Conselho Deliberativo do clube aprovou dois processos de impeachment contra José Carlos Peres
O Santos aprovou na noite desta segunda-feira o prosseguimento de dois processos de impeachment contra o presidente José Carlos Peres. Ambos tiveram o apoio de mais de dois terços dos votos de membros no Conselho Deliberativo. O futuro de Peres agora será decidido nas urnas, com votação dos sócios santistas.
O primeiro processo terminou com 165 votos a favor do prosseguimento do caso, 74 contra, dois nulos e um branco. No segundo, foram 239 votos, com 164 favoráveis, 72 contra, dois nulos e um branco. Uma assembleia de sócios, cuja data ainda não foi definida, será convocada para definir o futuro de Peres.
Dois argumentos principais baseiam os pedidos de impedimento. O primeiro é a participação de Peres na empresa Saga Talent Sports & Marketing – que tem entre suas atividades a “administração e o gerenciamento de carreiras de atletas profissionais e amadores”, e “intermediação na negociação de direitos federativos de atletas, tanto no país quanto no exterior” – da qual se manteve sócio quando passou a ocupar a presidência do Santos. Os defensores da saída do dirigente alegam conflito de interesses. Peres rebate a acusação e diz que a empresa só existe no papel e, há anos, não faz negócios.
O outro motivo é uma portaria, editada por Peres, que define que todas as contratações realizadas pelo Santos devem ser determinadas pelo presidente, o que contrapõe o Comitê de Gestão do Santos, principal órgão administrativo do clube.
A data da assembleia ainda não foi anunciada por Marcelo Teixeira, presidente do Conselho Deliberativo do Santos e responsável pela convocação da votação do impeachment. O estatuto do clube afirma que o pleito não poderá ocorrer antes de quinze dias após o encontro do conselho. Com isso, deve ser realizada no fim de setembro.
Aos menos 50% dos participantes precisam votar para que o dirigente deixe o comando do Santos, cargo para o qual foi eleito em dezembro, para um mandato de três anos, com previsão de encerramento no fim de 2020. Caso os sócios aprovem a sua destituição, ele será sucedido por Orlando Rollo, seu vice-presidente.
Defesa – O presidente santista divulgou nesta terça-feira um comunicado oficial, no qual denunciou “acordos, conchavos e golpismo”. “Lutarei até o final, não por vaidade ou apego ao poder, mas por senso de justiça e pensando sempre num Santos grande, nacional, mundial e não amarrado a interesses provincianos e espúrios”, afirma Peres.
Abaixo, o comunicado de José Carlos Peres na íntegra:
Caros associados,
O Santos viveu ontem um capítulo triste de sua história. Capítulo triste, mas revelador.
Revelador porque mesmo com todos os acordos, conchavos, golpismo e grande investimento em panfletos, faixas e bottoms, a votação foi conclusiva apenas por manobra estatutária.
Revelador porque, apesar de o Business Center em São Paulo ser uma sub-sede oficial do clube, manobrarão para dificultar que o enorme contingente de sócios de São Paulo e outras cidades possam votar. São as famosas forças retrógradas que seguram o crescimento do Santos.
Revelador porque funcionários da atual gestão, com claros e conhecidos laços políticos, organizaram e instruíram a colação das faixas pró-impeachment demonstrando às claras o golpismo e traições internas neste processo.
Revelador porque a boca de urna na frente da Vila Belmiro foi comandada por ex-funcionários e até mesmo funcionários atuais, que lutam ainda para viverem do Santos na base de nepotismo e favorecimento.
Revelador quando um funcionário demitido, auto-declarado ex-bandido, se joga sobre o automóvel que eu estava e depois faz declarações mentirosas à imprensa. Um retrato perfeito do tipo de gente que lutamos contra: pessoas perigosas, covardes, desesperadas porque perderam suas boquinhas no clube.
Revelador porque me dá mais forças e esperança de contar com o apoio dos sócios. O verdadeiro torcedor santista pode sim ter críticas a mim, apontar falhas nestes 8 meses iniciais, mas reconhece também inegáveis avanços e com certeza saberá em sua maioria escolher o lado em prol do clube.
Lutarei até o final, não por vaidade ou apego ao poder, mas por senso de justiça e pensando sempre num Santos grande, nacional, mundial e não amarrado a interesses provincianos e espúrios.
J.C. Peres