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Final entre PSG e Bayern já tem um vencedor certo: o Catar

Finalistas da Champions mantêm ligações com o governo catari, especialmente a equipe francesa, que busca coroar um projeto bilionário de uma década

Bayern de Munique e Paris Saint-Germain se enfrentam no próximo domingo, 23, em Lisboa, valendo o título da Liga dos Campeões da Europa. Com 100% de aproveitamento e uma série de goleadas na campanha, incluindo um histórico 8 a 2 sobre o Barcelona, a equipe bávara é favorita a conquistar seu sexto troféu, enquanto a equipe de Neymar busca a glória máxima pela primeira vez. Seria a coroação de um projeto bilionário de quase uma década, justo no ano em que o PSG completa meio século de vida. Qualquer que seja o resultado na capital portuguesa, uma coisa é certa: haverá festa em Doha, no Catar.

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A maior parte da torcida na pequena nação de 11,581 km2 e 2,8 milhão de habitantes no Golfo Pérsico certamente será para o PSG. Em 2011, o clube francês foi adquirido pela Qatar Sports Investment (QSI), subsidiária da Autoridade de Investimento do Catar, o fundo de riqueza soberano do emirado. Em resumo: o PSG é gerido pelo governo do Catar e é um de seus principais agentes de soft power. Cada façanha do time importa na busca por melhorar a imagem do país que sediará a próxima Copa do Mundo, em 2022.

“Desde 2011, o nosso sonho tem sido a Champions League, estamos perto. Merecemos este troféu”, afirmou Nasser Ghanim Al-Khelaifi, o presidente do clube, à emissora RMC Sport após a vitória sobre o RB Leipzig (outro ‘novo rico’, guardadas as proporções) na semifinal. Al-Khelaifi, de 46 anos, não nasceu rico. Filho de pescadores, iniciou sua aventura no esporte como um tenista medíocre. Representou o Catar em disputas da Copa da Davis e, segundo dados da Federação Internacional de Tênis, ganhou apenas 12 partidas e perdeu 39 em sua carreira profissional, encerrada em 2002.

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Em seguida, iniciou sua trajetória de sucesso como homem de negócios. Próximo ao emir do país, Tamim ben Hamad Al Thani, Al-Khelaifi tornou-se político e depois empresário. Foi presidente do grupo de mídia beIN, canal esportivo que arrebatou os direitos de transmissão de grandes campeonatos, e um dos patrocinadores atuais do PSG.

Al-Khelaifi foi nomeado presidente do clube francês logo após a compra do clube pelo fundo catari e rapidamente ganhou a simpatia dos torcedores ao promover a volta das torcidas organizadas ao estádio Parque dos Príncipes e ao contratar grandes estrelas, como David Beckham e Zlatan Ibrahimovic. A soberania no futebol francês – foram sete títulos da Ligue 1 nos últimos oito anos – já não bastava. E os 222 milhões de euros pagos ao Barcelona por Neymar, a maior transferência da história do futebol, foram a maior prova disso.

O PSG e a Copa de 2022 são, portanto, ferramentas de sportwashing, termo que se refere ao uso do esporte como forma de melhorar a imagem de um país. Com gols, o Catar busca se desvincular das denúncias de exploração de trabalhadores migrantes, tortura, repressão a homossexuais e falta de liberdade de expressão. A atual campanha na Champions, inclusive, foi uma vitória sobre o vizinho Emirados Árabes Unidos, que comanda o Manchester City, clube inglês que ainda busca o sonho de uma final europeia. A relação dos árabes com PSG e City é motivo de recorrentes denúncias de descumprimento às normas do chamado “fair play financeiro.” E transformou clubes medianos de seus países em potencias mundiais.

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As ligações com o Bayern

Um dos clubes mais tradicionais e populares do planeta, o Bayern de Munique também tem seus negócios no Catar. Desde 2011, o clube realiza treinamentos de inverno e jogo de pré-temporada no Golfo Pérsico. Em 2017, o clube assinou contrato de patrocínio com o Aeroporto de Doha. No ano seguinte, a parceria foi substituída pela Qatar Airways, companhia aérea estatal que também patrocina o PSG e fez questão de celebrar a presença dos dois na decisão.

O Bayern também está ligado ao país árabe por meio da Qatar Holding LLC, que detém 14,6% das ações da Volkswagen – enquanto a Audi, que pertence ao Grupo Volks, tem uma participação de 8,33% no clube alemão. As relações motivaram protestos de cerca de 150 torcedores do Bayern que em janeiro deste ano organizaram eventos e acusaram o clube de fazer “vista grossa” em relação às denúncias de abuso dos direitos humanos no país. A final de domingo começa às 16h de Brasília (às 22h de Doha, onde a festa do campeão deve varar a madrugada).

Treino do Bayern de Munique em Doha, em janeiro de 2020
Treino do Bayern de Munique em Doha, em janeiro de 2020 Peter Kneffel/Getty Images

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