Na série D, o Galo acriano quase beliscou o acesso
Um estudante de futebol virou treinador do clube, levando-o ao sucesso
Com um time caseiro, com média de idade de 23 anos, e uma folha salarial de pouco mais de R$ 40 mil, o Atlético Acriano quase garantiu o acesso à disputa da Série C de 2017. A tão cobiçada vaga celeste escapou diante de sua torcida, precisamente no dia 4 de setembro, no estádio Florestão.
Empurrado por mais de 7 mil vozes, o então invicto e sensação da competição, Galo Carijó, que havia empatado o primeiro jogo das quartas de final contra o Moto Club-MA por 2 a 2, em São Luís-MA, caiu do poleiro ao ser superado por 2 a 1.
Na disputa do nacional, o time celeste jogou 12 partidas, vencendo sete jogos, empatando quatro e perdendo apenas um confronto. Com 35 gols marcados e 14 sofridos, o time atleticano chegou à disputa das quartas de nal com a melhor campanha do torneio.
O bom retrospecto do Galo Carijó na disputa da Série D chamou a atenção da imprensa nacional. Cronistas esportivos de várias partes do país queriam saber a receita adotada pelo clube para a expressiva campanha dentro da competição nacional. Um dos ingredientes está no trabalho do técnico Álvaro Miguéis. Formado em educação física pela Universidade Federal do Acre (Ufac), o profissional começou a carreira de treinador como auxiliar técnico de Illimani Suares, na temporada de 2005, quando ambos trabalharam no Juventus.
Neste período, Miguéis, um ex-jogador do futebol local, passava os finais de semana gravando e assistindo a jogos dos campeonatos europeus. Os dias se passaram e o então estudante virou treinador das categorias de base, onde não somente dirigiu boa parte dos jogadores do atual elenco celeste como também ensinou fundamentos e sistema tático de jogo.
No início da carreira, Miguéis dirigiu o próprio Atlético Acriano e o Rio Branco em jogos válidos pelo estadual e Copa São Paulo de Futebol de Juniores, respectivamente nas temporadas de 2011 e 2012. Mais maduro, o treinador levou o Galo Carijó ao vice-campeonato acriano de profissionais na temporada 2012. Um ano depois, chegou a dirigir durante alguns jogos o Rio Branco FC na disputa da Série C.
Porém, o sucesso desse colecionador de títulos das categorias de base do futebol acreano ocorreria somente nesta temporada com a conquista do título de campeão acreano. Com carta branca do presidente Edson Izidório e do diretor de futebol Elison Azevedo, Álvaro Miguéis não apenas ajudou a erguer o troféu de campeão estadual, mas também foi peça importante para pôr fim a um jejum de quase 25 anos sem conquistas por parte do time celeste.
Outro importante fator para o bom rendimento do time celeste diz respeito à qualidade técnica de alguns de seus atletas, como é caso do zagueiro Diego, do lateral-esquerdo Alfredo, dos volantes Leandro e Tragodara, assim como dos meias Careca e Polaco, não esquecendo da dupla de ataque formada por Rafael Barros e Eduardo.
Também é digna de registro a qualidade técnica do meia Josy Braz. O atleta era o maestro do time celeste na temporada, mas ainda na primeira fase do nacional acabou sendo vítima da violência urbana ao receber um tiro de escopeta na perna direita. Um menor de idade assumiu o crime.