Fifa cobra explicação de dirigente italiano por frase racista
Candidato à presidência da federação falou em jogadores ‘que comem bananas’
Uma declaração de Carlo Tavecchio, dirigente favorito a vencer as eleições para a presidência da Federação Italiana de Futebol, causou revolta na Europa. Na última sexta-feira, ao criticar o número de estrangeiros em atividade na série A, Tavecchio declarou que jogadores africanos que “até pouco tempo comiam bananas”, atualmente jogam em grandes clubes italianos. A declaração causou indignação em políticos europeus e até na Fifa, que cobrou punição severa a Tavecchio.
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Atual vice-presidente da Federação Italiana, Tavecchio quer assumir a entidade no dia 11 de agosto. Mas o presidente do Grupo de Trabalho da Fifa contra o Racismo, Jeffrey Webb, quer investigar o comportamento do dirigente. “As palavras de Tavecchio alertaram a força-tarefa da Fifa contra o racismo e a discriminação, luta de máxima prioridade”, escreveu em carta à federação italiana.
Os comentários racistas de Tavecchio ocorreram em uma assembleia das ligas amadoras. “Na Inglaterra, os jogadores têm o direito de jogar apenas se são profissionais. Aqui na Itália, recebemos um Opti Pobà, que antes comia bananas, e de repente é titular da Lazio. Na Inglaterra, é preciso demonstrar o que tem no curriculum e pedigree.” Opti Pobà é um nome fictício, mas a imprensa italiana relacionou a provocação a Paul Pogba, jogador francês de origem africana, um dos destaques da Juventus.
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O dirigente tentava mostrar que a invasão de estrangeiros estava afetando a capacidade de clubes de buscar talentos locais. Após o discurso, Tavecchio tentou amenizar a citação. “Não me lembro se disse a palavra banana. Mas me referia ao profissionalismo exigido no futebol inglês para jogadores africanos. Se alguém interpretou meu discurso como ofensivo, peço desculpas.”
“Tavecchio perdeu a noção do que queria dizer; perdeu sua capacidade para analisar o que falar e o impacto que essa frase pode ter”, disse Cécile Kyenge, deputada italiana, nascida no Congo. Para o deputado Davide Faraone, a frase mostrou que o dirigente não pode ser o próximo presidente da federação. No fim de semana, dirigentes da Fiorentina anunciaram que não consideram Tavecchio candidato à presidência da entidade.
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(Com Estadão Conteúdo)