Elton Grais, de 28 anos, confessou ter tocado fogo na residência de Patrícia Moreira da Silva
Depois de ter sido reconhecido por uma testemunha como o autor do incêndio na casa da gremista Patrícia Moreira da Silva, o suspeito Elton Grais, de 28 anos, confessou o crime. A jovem foi flagrada por câmeras de TV chamando o goleiro Aranha, do Santos, de “macaco” durante partida da Copa do Brasil no dia 28 de agosto, em Porto Alegre.
A Justiça aceitou o pedido de prisão preventiva e Grais já foi transferido para o Presídio Central de Porto Alegre. O suspeito, que já tinha passagem pela polícia por tráfico de drogas, roubo, furto qualificado e porte ilegal de arma de fogo, estava em prisão domiciliar desde maio deste ano e havia recebido liberdade condicional às 21h30 de quinta-feira passada.
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“Ele contou que tinha ingerido bebida alcoólica e, ao voltar para casa, por volta das 4h de sexta-feira, passou pela residência de Patrícia. Alegando estar com nojo e ofendido com a postura racista da jovem, visualizou alguns materiais e, com um isqueiro, tocou fogo. Depois, incendiou um guarda-chuva e colocou dentro da caixa de energia elétrica”, relatou o delegado Tiago Baldin, que conduz as investigações.
A casa, localizada no bairro Passo das Pedras, na zona norte de Porto Alegre, está desocupada desde o episódio do jogo. Segundo o advogado de Patrícia, Alexandre Rossato, as chamas atingiram um porão e queimaram parte do assoalho. Ela está na casa de parentes, fora da capital gaúcha. “Lamentável. Isso sim é avaliado como crime. Esperamos que seja dada a mesma importância”, declarou o advogado.
Apesar de o incêndio ter ocorrido na madrugada, a Polícia Civil só foi informada do caso no começo da tarde desta sexta-feira. O local foi periciado durante a tarde pelo Departamento de Criminalística. O laudo dos peritos indicará as causas do incêndio. A reportagem tentou ouvir o advogado de Grais, mas ele solicitou ao delegado que sua identidade não fosse informada.
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Após ter sido flagrada pelas câmeras de TV ofendendo Aranha, Patrícia sofreu ameaças por meio de rede sociais e também teve a sua residência apedrejada. Diante da repercussão do caso, ela deixou de frequentar a casa onde morava. Além disso, prestou depoimento à polícia e deu entrevistas afirmando estar arrependida do seu ato, negando ser racista e também pedindo desculpas ao goleiro.
Aranha aceitou o pedido de desculpas, mas recusou um encontro com Patrícia, como ela chegou a sugerir, e disse ainda esperar por uma punição. Além dela, outros torcedores gremistas teriam feito sons imitando macacos para ofender o goleiro santista durante aquela partida. Eles estão sendo investigados pela Polícia Civil e podem ser indiciados por injúria racial, com pena que pode chegar a três anos de prisão.
O ato racista de parte da torcida gremista fez com que o clube gaúcho fosse punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) – o Grêmio acabou sendo excluído da Copa do Brasil, o que provocou a classificação automática do Santos para as quartas de final. No entanto, o clube entrou com recurso e espera reverter a pena no julgamento em segunda instância, que deve acontecer até o final deste mês.
(Com Estadão Conteúdo)