‘Renegado’ no São Paulo, Casemiro pode jogar final da Liga dos Campeões. Ele se junta a Taddei, Bordon, Simplício e outros que só foram reconhecidos lá fora
Eles deixaram o país sob muita desconfiança – e, em alguns casos, até como alvo de piadas dos torcedores dos próprios times que defenderam. No futebol europeu, entretanto, eles cavaram seu espaço
Há um ano e meio, o volante Casemiro deixou o São Paulo pela porta dos fundos. Praticamente encostado no elenco, ele conviveu constantemente com a fama de preguiçoso e indisciplinado, um atleta que tinha muito potencial mas não conseguia explorá-lo. Hoje, porém, ele não apenas integra o estelar elenco do Real Madrid como pode até ser titular da tradicionalíssima equipe espanhola na decisão da Liga dos Campeões, no dia 24, contra o Atlético de Madri, em Lisboa. Em enquete promovida pelo jornal espanhol As, Casemiro ganhou – com folga, diga-se – a eleição entre os torcedores que opinaram sobre quem deveria ser o substituto de Xabi Alonso, que é titular de sua seleção e está suspenso. O ex-jogador do São Paulo recebeu 53% dos votos, contra 32% de Khedira (integrante da seleção alemã) e 13% de Illaramendi (contratado por 32 milhões de euros). O técnico Carlo Ancelotti deu sinais de que Illara será o titular, mas só o fato de Casemiro estar na briga pela posição já impressiona.
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Aos 22 anos, o volante nascido em São José dos Campos vive o melhor momento de sua carreira. Chamado desde muito jovem às seleções de base do Brasil, ele surgiu como uma das grandes promessas do futebol brasileiro no início da década. Volante de bom passe e visão de jogo, rapidamente virou titular do São Paulo, mas sua personalidade algo complicada e certa dose de deslumbramento o atrapalharam. Em janeiro de 2013, ele foi emprestado ao Real Madrid Castilla, o time B do gigante espanhol. A transferência parecia ser um passo atrás na carreira, mas Casemiro conseguiu se reerguer. Seu caso serviu de exemplo para outro jogador contestado no Morumbi: Willian José, que estreou na equipe de cima do Real no último fim de semana. Os dois ex-são-paulinos fazem parte de um time de brasileiros que trilhou um caminho incomum. Eles deixaram o país sob muita desconfiança – e, em alguns casos, até como alvo de piadas dos torcedores dos próprios times que defenderam. No futebol europeu, entretanto, eles cavaram seu espaço, ganharam respeito e, pasme, transformaram-se em ídolos das torcidas de alguns dos maiores clubes do continente.