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OPINIÃO: O melhor Neymar foi o do Santos

Com os milhões da Europa, atacante brasileiro driblou na contramão: quis ser um popstar antes de se tornar um ídolo vencedor e respeitado

O mais talentoso craque brasileiro de sua geração completa nesta quinta-feira, 7, dez anos de uma carreira que, claramente, prometia mais. Apesar de ter faturado milhões e milhões de reais e euros, Neymar jamais alcançou, dentro de campo, as performances que o garoto magrelo e abusado da Vila Belmiro parecia ser capaz. Arrisco: o melhor Neymar que vimos foi o do Santos. Talvez não apenas como atleta, mas como ídolo. Campeão da Libertadores driblando meio mundo, alegre e com os parças em lanchonetes da cidade. Mais autêntico, até nos deslizes. O de hoje, sofrendo no frio da França, precisa urgentemente se reinventar.

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Aos 27 anos, já foi artilheiro e campeão da Champions League, medalha de ouro em Olimpíada, é o jogador mais caro de todos os tempos, marcou quase 400 gols e caminha para ser o artilheiro histórico da seleção brasileira. Qualidade não é dúvida. Mas não chegou nem perto do troféu da Copa do Mundo (deu azar com lesões), nem da Bola de Ouro tão sonhada por seu staff – sequer ficou em segundo, e nem pode reclamar, pois, de fato, esteve mais perto do nível de craques como Griezmann, Ribery, Xavi, Salah, Modric e Bale do que dos gênios Cristiano Ronaldo e Lionel Messi.

Em entrevista recente à Globo, Neymar se emocionou ao lembrar que Messi lhe estendeu a mão em um momento de dificuldade no Barcelona. “Seja você mesmo, jogue como fazia no Santos”, disse o argentino. E o brasileiro o fez, recuperou a alegria de jogar. Messi, Suarez e Neymar se completavam e o mundo inteiro adorava ver o trio MSN em ação. Como os brasileiros, não importa para quem torcessem, apreciavam ver Neymar, Ganso e cia. No Santos, não havia como ficar mais tempo (talvez tenha ficado até demais). Mas do Barcelona de Messi ele, definitivamente, não precisava ter saído.

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Trocar um clube gigante por um novo rico sem carisma em uma liga fraca e sem glamour, por antes inimagináveis 222 milhões de euros, parecia uma boa aposta, ainda que extremamente arriscada. Hoje, a discussão tem peso: foi um tremendo equívoco. Neymar dificilmente permanecerá no PSG depois de duas eliminações nas oitavas de final da Champions, das quais ficou de fora por lesão. Pode sair queimado da França, como ocorreu na Catalunha e até no Santos. Sem falar da Copa do Mundo da Rússia, onde virou piada – exagerada – por seus cortes de cabelo e rolamentos em campo.

Neymar fez escolhas por vias tortuosas. Na contramão, quis ser um popstar antes de se tornar um craque indiscutível, um ídolo vencedor e respeitado – hoje parece mais preocupado em mostrar que é amigo de estrelas de todos os matizes. Sua vida fora de campo em princípio nada tem a ver com o que faz nas partidas, mas tudo parece estranho quando é mais destaque em festas, baladas, com amigos e namoradas, em vez de ser idolatrado em campo. Ele não é mais menino, é adulto, é pai. E ainda tem ao menos cinco de carreira em alto nível, tempo de sobra para definitivamente amadurecer. Pois, por mais resistente que seja a bolha onde vive, ainda não cumpriu boa parte dos objetivos que o moleque da Vila sonhou, uma década atrás.

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