STJD multa Grêmio por insulto racista contra atleta do Inter
Um torcedor gremista xingou Paulão num Gre-Nal. Clube vai pagar 30.000 reais
“O Grêmio não pode jamais ser tachado de clube racista. A instituição Grêmio não está sendo julgada, porque não é um clube racista”, disse Flávio Zveiter
O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) condenou nesta quinta-feira o Grêmio ao pagamento de uma multa de 30.000 por injúria racial de um de seus torcedores em um Gre-Nal realizado em março, pelo Campeonato Gaúcho. Por sugestão do relator do processo, Flávio Zveiter, o valor da multa será pago a uma entidade que trabalhe contra a discriminação racial. A punição recebeu unanimidade de votos – mas dois dos sete auditores votaram pela aplicação de uma multa menor, de 10.000 reais. A punição contrasta com a pena rigorosa aplicada contra o clube no caso dos xingamentos contra o goleiro Aranha, pela Copa do Brasil – a equipe foi eliminada do torneio. Na sessão desta quinta, todos os auditores evitaram associar o Grêmio a um comportamento racista, mas disseram que a punição era inevitável, pois está prevista no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).
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Flávio Zveiter começou seu voto fazendo uma ressalva e isentando o clube. “O Grêmio não pode jamais ser tachado de clube racista. A instituição Grêmio não está sendo julgada, porque não é um clube racista”, afirmou. Zveiter lembrou, porém, que os torcedores que estavam ao redor do autor das ofensas não tomaram nenhuma atitude e, em função disso, votou pelo aumento da multa para 30.000 reais. O caso aconteceu em 30 de março. Ao final da primeira partida da decisão do Campeonato Gaúcho, o zagueiro Paulão, do Internacional, sofreu insultos de um torcedor na saída de campo na Arena do Grêmio. O autor das injúrias não foi identificado, e o Grêmio foi punido em 80.000 reais pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Rio Grande do Sul. O clube não nega o fato, mas recorreu e a multa acabou reduzida a 10.000. A procuradoria do tribunal, então, levou o caso ao Pleno do STJD, pedindo a manutenção da punição inicial.
Nesta quinta, o subprocurador-geral William Figueiredo representou a acusação e foi incisivo. “O comportamento da torcida é repugnante e a sociedade não pode admitir. É missão deste tribunal extirpar isso do futebol”. A defesa do Grêmio foi dividida por dois advogados. Gabriel Vieira, que normalmente defende o clube, e Thiago Brunetto, diretor jurídico da agremiação. Em sua explanação, Brunetto disse que fez questão de estar presente como uma demonstração “institucional” de que o clube gaúcho não compactua com atos de injúria racial. “É um tema que também conta com a repugnância absoluta do Grêmio”, afirmou. Na próxima semana, o Pleno do STJD vai julgar o recurso do Grêmio relativo à exclusão da Copa do Brasil em virtude dos insultos racistas proferidos contra o goleiro Aranha. Nos dois julgamentos, o clube gaúcho foi citado no mesmo artigo do CBJD.
(Com Estadão Conteúdo)