série, que levaram o time a um colapso financeiro. Não foram poucas as vezes que jogadores fizeram greve e ameaçaram não entrar em campo por conta de salários atrasados. Este ano, por exemplo, o time contou com mais de 50 jogadores, entre contratados e dispensados, além de quatro técnicos em apenas três meses.
Para sair da atual situação, o Icasa precisará de um verdadeiro milagre de Padre Cícero.