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SAF, arena, sócios: a reestruturação do Sport em meio a dívida milionária

Presidente Yuri Romão, à frente do clube desde outubro de 2021, detalha os planos do Leão da Ilha para equilibrar as contas

RECIFE – Quando olhou para as contas do Sport ao assumir o comando do clube, há dois anos, Yuri Romão diz que tomou um susto. Eram cinco folhas de pagamento atrasadas do administrativo, e quase três meses de atraso no futebol. A dívida, segundo ele, ultrapassava os 300 milhões de reais, e não havia dinheiro em caixa. “Não sei se o clube aguentava mais um mês naquela situação. Era claro que precisávamos arrumar a casa, antes até de pensar na parte esportiva”, diz o hoje presidente rubro-negro, recentemente eleito para seu primeiro mandato completo no biênio 2023/24.

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Não que o time esteja deixando a desejar recentemente. Até aqui, cumpriu as metas estabelecidas para 2023 de ser campeão pernambucano e finalista da Copa do Nordeste – a decisão acontece a partir das 21h (de Brasília) desta quarta-feira, 3, contra o Ceará, na Ilha do Retiro. Além disso, almeja chegar no mínimo às quartas de final da Copa do Brasil (vai pegar o São Paulo nas oitavas) e, claro, o maior dos objetivos é subir de volta para a Série A do Brasileiro após bater na trave no ano passado. Mas o que Romão vê como seu maior feito é mesmo a busca pelo reequilíbrio financeiro do clube.

Eleito inicialmente como vice, o dirigente assumiu a presidência em outubro de 2021, após o pedido de licença do então mandatário, Leonardo Lopes, apenas dois meses depois de ganhar a eleição. O ano acabou com o rebaixamento para a Série B – a “crônica de uma morte anunciada”, nas palavras dele. Com a queda, o baque também foi financeiro: a receita de 50 milhões de reais por jogar a primeira divisão despencou para apenas 8 milhões na segunda.

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Em um primeiro momento, Romão se concentrou em renegociar contratos de patrocínio, prestadoras de serviço e dívidas de impostos. Pediu até para a Globo colocar mais jogos do Sport no pay-per-view às segundas-feiras – dias em que o clube recebe mais pelos direitos de transmissão. Os salários também foram sendo colocados em dia, construindo uma relação de credibilidade com os líderes do elenco. Mesmo assim, foi preciso negociar jogadores importantes como o meia Gustavo e o centroavante Mikael no início do ano passado. “Vendi e sentei em cima do dinheiro”, conta.

Romão reconhece que ainda há muito a ser feito. No último balanço, divulgado no fim de abril, a dívida rubro-negra era de 271 milhões de reais. Em março, o clube teve aceito o pedido de recuperação judicial, o que congelou as dívidas e penhoras por 180 dias. Mas não faltam planos para fazer do Sport um negócio sustentável a médio prazo. A previsão de faturamento para 2023 é de 84 milhões, cerca de 7 milhões a mais do que no ano passado. A transformação em clube-empresa, uma modernização da Ilha do Retiro e outras fontes de aumento de receita também entram na conta.

Vagner Love
Vagner Love comemora gol do Sport em 2023: clube tem a meta de voltar à Série A no ano que vem

SAF e a nova Ilha do Retiro

Uma das prioridades da gestão de Romão é a transformação do Sport em SAF (Sociedade Anônima do Futebol). A proposta deve passar em junho pelo Conselho Deliberativo, no qual o presidente tem ampla maioria. Depois disso, serão discutidos os melhores modelos e começarão de fato as buscas por parceiros. “Não tem como um clube do Nordeste competir com um Flamengo, com um Palmeiras, sem um investidor do lado”, diz o presidente, que acredita que o processo deve ser concluído até o fim do ano.

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Uma reforma na Ilha do Retiro também é vista como crucial para que o estádio gere ao clube outras formas de receita, como uma arena multiuso. O Sport tem negociado com a construtora WTorre para fechar o projeto e também projeta um desfecho positivo para o segundo semestre. A ideia é fechar totalmente o anel superior da Ilha, cobrindo parte das arquibancadas, no modelo das arenas mais modernas do futebol brasileiro. A obra levaria cerca de dois anos, e o clube jogaria durante esse período na Arena Pernambuco, em São Lourenço da Mata, a 20 km do centro de Recife.

O crescimento expressivo no número de sócios-torcedores é outra fonte de renda explorada pela gestão. Com menos de 3.500 sócios em dia há dois anos, hoje o clube já bateu a marca de 25.000. A meta é ultrapassar os 30.000 ainda neste ano. “Reformulamos o plano de sócios, mas o desempenho esportivo ajuda bastante nesse caso também”, diz o presidente. Não apenas por isso, o título da Copa do Nordeste nesta quarta-feira seria tão importante. Para levantar a taça, porém, o Sport precisa reverter a derrota por 2 a 1 que sofreu para o Ceará no jogo de ida, no Castelão.

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