Tite quer seleção brasileira pressionada: ‘A Copa já começou’
Mesmo com a equipe já classificada para o Mundial, treinador espera concentração total e bom desempenho diante do Equador, na Arena do Grêmio
O técnico Tite e o lateral Marcelo, que será o capitão da seleção brasileira na partida diante do Equador, concederam entrevista após o treino desta quarta-feira, na Arena do Grêmio, em Porto Alegre. A equipe já está classificada para a Copa do Mundo de 2018, mas o recado do treinador foi claro: a entrega tem de seguir a mesma.
“A Copa já começou. A seleção tem de ter pressão. Eu quero ver meus atletas pressionados, quero o time jogando bem, mostrando desempenho”, afirmou o treinador gaúcho, que quer “buscar o equilíbrio entre alegria e a responsabilidade”.
O técnico comentou sobre a situação de Philippe Coutinho, que está negociando sua saída do Liverpool para o Barcelona, e perdeu a posição de titular para Willian. O treinador driblou as questões sobre a lesão alegada pelo atleta para não atuar pelo clube inglês nos últimos jogos, mas garantiu que a presença de Willian se deu por méritos.
“Nós convocamos com 15 dias de antecedência. Tenho a dimensão de que há uma janela, que essas negociações podem acontecer e isso mexe com o psicológico dos atletas. O Coutinho teve um problema físico e a dimensão disso a gente pode responder depois que ele se apresenta. Eu não falei com o Klopp (técnico do Liverpool) porque eu não sei falar inglês. Mas eu não abriria mão de um atleta do nível do Coutinho. O Willian está bem e por uma questão de justiça vai iniciar o jogo.”
Bem menos falante que o treinador, o lateral Marcelo comentou sobre a emoção de usar a braçadeira. “Para mim é um orgulho imenso só de poder representar a seleção e poder ser capitão pela primeira vez não tem preço. Trabalhei e trabalho a vida toda para poder desfrutar destes momentos com a seleção. “
Questionado sobre o segredo do sucesso da seleção, que era a sexta colocada das Eliminatórias quando Tite assumiu o cargo, Marcelo rasgou elogios ao treinador e manteve o discurso de cautela. “A chave de tudo está sentada aqui do meu lado. O professor Tite foi muito claro, passou para a gente o que ele queria. Estamos fazendo um bom trabalho, mas a gente sabe que não tem nada ganho.”
O jogo válido pela 15ª Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018 começa às 21h45 (de Brasília) desta quinta-feira. Na próxima terça-feira, dia 5 de setembro, a equipe ainda enfrentará a Colômbia, em Barranquilla.
Confira, abaixo, os principais trechos da entrevista:
Marcelo
Boa fase – “Acho que estou muito mais maduro do que no ano passado e espero seguir assim. Mas é porque tenho tranquilidade para fazer o meu trabalho. Fico muito feliz por ter ganhado a Liga dos Campeões, mas fico mais ainda de saber que vou servir a seleção, ver que a torcida está sorrindo, minha família está feliz de ver a seleção, isso é o mais importante.”
Semelhanças com Real Madrid – “Não tem como comparar um clube como uma seleção. Mas estando na seleção, a vontade de todos é vencer, e saber o que essa camisa representa é o que nos motiva.”
Pressão – Não tem tranquilidade porque estamos classificados. Temos sempre de melhorar, nunca está bom. Sempre temos de melhorar alguma coisa. O caminho é largo e duro e queremos botar a seleção onde ela tem de estar. Teremos de sofrer para ganhar os jogos. Estamos classificados, mas nossa mentalidade não muda.
Capitão – Aqui na seleção, eu sou o décimo que usará a faixa de capitão. Creio que tenho uma liderança no grupo, vou tentar ajudar, mas acho que não muda muita coisa, cada um tem a sua parcela de liderança.
Tite
Base formada – Procuro é ter critérios, ver o desempenho do atleta, ser coerente, estar aberto a novos talentos que surjam. Estamos numa nova etapa: a Copa do Mundo já iniciou. Vamos aproveitar esse tempo que ganhamos e botamos pressão nos atletas, agora temos de jogar bem.
Coutinho vale R$ 600 milhões? – “Não tenho condições de avaliar financeiramente, não sou manager. Meu negócio é o campo, essa é minha preocupação. Conversei com o Coutinho, disse que eu gostaria que ele fosse para onde ele ficasse mais contente. Mas eu não preciso ter opinião para tudo, eu sou mais discreto nesse aspecto. Eu quero que ele seja feliz. A negociação afetou, afeta, vai continuar afetando, até ter o processo final. É humano. Não sei se vai afetar negativamente ou não, depende de cada atleta.”
Tempo curto – Eu fico inquieto e incomodado com esse pouco tempo de trabalho que eu tenho para dar as orientações. O Marcelo, por exemplo, joga de uma forma diferente no Real Madrid. O limite de você querer fazer o novo, mas não ter tempo para isso, é desafiador. Falei sobre a possibilidade do Coutinho agudo, uma possibilidade de 4-2-3-1. Mas sem fazer loucura, não pode perder a organização.
Contestações – Sobre as críticas de não ter convocado Vanderlei, Diego Alves… eu não posso falar nada, porque elas são justas. Mas eu não posso trazer sete goleiros, eu preciso escolher três.
Volta ao RS – Eu não consigo desfrutar, é tanta responsabilidade, saber de quantas pessoas ficam felizes com a seleção. Mas gosto muito daquilo que faço, e me sinto ainda mais pressionado estando na minha terra, quero fazer direito. Mas estou em paz, sou muito grato a Garibaldi e a Veranópolis, onde iniciei minha carreira.(…) Claro que traz uma emoção diferente estar em casa.
Luan e gremistas – Se eu quiser agradar todo mundo, eu estaria desagradando as minhas convicções, seria falso. Temos de sentir o futebol. Se eu colocar o Luan, que treinou em diversas posições, vai ser por necessidade e não brincando de faz de conta.