Guilherme Arana, ídolo do Galo e provocador à moda antiga
Ele dribla, faz gols e ainda adora uma provocaçãozinha sadia. Aos 27 anos, recuperado do trauma da lesão que o tirou da Copa de 2022, Arana curte a condição de ídolo atleticano e mira novas conquistas
Texto ligeiramente adaptado da entrevista publicada na PLACAR impressa 1517, de novembro de 2024
Durante a infância no bairro de Sapopemba, na zona leste de São Paulo, Guilherme Arana se dividia entre duas paixões: jogar futebol e empinar pipa com os amigos. Assim foi moldada sua faceta competitiva – e provocadora. A bola virou trabalho e o passatempo favorito agora é outro, mais adaptado à cultura mineira. Quando não está em campo ou brincando com os filhos Luigi e Guilherme em casa, ele gosta mesmo é de pescar em Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte. Aos 27 anos, o lateral do Atlético-MG vive fase madura e decisiva. Cinco gols e nove assistências em 2024 fazem dele um dos protagonistas do Galo em uma temporada copeira, que pode terminar com o título da Libertadores.
No dia em que recebeu a reportagem de PLACAR na Cidade do Galo, Arana soube que seria cortado da seleção brasileira em razão de uma leve lesão muscular na coxa esquerda. Nada com parado à ruptura de ligamentos do joelho que o tirou da Copa do Mundo de 2022 e o manteve nove meses afastado. “[Disputar um Mundial] é uma oportunidade que talvez não aconteça mais, e eu perdi. É o auge do jogador, o sonho de todas as crianças. Mas sigo lutando por isso, quero estar na minha melhor forma para realizar esse sonho”, garante. Hoje parece impossível tirar o sorriso no rosto daquele que se autodefine o mais amalucado do elenco atleticano – o número 13 da camisa, o mesmo que define o galo no Jogo do Bicho, já era usado nos tempos de Corinthians, pois na capital paulista “treze é sinônimo de louco”. “Agora com a chegada do Deyverson eu tenho um concorrente forte”, brincou.
Num ambiente tão afeito a estrelismos, Arana é uma espécie rara. Ele diz adorar as alfinetadas sadias do futebol e garante não pegar pilha quando perde. Na festa pelo pentacampeonato mineiro, na casa do Cruzeiro, disse que o choro dos rivais alagaria a Pampulha. “O pessoal fala tanto do futebol de antigamente, de Edmundo e Romário, mas hoje em dia, quando vão zoar, acham ruim. O time que ganhou tem que zoar, mesmo.” Apesardo perfil extrovertido, Arana assume claro papel de liderança no clube que defende desde 2020. Para além dos títulos (cinco Estaduais, um Brasileiro, uma Copa do Brasil e uma Supercopa do Brasil), é a personalidade do lateral que encanta a Massa. “Sempre coloco o Galo em primeiro lugar e quero entrar cada vez mais na história do clube. Para isso, é preciso conquistar títulos, incorporar o que a camisa pede, que é a raça e o comprometimento.”
No papo a seguir, Guilherme Arana relembra o início de carreira no Terrão corintiano e a desafortunada aventura pelo futebol europeu, além de exaltar sua relação com a torcida atleticana
AQUI É GALO!!!
O paulistano Guilherme Arana chegou ao Atlético-MG em 2020 e logo caiu nas graças da Massa. Ele considera que sua raça e personalidade são a chave para ter se tornado um ídolo histórico dos alvinegros
PLACAR está fazendo uma nova edição do Time dos Sonhos e posso te adiantar que muitos votantes te apontaram como o maior lateral-esquerdo da história do Galo… Isso me pega de surpresa, eu não tenho essa dimensão do que eu represento para o torcedor atleticano. É claro que eu acompanho alguns comentários, pessoas que encontro em supermercados me agradecem e elogiam. Sempre coloco o clube em primeiro lugar e quero entrar cada vez mais na história do clube. Para isso, é preciso conquistar títulos, incorporar o que a camisa pede, que é a raça, o comprometimento. É isso que eu procuro fazer e não é à toa que eu recebo esses elogios, tanto em redes sociais quanto pessoalmente.
Como se deu sua mudança do Sevilla para o Galo? É verdade que seu pai te influenciou? Fiquei muito feliz quando o Atlético me procurou e prontamente respondi que sim. Meu pai sempre acompanhou futebol e sabe de tudo que acontece na maioria dos clubes. Quando surgiu a oportunidade, ele falou que eu teria uma grande visibilidade porque era ano de Olimpíadas [Tóquio-2020, disputada em 2021], um clube grande e com um plano de contratações, um projeto muito bom.
Considera esta a melhor fase de sua carreira? Não sei, tive bons momentos. No Corinthians, meu auge foi em 2017. Tive uma fase muito boa aqui no Galo em 2021. Não tenho do que reclamar, acho que sou privilegiado de estar em grupos com muita qualidade. Quando você tem pessoas de qualidade ao seu lado, a tendência é que o individualismo sobressaia. Mas eu acredito que pós-lesão, sim, estou vivendo o meu melhor momento. Muito confiante, retomando o futebol que o torcedor do Atlético está acostumado.
Atualmente, você tem atuado mais adiantado, na armação. Como tem sido essa mudança? Já joguei nessa posição em 2020, naquela época era uma coisa realmente nova, tive que me adaptar super-rápido. Agora é mais fácil, eu já sei os movimentos e o posicionamento. O professor Milito também conversou comigo, falou que acompanhou alguns vídeos da época do Sampaoli aqui no Galo e gostou das minhas atuações. Conversou comigo se eu me sentia bem, e eu disse que sim. Sou um cara de grupo, tudo é em prol do Atlético, dou o máximo para poder ajudar nossa equipe. Eu me senti muito bem e fico feliz que esteja dando certo.
LUTAR, LUTAR, LUTAR…
Arana era nome certo na lista da seleção brasileira para a Copa de 2022, mas meses antes do torneio no Catar viu o sonho ruir com uma gravíssima lesão no joelho. Foram nove meses de calvário (e apoio familiar)
Você sofreu uma das maiores frustrações que um atleta pode ter, que é perder uma Copa do Mundo por lesão. Como foi passar por isso? O pessoal que trabalha no Galo sabe, eu sou um cara alegre, mas fiquei muito chateado. É uma oportunidade que talvez não aconteça nunca mais, e eu perdi. É o auge do jogador, o sonho de todas as crianças. Mas sigo lutando por isso, quero estar na minha melhor forma para realizar este sonho. Foi uma lesão muito chata, demora bastante para recuperar, por vezes você acaba pensando em desistir, pensa: “será que quando eu voltar vai ser como antes?”. Então, é muito importante ter a família ao lado, graças a Deus sou muito privilegiado.
Ao menos você pôde curtir o nascimento e crescimento dos filhos… Foi um período de muita aprendizagem. Eu sou um cara muito família. Quando me machuquei, tive a companhia dos meus pais e minha mulher, meus sogros também vieram para BH para ajudar. Eu não podia nem tomar banho sozinho, não podia fazer nada sem ajuda. Sempre tive o sonho de ser pai e me lembro que meu filho queria brincar comigo, só que eu não podia levantar, não podia correr atrás dele. Então às vezes ele ficava chateado. Era uma coisa que me deixava bastante triste, mas também me dava força. Algo que tirei proveito dessa lesão foi poder acompanhar o dia a dia do Luigi e do Guilherme.
Do elenco do Galo, quem mais te apoiou? Todos ficaram muito chateados. Me dou bem com todo o elenco, todos me passaram incentivo, força. O Hulk me mandou mensagens, pessoas de outros clubes também. O Alan Kardec é um irmão que o futebol me proporcionou. Conversamos muito e nesse período ele também teve uma lesão séria. Perdemos as férias juntos, e um sempre passava palavras de incentivo para o outro. Foi um cara que me ajudou muito nessa reabilitação.
Como foi a emoção de ser campeão olímpico pelo Brasil? Cara, minha ficha sobre as Olimpíadas foi cair agora, nos Jogos de Paris. Eu não tinha dimensão do que representa. Um dia cheguei em casa e vi minha mulher chorando para caramba. Ela disse que estava emocionada por eu ser campeão olímpico. Eu acompanhei bastante essa última edição, pois minha mulher gosta de assistir a todos os esportes. É um orgulho, me lembro de cada momento da campanha. Infelizmente foi no meio de uma pandemia e não teve público. A Espanha [adversária da final] era uma seleção muito forte, e eu me destaquei bastante nesse campeonato. Foi daí que surgiu a oportunidade de ir para a seleção principal.
Ir à Copa de 2026 é uma grade meta? O sonho foi interrompido, mas estou aqui, me recuperei super bem, agradeço todas as vezes ao doutor, às pessoas que me ajudaram, aos fisios, todos que estavam nesse tratamento. Estou me cuidando, procurando ajudar o Galo, essa instituição que sem dúvida nenhuma mudou minha vida. Eu estava desacreditado, o Galo me buscou, abriu as portas. E eu venho, vou para a seleção, tudo através do Atlético, e espero que este ano a gente consiga ganhar mais títulos.
GOLS (E CANETAS) FORJADAS NO TERRÃO
Criado em Sapopemba, bairro da zona leste de São Paulo, Arana iniciou sua trajetória como um habilidoso atacante. Na base do Corinthians, teve de recuar, mas sem jamais perder a ousadia
Sempre teve essa qualidade para apoiar e marcar gols? Quando eu era pequeno, era atacante. Fui fazer teste no futsal do Corinthians como atacante, porém tinha cerca de uns 100 moleques fazendo teste e o treinador falou: “Tem 100 moleques aqui, 70 querem ser atacantes, se você topar jogar de ala você está aprovado, se você quiser insistir de atacante não vai ter jeito.” E eu falei que podia me passar para ala, foi quando acabei indo jogar mais para trás, mas sempre tive sim essa facilidade de avançar e finalizar bem.
Você foi um dos últimos filhos do ‘terrão’ autêntico do Parque São Jorge… Exatamente, lembro que tínhamos que levar um meião preto. Eram muitos garotos, minha geração revelou o Maycon, o Malcom, o Guilherme Mantuan… Foi a última geração que usou o terrão, depois colocaram grama sintética. Passa um filme, estou falando aqui e lembrando do caminho que fazíamos. Eu pegava carona com o pai do Mantuan, ele sempre me ajudou bastante por fazer essa correria. Olho para trás e sou muito grato por quem me ajudou a chegar até aqui. Passamos por alguns perrengues, mas sempre com muita força.
E a coisa de ser especialista em aplicar dribles por entre as pernas dos marcadores? Esse lance das canetas surgiu em 2017, foi num jogo contra o Palmeiras, era um clássico, então viralizou. Aí quando viraliza, o torcedor quer mais. Então, fui me aperfeiçoando. Todo jogo eu tentava e saía uma caneta (risos).
Quais treinadores encaixaram melhor com suas características? Eu sempre fui muito ofensivo, mas procurei tirar proveito de todos os trabalhos e das conversas com todos eles. Com o Tite, eu tinha bastante equilíbrio, foi ele quem me deu a oportunidade no profissional [do Corinthians] e me levou para a seleção. Ele sempre conversou comigo sobre atacar na hora certa, evitar cruzamento na parte defensiva, estar sempre junto ali da linha defensiva. Depende muito, tem jogos que demandam você atacar mais, às vezes precisa do resultado e precisa largar um pouco a parte defensiva. O Sampaoli gostava que eu jogasse por dentro e marcasse igual um lateral sem a bola. Eu sou um cara que vê bastante jogos, vídeos. Claro que não sou perfeito, existem falhas, mas busco sempre me aperfeiçoar.
Então gosta de ver futebol nas horas vagas? Eu gosto, mas só lá pelas 21h, porque os meninos não deixam, querem sempre brincar, o que é muito bom. Gosto de assistir a jogos antigos, principalmente de caras da minha posição, como o Roberto Carlos. Tem também o Sylvinho, com quem trabalhei no Corinthians, um cara que me ensinou muito em relação aos cruzamentos. Ele ficava depois dos treinos comigo enchendo meu saco para que eu acertasse. Meu pai também pega no meu pé, sempre me manda link de vídeos de chute a gol, de alguns dribles. Às vezes eu até falo para ele: “Pô, pai, deixa eu descansar”, mas é uma coisa que vem dando resultados.
Quem é seu lateral favorito na atualidade? Sempre gostei do lateral do Liverpool, o [Andrew] Robertson. Ele tem muita força e joga em um dos melhores times do mundo.
PROVOCADOR À MODA ANTIGA
Ele cresce em decisões e não abre mão de uma boa galhofa. Sente saudades da irreverência dos craques do passado e ignora os haters das redes sociais. A regra é clara: quem tira onda tem de saber aceitar o troco
Você se considera ‘jogador de jogo grande’? Meus amigos falam isso. “Hoje é clássico, é jogo grande, hoje tem gol”. Procuro encarar todos os jogos como uma decisão, não vou negar que às vezes sou até fominha, quero fazer gol e participar, independentemente de quem estiver do outro lado. Na minha carreira peguei muitos elencos recheados de grandes jogadores e as individualidades aparecem. Sou muito incisivo, procuro chutar a gol pelo menos duas vezes por jogo. E sou muito cobrado, meu padrinho fala para eu dar bicuda no gol, e está dando certo.
No Corinthians, você se destacou ao fazer gols na casa do Palmeiras, apelidada pelos torcedores de “Allianz Arana”, e você chegou a dedicar um gol a um amigo palmeirense… É que eu tenho muitos amigos palmeirenses, inclusive a maioria dos meus amigos são. E desses meus amigos, os que não estavam no estádio, boa parte estava assistindo ao jogo na minha casa, com meu irmão, com meus pais. Por isso que teve a zoação (risos).
Aqui em Minas Gerais você manteve a mania de provocar nos clássicos contra o Cruzeiro… O que aconteceu é que o Cruzeiro ganhou os primeiros dois jogos na Arena MRV e então os jogadores tiraram onda, zoaram, e tem todo direito. O pessoal fala tanto do futebol de antigamente, de Edmundo e Romário, mas hoje em dia quando vão zoar, acham ruim. Na época, eu falei na entrevista: “O time ganhou, tem que zoar mesmo”. Mas já tinha um combinado entre nós, de que seríamos campeões mineiros e daríamos o troco.
Estava tudo planejado então? Eu já tinha comentado com o pessoal: “Vou zoar, não quero nem saber”. Já tinha avisado meus pais e minha mulher: “prepara o Instagram, porque os caras vão xingar, mas vou zoar assim mesmo”. Dito e feito. Ganhamos o Campeonato Mineiro na casa deles. Teve a zoação, mas não faltei com respeito com ninguém, não desmereci a instituição deles. Conversei até com o William, lateral deles, e falei que eles zoaram para caramba. E ele concordou que essa brincadeira é válida.
Falta mais irreverência no futebol atual? Acredito que sim. Se você zoa, te xingam, se você não zoa, te xingam também. Está muito chato, mas eu sou um cara que não liga, sou muito tranquilo quanto a rede social e internet. Podem perguntar para qualquer um aqui do Galo sobre quem é o mais chato do Atlético e eles vão responder que sou eu.
Mais que o Deyverson? É, agora eu tenho um concorrente forte, mas eu zoo muito o próprio Deyvinho. Inclusive, temos que agradecer à mulher dele, né, por tê-lo colocado na linha. É um cara que chegou para me ajudar nessa parte de resenha e já deixou uns gols importantes.
TRETA COM GASPERINI E ‘NÃO’ A JORGE JESUS
Apesar das poucas oportunidades, Arana valoriza o aprendizado das passagens por Sevilla e Atalanta. E não se arrepende de ter recusado jogar no Flamengo multicampeão
Você chegou ao Sevilla sob grande expectativa. Por que não deu certo? Eu vinha aqui do Brasil jogando praticamente todos os jogos e lá (na Europa) existe uma mentalidade diferente. Você joga um, descansa outro. Quando eu cheguei, não vinha sendo relacionado, e já começou a vir uma desconfiança. Eu jogava bem e no jogo seguinte não me relacionavam, isso me deixava louco da cabeça. Fiz um gol contra o Barcelona, num jogo que não vou falar o resultado (risos) [Ndr: 6 a 1 para a equipe catalã]… e no outro jogo eu nem fui relacionado. Eram coisas que eu não entendia, mas tudo bem, joguei pouco, mas não comprometi, merecia mais chances, mas não tive. Serviu de aprendizado, vivi em uma cidade muito boa e aprendi uma língua nova.
Veio, então, a nova chance na Itália… Sim, troquei de empresário e fui emprestado para a Atalanta. A estrutura era muito top, também morava muito bem, outro idioma, só que eu cheguei e o lateral-esquerdo, o alemão [Robin Gosens], fazia gol todos os jogos. Jogávamos com três zagueiros e toda hora ele fazia gol. Aí é compreensível [ser reserva]. Uma coisa é você ver o cara da sua posição não desempenhando bom papel, outra é ver o cara bem. Daí, acabei dando uma entrevista que virou um problema.
Como foi? Eu só falei que “o Gosens está muito bem, fazendo gols, ajudando nossa equipe, mas eu estou preparado, esperando uma oportunidade.” O treinador [Gian Piero Gasperini] não gostou nada dessa entrevista e mandou eu procurar uma nova equipe. Ele é um excelente treinador, muito bravo, cobra bastante, só que ele tem esse lado que eu não sabia. Mas não falei nada demais, não questionei o trabalho dele. Mas pelo menos o Gasperini mandou o papo reto, prefiro assim do que ficar enrolando, inventando história. Vida que segue. Serviu de aprendizado e foi bom porque me permitiu voltar para o Brasil. Ganhei títulos, fui para as Olimpíadas, tive dois filhos, minha família é super adaptada a Belo Horizonte.
É verdade que você recusou uma proposta do Flamengo? Sim, eu estava em um jogo beneficente de amigos do Narciso, no meio do samba, e tocou o telefone. Era o Jorge Jesus, aquele sotaque português, me convidando… Eu falei: “Vou pensar.” Lembro até hoje, estava com meu pai, meu irmão, meus primos. Só que eu tive dúvidas, porque para chegar na Europa é muito difícil, nós jogadores sabemos disso, e eu queria ter mais oportunidades. Troquei de empresário, pensei que isso me traria mais oportunidades. Eu estava super adaptado à Espanha e queria tentar me firmar lá.
Mas a oferta balançou? Sim. Lembro que estava todo mundo na sala, falei que talvez seria melhor voltar, porque era a preparação para as Olimpíadas, mas meu irmão e meu pai falaram para ficarmos na Europa. Eles mudaram meu pensamento, mas não é fácil, você não está jogando, aparece o Flamengo, Jorge Jesus… balança. E o pior é que cheguei na Espanha e o treinador já falou: “Não vamos contar com você” (risos). Tudo bem, estava confiante do empresário novo achar um clube. E foi logo o ano em que o Flamengo ganhou tudo [2019], mas faz parte.
Daí apareceu o Galo… Na época, o [dirigente] Rui Costa me ligou com a mesma conversa sobre projeto. Só que eu era o primeiro nome do projeto, então eu fiquei naquela: “Será que vai acontecer mesmo?”. Mas eu precisava jogar, falei com meu pai, que já tinha me contado a história do Galo, dito que era um clube grande, que estava sem ganhar há muito tempo. Eu venho para a Copa do Brasil contra o Afogados, perdemos. Sul-Americana, Union Santa Fé, caímos também. Eu falei: “Nossa… e agora?”. Aí sai o [técnico] Dudamel, vem o Sampaoli e depois a pandemia. Consegui me destacar, ir para as Olimpíadas. Eu tinha o sonho de me firmar na Europa, não consegui e voltei para jogar.