Blatter: ‘Brasil pode ter sido a escolha errada para a Copa’
Presidente da Fifa, preocupado com manifestações, diz que o governo brasileiro tem uma ano para se prevenir contra outros movimentos
“A Fifa não pode ser responsabilizada pelas discrepâncias sociais que existem no Brasil. Não somos nós que temos de aprender com os protestos, mas sim os políticos brasileiros.”
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, surpreendeu nesta quarta-feira ao afirmar que o Brasil pode não ter sido a melhor escolha da Fifa para sediar a Copa do Mundo do próximo ano. O dirigente questionou a disputa do Mundial, preocupado com as manifestações no mês de junho, durante a Copa das Confederações. “Se acontecer de novo, temos de nos questionar se tomamos a decisão errada ao ceder os direitos de receber a Copa”, disse Blatter, em entrevista à agência de notícias DPA, da Alemanha, durante conferência sobre esportes, mídia e economia na Áustria.
Leia também:
Com medo de vaias, Dilma não vai à final no Maracanã
Rio terá um dia de segurança ‘padrão Fifa’
Entorno do Maracanã será fechado 5 horas antes da final
No pontapé inicial no DF, torcida vaia Dilma e irrita Blatter
Blatter se referia aos protestos que levaram de milhares de pessoas a pedir melhores serviços públicos, em diversas passeatas, e criticaram governo e políticos. Houve até ataques à Fifa, em Salvador, uma das sedes da Copa das Confederações. Ônibus que serviam à entidade foram apedrejados. Também houve confrontos entre manifestantes e policiais em várias cidades.
Leia também:
‘É a voz do povo’, diz Cafu sobre vaia a Dilma na abertura
Para Blatter, o futebol teve efeito positivo em meio ao caos
Em Fortaleza, vândalos atacam antes do jogo
A preocupação de Blatter se reflete nas conversas entre a entidade e o governo. Já houve reuniões após a Copa das Confederações e deverá haver outra em setembro. “Não foram reuniões políticas, enfatizamos o tema da instabilidade.” O dirigente já avisou a presidente Dilma Roussef que não pode haver distúrbios semelhantes durante a Copa do Mundo. “A Fifa não pode ser responsabilizada pelas discrepâncias sociais que existem no Brasil. Não somos nós que temos de aprender com os protestos, mas sim os políticos brasileiros.”
Leia também:
Copa das Confederações no Brasil tem 2º maior público da história
O voluntário rebelde da Copa das Confederações
Na cerimônia de encerramento, um protesto de voluntários
Para Blatter, as manifestações devem ser tratadas como questões internas, sem interferir nas competições organizadas pela Fifa. “Creio que estes protestos soam como alarmes para o governo, para o Senado, o Congresso. Eles devem trabalhar nisso para evitar novos protestos. No entanto, se pacíficos, são parte da democracia e devem ser aceitos. Estamos certos de que o governo, e principalmente a presidente, vai encontrar as palavras e as ações para prevenir novas manifestações. Eles têm um ano para resolver isso.”
O Brasil foi escolhido para ser sede da Copa das Confederações e da Copa do Mundo em 2007, sem votação direta, já que a Colômbia, outro candidato a sede, se retirou da disputa meses antes. “O Brasil foi a melhor escolha que podíamos fazer. Era a decisão correta e nós a reafirmamos”, declarou o presidente da Fifa.
(Com Estadão Conteúdo)