Dorival (ou melhor, Júnior) brilhou como jogador nas páginas de PLACAR
Revelado pela Ferroviária de Araraquara, atual técnico do Flamengo chamava atenção pela semelhança com o tio famoso, Dudu, ídolo do Palmeiras
Dorival Júnior está em boa fase. O treinador vem conseguindo dar padrão ao Flamengo e na última quarta-feira, 14, celebrou a melhor atuação do tima na temporada, no triunfo sobre o Atlético Mineiro que valeu a classificação às quartas da Copa do Brasil. Seu nome é bem conhecido pelos leitores de PLACAR há várias décadas. Na verdade, nos tempos de volante com passagens por Ferroviária, Guarani, Palmeiras e Grêmio, Dorival era conhecido apenas como “Júnior”, ou então, “sobrinho de Dudu”, grande ídolo alviverde, o parceiro histórico de Ademir da Guia.
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O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um dos tesouros de nossos arquivos, relembra abaixo duas aparições de Júnior em nossas páginas. A primeira ocorreu na edição de abril de 1983, quando o meio-campista começava a se destacar pela Ferroviária, time de sua cidade natal, Araraquara (SP). “Junior, da dinastia Dudu”, foi a chamada escolhida pelo jornalista Armindo Berri, que destacava o talento hereditário da revelação da Ferrinha.
“A ansiedade tomava conta do menino Dorival Silvestre Júnior cada vez que a famosa Academia do Palmeiras aparecia em Araraquara para enfrentar a Ferroviária, nos Campeonatos Paulistas da década de 60. O garoto chegava bem cedo ao Estádio da Fonte Luminosa e ficava grudado no alambrado para acompanhar os jogos. Seu maior ídolo não era Ademir da Guia, com seu estilo clássico, nem Djalma Santos ou Tupãzinho. Júnior ia a campo só para ver Dudu, seu tio. Muito menos pelos laços de família, mas sobretudo pela garra e aplicação de um dos grandes volantes da história do Palmeiras, o menino Júnior ficava maravilhado – com as atuações de Dudu”, escreveu Berri há quase 40 anos.
“Nas peladas que disputava pelo time dente-de-leite — do Atlas, de Araraquara, Júnior procurava imitar o jeito do tio famoso. Num desses rachas, o Atlas foi fazer um amistoso contra a Ferroviária. Seu futebol impressionou o técnico Bazzani, que o convidou para ingressar no mesmo clube onde Dudu havia iniciado sua carreira. Estava começando a pintar um craque”, prosseguiu, sobre o volante então com 20 anos.
“Simples coincidência, Júnior é volante, como Dudu. ‘Comecei jogando de meia-esquerda’ lembra, ‘mas descobri que tinha mais características de volante e acabei atuando na posição.’ A influência do tio, porém só é absorvida nos conselhos que Júnior não deixa de acatar: ‘Ele sem pre me incentivou a jogar e a estudar, porque futebol não dura para sempre’. Terceiro-anista de Educação Física em São Carlos — para onde se desloca todas as noites, através dos 54 km que a separam de Araraquara —, Júnior chega ser comparado ao tio pelo seu treinador Sebastião Lapola: ‘Ele tem o mesmo temperamento exemplar, é tão sério como Dudu, mas possui mais habilidade'”, seguiu o texto.
A revista ouviu o próprio Dudu sobre as expectativas sobre o sobrinho. “Já Dudu evita tais paralelos 1Isso só viria a prejudicá-lo. Ele é um garoto ainda, tem muito futuro e é preciso que adquiri uma personalidade própria e forte’.”
Palmeiras, enfim
Anos depois, em 1989, Dorival cumpriu o sonho da família e chegou ao Palmeiras. Em reportagem da edição de fevereiro daquele ano, PLACAR destacou a coincidência de não apenas Júnior estar tentando repetir repetir os passos do tio famoso, mas também o novo presidente Carlos Bernardo Fachinna Nunes, sobrinho de Delphino Facchina, mandatário do clube na gloriosa década de 1960.
A chegada de Dorival foi um pedido especial feito pelo então técnico Emerson Leão. O jogador também evitou comparações com Dudu. “Será muito difícil igualá-lo. Já me darei por satisfeito se corresponder à confiança de todos”. Dorival jogou no Verdão até 1992 e não conseguiu tirar o time da longa fila, que só seria encerrada em 1993. Disputou 157 partidas e marcou quatro gols, segundo o Almanaque do Palmeiras, de Celso Unzelte e Mário Sérgio Venditti, e ainda passou por Grêmio, Juventude e Botafogo-SP antes de iniciar a nova carreira como “Dorival”, o treinador que vem dando novo fôlego ao Flamengo.