Para comitiva brasileira em Toronto, preparação da Rio 2016 vai de vento em popa
Representantes das instâncias municipal, estadual e federal fizeram apresentação neste sábado sobre o andamento das obras para os Jogos do Rio. Para eles, nada é problema (pelo menos no discurso)

No primeiro dia de competições dos Jogos Pan-Americanos em Toronto, houve espaço para a cartolagem. Em uma apresentação realizada no centro de imprensa principal do Pan, uma comitiva de dirigentes brasileiros mostrou o progresso das obras e preparativos para a Olimpíada do Rio, a ser realizada a daqui pouco mais de um ano. Estiveram presentes o Ministro do Esporte, George Hilton, o presidente do COB e do comitê organizador da Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, o Secretário de Esportes do Estado do Rio, Marco Antônio Cabral, e os presidentes da Autoridade Pública Olímpica, Marcelo Pedroso, e Empresa Olímpica Municipal, Joaquim Monteiro de Carvalho. No slides e na retórica, tudo vai bem, obrigado. Mas o cenário pintado pelos políticos é um pouco diferente da realidade.
Uma reportagem na edição de VEJA deste fim de semana mostrou que o comitê organizador dos Jogos Olímpicos do Rio teve que realizar cortes em várias áreas da realização do evento e, que se somados, representariam um acréscimo de quase 1 bilhão de reais no orçamento original de 7,4 bilhões. O facão se deve à falta de receita com patrocinadores, um déficit de 400 milhões de reais em relação ao que foi projetado na candidatura do Rio. Perguntado se a redução de gastos influenciariam negativamente na preparação, Nuzman não poderia ser mais evasivo. “É uma dinâmica que o comitê organizador tem para equilibrar suas finanças. É algo perfeitamente normal, feito por todos os comitês do mundo”, disse o dirigente, visivelmente irritado.
Outro representante que teve tempo difícil neste sábado foi o filho do ex-governador do Rio de Janeiro, Marco Antônio Cabral. Em duas oportunidades, os membros da imprensa internacional fizeram questionamentos sobre as condições ambientais da Baía de Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas. Em sua resposta, o secretário estadual afirmou que a poluição não preocupa, pelo menos nas áreas de competição. “O governo está fazendo todo o esforço para chegar aos 80% de despoluição. No local das provas, estamos fazendo um esforço grande com ecobarcos e ecobarreiras. Não teremos nenhum problema com lixo flutuante”, disse Marco Antônio. É um cenário fantasioso, pois o próprio secretário do meio-ambiente do Estado do Rio, André Corrêa, afirmou em janeiro que atingir a meta era algo que “não iria acontecer”.