Vazam áudios de presidente do Boca pedindo ajuda à presidente da AFA e do tribunal
Conteúdo, no entanto, não tem a ver com influência de resultados
Tudo aconteceu no começo de 2015. Em 2014, Boca Juniors e
Vélez Sarsfield haviam empatado na busca por uma vaga na Copa Libertadores e
teriam que fazer um jogo desempate para definir o clube classificado para a
competição sul-americana daquele ano. O jogo aconteceria em Mar del Plata, dia
28 de janeiro. Tanto o local quanto a data são famosos por terem amistosos de
pré-temporada de clubes argentinos, mas naquele ano, valiam algo.
Até aí, tudo bem. Acontece no país vizinho e esses jogos
desempates são comuns. A partida aconteceu normalmente no dia 28 de janeiro,
com vitória do Boca por 1 x 0. Com isso, o time se classificou para a Copa
Libertadores diretamente na fase de grupos, jogando o Estudiantes para a
pré-Libertadores. Contudo, agora, mais de dois anos depois, vazaram os áudios
do então presidente do Boca, Daniel Angelici com o ex-presidente da AFA (então
no cargo), Luis Segura, e Fernando Mitjans, presidente do tribunal de
disciplina do futebol argentino.
Na conversa com Segura, Angelici pede para que o presidente
da Associação de Futebol Argentino conversasse com o árbitro Germán Delfino
para que não atrapalhasse o Boca, dizendo que o time estava jogando muito. Até
aí, tudo bem. Mas a resposta do presidente da AFA gerou polêmica: “Tenho uma
reunião com Scime (Presidente da Arbitragem na Argentina) antes do sorteio.
Fique tranquilo que falo com ele. Na partida contra o Vélez, no dia 28, sou o
torcedor número 1 do Boca”, afirmou Luis Segura.
Em outro áudio vazado, com Mitjans, o presidente pede “um
favor” ao presidente do tribunal. “Peça aos meninos do Tribunal, que julgarão as
expulsões na partida de ontem (entre Boca e Racing, pelo amistoso Torneio de
Verão), que…”. Na sequência, Mitjans completa “que cumpram punição em amistosos?
”, perguntou. Ao que completou o presidente do Boca: “Preciso que eles joguem
contra o Vélez”, afirmou falando da partida que valia vaga na Libertadores.
Fernando Mitjans ainda falou que o Tribunal estava em
recesso, ao que o presidente do Boca perguntou se deveria falar com outras
pessoas para fazer o pedido. Ao que o presidente do Tribunal afirma que, para
ele, os jogadores pegariam suspensão apenas em partidas amistosas, estando
liberados para os jogos contra o Vélez. Mitjans ainda afirma que seria
impossível não os suspender, e que pensava em dar três jogos para um e dois
para o outro, mas que o mínimo para o caso de um deles, pela entrada violenta,
eram cinco jogos. Angelici reclama que não tem laterais nem zagueiros centrais,
e que já não os teria no clássico contra o River.
Além disso, o presidente do Tribunal afirmou que para
liberar o jogador do mínimo de cinco partidas, precisava de um atestado médico
do jogador, que deixou o campo lesionado, afirmando que sua condição não era de
lesão.
Após os áudios vazados, Angelici se defendeu dizendo que
sempre está ao lado do clube, em sua defesa. “Estou aqui para defender os
interesses do clube. As escutas têm mais do que dois anos e não é uma
casualidade que apareçam agora (momento de crise no clube). Não é casual que os
áudios foram colocados quando havia uma importante reunião na AFA”, afirmou o
presidente, se sentindo perseguido.
Apesar de não conter nada tão grave, como uma facilitação de
resultado ou coisas do tipo, esse tipo de acesso do presidente de um dos
maiores clubes do país com pessoas importantes da Federação, além das
declarações do ex-presidente da AFA, por estar torcendo por uma das equipes, é
algo perigoso e que não deverá passar impune na Argentina.
Ouça aos áudios