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Pelé minimiza gravidade dos insultos racistas nos estádios

Ex-craque diz que ofensas a atletas negros são ‘explosões naturais’ de torcedor

“Se eu fosse parar o jogo cada vez que me chamassem de macaco ou crioulo, teria que parar todos os jogos”

Pelé é uma das principais personalidades negras da história – mas que não se espere dele qualquer atitude contra os insultos racistas nos estádios. Na avaliação do ex-craque, os xingamentos contra atletas negros como ele são coisas naturais do futebol e dificilmente vão desaparecer. Depois de participar de um evento promocional nesta quarta-feira, no Rio de Janeiro, ele minimizou a gravidade do assunto ao ser questionado sobre o episódio envolvendo o goleiro Aranha, do Santos. Mesmo tratando-se de um atleta de seu ex-clube, Pelé disse que Aranha errou ao reagir aos xingamentos – para ele, a atitude só atraiu ainda mais atenção para o assunto. O ex-craque também afirmou que perdeu a conta das vezes em que foi alvo de ofensas racistas, mas ressaltou que jamais pensou em reagir contra elas. “São explosões naturais, que nós não vamos mudar.”

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Para Pelé, a reação de Aranha aos xingamentos foi equivocada porque, segundo ele, não é possível parar um jogo cada vez que um torcedor faz uma ofensa racista. “Se fosse assim, os times brasileiros não poderiam jogar na América Latina nunca, porque a gente teria de parar todos os jogos. Se uma pessoa chamar alguém de japonês, ou de alemão, é a mesma coisa”, afirmou. O episódio envolvendo Aranha provocou a eliminação do Grêmio da Copa do Brasil. “Eu não quero criticar o Aranha, porque ele é uma excelente pessoa, um amigão meu. É calmo, é puro, mas foi pego de surpresa. Ele se precipitou um pouco em querer brigar com a torcida. Se eu fosse parar o jogo cada vez que me chamassem de macaco ou crioulo, teria que parar todos os jogos. Se ele tivesse feito a mesma coisa que o Daniel Alves fez, teria sido melhor. Ninguém falou mais nada”, disse, relembrando o episódio em que o lateral do Barcelona comeu uma banana arremessada em sua direção.

Em maio, quando ocorreu a provocação a Daniel Alves, Pelé já havia falado sobre o tema, dizendo não acreditar na existência de uma onda de atos racistas no esporte. Na ocasião, ele disse que aquele tinha sido um caso isolado – mesmo após ser lembrado do ocorrido com Roberto Carlos, na Rússia, Tinga, no Peru, e Mario Balotelli, na Itália. “Na minha época, em todo lugar que a gente jogava na América Latina, me chamavam de negro, de macaco, de tudo. Essa é a explosão do torcedor. Era assim até aqui no Brasil mesmo, quando a gente ia jogar no interior. Eles xingavam todo mundo, não era só eu. O torcedor grita dentro de sua animosidade”, afirmou Pelé – que, apesar das opiniões controversas sobre o tema, disse que é favorávei às punições contra quem é flagrado fazendo xingamentos racistas no futebol. “Tem que coibir, mas eu acho que as coisas devem ser levadas de forma diferente. Quanto mais atenção se der para isso, mais vai aguçar.”

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(Com agência Gazeta Press)

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