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Sem saída, Armstrong usa ação beneficente como escudo

Sabendo que não tem como se defender do dossiê que comprova doping, o ex-ciclista americano tenta colocar foco em fundação de combate ao câncer

Armstrong, um dos atletas mais consagrados das últimas décadas, participou do “mais sofisticado, profissional e bem-sucedido programa de doping já visto na história do esporte”

O ex-ciclista americano Lance Armstrong se negou a comentar o dossiê que apresenta provas de que ele usou substâncias proibidas para melhorar seu desempenho. No fim da noite de quarta-feira, dia em que o documento foi revelado, ele usou o Twitter para dizer que a notícia não o afeta – e tentou mudar o foco para as comemorações de quinze anos de sua fundação Livestrong, que arrecada dinheiro para pesquisas sobre câncer e ajuda pacientes da doença. Armstrong, que teve câncer antes de vencer sete vezes o Tour de France, planeja uma semana de eventos especiais – com direito a jantares de gala com a participação de celebridades – para marcar o aniversário de sua elogiada ação beneficente.

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Armstrong, um dos atletas mais consagrados das últimas décadas, participou do “mais sofisticado, profissional e bem-sucedido programa de doping já visto na história do esporte”, segundo a Agência Antidoping Americana (USADA, na sigla em inglês). O dossiê de 1.000 páginas foi entregue na quarta-feira à entidade que comanda o ciclismo internacional e inclui, pela primeira vez, provas incontestáveis de que Armstrong, sete vezes campeão do Tour de France, usou substâncias proibidas para melhorar seu desempenho. O ciclista sempre negou qualquer envolvimento com doping. A USADA diz, porém, que seu levantamento inclui os testemunhos de 26 pessoas, incluindo uma dezena de ex-colegas de equipe do atleta.

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Os atletas integravam a equipe United States Postal Service ao lado de Armstrong. Os ciclistas ouvidos pela USADA não só admitiram o seu próprio doping como também afirmaram que Amstrong também fazia o mesmo. O envolvimento dele seria ainda maior: os ex-colegas dizem que o ídolo americano se dopava, encorajava os outros a imitá-lo e até ajudava a aplicar as substâncias proibidas nos outros ciclistas. A USADA avisa que divulgará o dossiê completo ainda nesta quarta, exibindo o mais completo relatório sobre o assunto. As acusações contra Armstrong são antigas, mas sempre foram cercadas de dúvidas – e sempre foram marcadas pela falta de provas concretas. Isso mudou na quarta, diz a agência antidoping.

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Além dos testemunhos de pessoas ligadas à equipe de Armstrong, o relatório apresenta também resultados de testes clínicos e até dados de movimentações financeiras do time. “A conspiração de doping da equipe United States Postal Service foi desenvolvida de forma profissional para doutrinar e pressionar quem fosse do time a usar drogas perigosas e fugir dos exames, a proteger seu segredo e ganhar uma vantagem competitiva injusta”, diz o comunicado da USADA. “O programa foi organizado por pessoas que achavam que estavam acima da lei e que ainda têm funções ativas e destacadas no esporte.” Através de um porta-voz, Armstrong disse que não comentaria o anúncio feito pela agência antidoping na quarta-feira.

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Entre os ex-colegas de Armstrong que confessaram o doping estão George Hincapie, Levi Leipheimer e Tyler Hamilton, alguns dos melhores atletas da modalidade nos últimos tempos. A USADA quer aproveitar a chance para quebrar o código de silêncio sobre o doping no ciclismo, a modalidade mais marcada pelo problema. Para conseguir convencer a opinião pública – afinal, Armstrong é um dos grandes heróis do esporte americano -, os técnicos da agência dizem ter reunido “provas conclusivas e inegáveis que lançam luzes, pela primeira vez, sobre essa conspiração sistêmica e altamente profissional”. “É chocante e decepcionante descobrir tudo isso, mas fizemos nosso trabalho”, disse o chefe da agência, Travis Tygart.

(Com agência Gazeta Press)

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