Leicester revive Brian Clough e Nottingham Forest de 1978
A atual sensação inglesa se aproxima cada vez mais do título inédito e da imortalidade histórica
O Leicester City se aproxima cada vez mais de um inédito título da Premier League, com um orçamento ínfimo se considerarmos as grandes equipes inglesas. Jogadores antes desprezados, se tornaram heróis improváveis, enquanto um técnico considerado ultrapassado redescobriu as maravilhas de um futebol baseado na organização e dedicação, não somente nas grandes estrelas.
Em 1978, outra equipe chocou o mundo futebolístico. O Nottingham Forest, comandado por Brian Clough, venceu o campeonato inglês de maneira inédita e surpreendente, vindos diretamente da segunda divisão do país, onde conquistaram o acesso de maneira milagrosa no anos anterior. Baseado também em um 4-4-2, o time não contava com jogadores famosos, mas com uma organização descomunal para a época saíram vencedores. Após o inesperado, veio o impossivel com um bicampeonato da UEFA Champions League. Curiosamente, em 1978, o Leicester City foi rebaixado para a segunda divisão do país, sendo até então nada mais que um time médio no cenário inglês.
As coincidências não param por aí. Peter Shilton, lendário goleiro inglês e titular no Nottingham Forest campeão inglês, foi revelado em 1966, justamente como jogador do Leicester City. Na contramão Wes Morgan, zagueiro de confiança de Claudio Ranieri, jogou entre 2002 e 2012 no Forest, tendo mais de 400 partidas com a equipe até chegar ao Leicester, onde vive o melhor momento de sua carreira.
Fora as coincidências, o estilo de jogo é bem parecido. O 4-4-2 de Clough era dinâmico e compactado, a exemplo do Leicester de Ranieri, sabendo jogar tanto com como sem a bola. Os jogadores parecem não ter posições, mas sim funções dentro de campo, tendo que ajudar tanto no ataque quanto na defesa, Para isso meio campistas rápidos e incansáveis são necessários, o que efetivamente ocorre em ambos os sistemas, sob a pele, atualmente, de Kanté e Drinkwater. Ambos os técnicos, Ranieri e Clough, estavam em baixa em suas respectivas carreiras, já que o primeiro nunca foi campeão nacional até hoje e o segundo, na época em que assumiu o time, vinha de uma passagem relâmpago e mal sucedida pelo Leeds United (Episódio que pode e deve ser visto no filme “Maldito Futebol Clube”).
Por fim, o mais importante dos fatores: a busca por bons jogadores. Tanto o Leicester atual quanto aquele Nottingham Forest tinham pouco dinheiro para investir, e foram obrigados a peneirar jogadores desconhecidos. O caso mais emblemático é o da atual equipe, com o artilheiro Jamie Vardy tendo sido descoberto enquanto jogava por clubes fora das quatro principais divisões inglesas. Já no Nottingham Forest, o zagueiro Kenny Burns pode ser apontado como a grande surpresa daquela época, já que jogava como atacante e foi convertido em um ótimo zagueiro por Brian Clough, que confiou a ele a titularidade absoluta no time.
É verdade que com a saída de jogadores como Mahrez e Kanté, o Leicester dificilmente conseguirá repetir o Nottingham Forest quando o quesito é Liga dos Campeões, entretanto, é impossível duvidar de uma equipe que revive os bons tempos do futebol e resgata a essência de Brian Clough, aquele que é, sem dúvidas, o maior técnico inglês da história e um dos grandes da história.