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É prata: Rebeca Andrade faz história na ginástica artística em Tóquio

Ao som de ‘Baile de Favela’, atleta de 22 anos brilhou no Centro de Ginástica Ariake, sob aplausos de Simone Biles

O baile de favela encantou os Jogos de Tóquio. Ao som de funk e sob aplausos de Simone Biles, Rebeca Andrade fez história na manhã desta quinta-feira, 29, ao conquistar a primeira medalha olímpica da ginástica artística feminina do Brasil no Centro de Ginástica Ariake, em Tóquio. A atleta de 22 anos, nascida em Guarulhos (SP), ficou com a prata na prova mais importante da modalidade, o individual geral. O ouro ficou com americana Sunisa Lee e o bronze com a russa Angelina Melnikova.

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A prova recebeu enorme atenção mundial, pois oficializou a desistência de Simone Biles, maior estrela dos Jogos de Tóquio, que decidiu priorizar sua saúde mental e abrir mão da disputa. A americana assistiu à disputa no ginásio e demonstrou entusiasmo com a façanha de Rebeca, atleta que se recuperou de uma dura sequência de lesões para cravar seu nome na história do esporte nacional. 

Rebeca Andrade havia se classificado para a final do individual geral em segundo lugar, apenas atrás de Biles, e confirmou sua condição de favorita com notável força, equilíbrio, graça e controle corporal. A consagração veio com o funk de McJoão na exibição no solo, quente e fervendo, mas só foi possível pois Rebeca brilhou durante toda a competição. 

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Na prova inicial, de salto, obteve nota 15.300; depois 14.666 nas assimétricas, se mantendo na liderança. Na trave, sua prova mais fraca, recebeu a nota 13.566. No entanto, a equipe brasileira exigiu a revisão da prova, e se deu bem: a nota subiu para 13.666 e Rebeca chegou para a prova de solo em segundo no geral, com 43.632, atrás apenas da americana Sunisa Lee (43.733).

O ouro não veio por um pé para fora do tablado. Mas apesar do pequeno deslize no solo, Rebeca agradou o júri e se manteve na segunda posição, com 57,298 pontos no geral. Sunisa Lee foi a campeã com 57,433 pontos, enquanto a russa Angelina Melnikova terminou com 57,199 pontos.Após a conquista, Rebeca comentou a ausência de Biles se disse orgulhosa. “As pessoas tem de entender que o atleta é um humano, não um robô. A decisão que ela tomou foi a mais sábia que ela podia tomar por ela, não pelos outros, porque não se brinca com a cabeça.”

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Rebeca Andrade cresceu, junto a seis irmãos, em condições humildes na periferia de Guarulhos (SP). Filha de empregada doméstica, ela começou a treinar ginástica com apenas quatro anos em um projeto social da prefeitura da cidade e logo ganhou o apelido de “Daianinha de Guarulhos”, por sua semelhança com Daiane dos Santos, estrela da ginástica nacional na época. Com apenas nove anos, Rebeca se mudou para o Rio de Janeiro para defender o Flamengo e a seleção brasileira e logo confirmou as altas expectativas.

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Rebeca venceu seis etapas de Mundial a partir de 2017, mas sofreu para chegar a Tóquio. Viajou para a capital japonesa sem a equipe feminina do Brasil, que, pela primeira vez em quatro edições, não conseguiu se classificar para os Jogos. Este foi o menor de seus percalços. Em meados de 2019, ela rompeu o ligamento cruzado anterior do joelho pela terceira vez em quatro anos. Os problemas físicos, somados aos adiamentos causados pela pandemia da Covid-19, atrapalharam sua preparação e a tiraram de três dos quatro campeonatos mundiais deste ciclo.

Para chegar à redenção em Tóquio, Rebeca participou do programa Missão Europa, organizado pelo do Comitê Olímpico do Brasil para driblar as restrições impostas pela pandemia no Brasil, e após um intenso período de treinos em Portugal, garantiu sua passagem individual para Tóquio apenas no mês passado ao vencer o Campeonato Pan-Americano de ginástica.

Rebeca se juntou aos medalhistas brasileiros da ginástica masculina: Arthur Zanetti, ouro e prata nas argolas nos Jogos de Londres-2012 e Rio-2016, e Diego Hypolito, prata, e Arthur Nory, bronze, ambos no Brasil. Entre as mulheres, os melhores resultados eram os quintos lugares de Daiane dos Santos no solo em Atenas-2004 e de Flavia Saraiva na trave na Rio-2016.

 

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