Dunga dá nova chance a Mário Fernandes, mas não a Hulk
Treinador demonstrou surpresa ao falar da rápida recuperação do atacante do Zenit, cortado dos dois primeiros amistosos por lesão a pedido do clube russo
Uma das surpresas da lista anunciada pela técnico Dunga nesta quarta-feira foi a convocação do lateral-direito Mário Fernandes, do CSKA, da Rússia. Em setembro de 2011, quando ainda era uma revelação do Grêmio, o jogador de 23 anos se negou a integrar a seleção brasileira convocada por Mano Menezes – por coincidência, para o Superclássico das Américas contra a Argentina, assim como no próximo compromisso da equipe, em 11 de outubro, em Pequim. Naquela ocasião, Mário Fernandes alegou problemas pessoais e falta de “condições psicológicas” para servir a seleção. Três anos depois, Dunga decidiu dar uma nova chance ao lateral e disse que ninguém deve ser punido eternamente por um erro do passado. O treinador só não teve a mesma compaixão ao falar de Hulk – que, depois de ser cortado por lesão dos amistosos nos Estados Unidos, retornou rapidamente a jogar por seu clube, mas perdeu a vaga na seleção para Robinho.
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“O Mário Fernandes teve esse episódio, mas era um jogador jovem. Todos nós devemos ter uma segunda oportunidade, não podemos crucificar alguém por um erro. Principalmente quando se trata de um jogador jovem, que sai cedo de casa, não tem acompanhamento. Temos que ter a sensibilidade de observar isso”, afirmou Dunga ao ser questionado sobre a recusa do atleta em 2011. O técnico, que em suas entrevistas sempre fez questão de pregar o comprometimento e dedicação à camisa amarela, defendeu o comportamento do jogador e disse que Mário Fernandes está pronto para receber uma nova chance. “Ele já está há mais de três anos em um futebol difícil, encara neve, frio e está tendo um comportamento exemplar. Pelas minhas informações, ele é muito tímido, retraído, e talvez o erro dele no passado tenha sido justamente por isso. Conhecemos o histórico dele, não aquele que se fala, mas aquele do dia a dia. Estamos na seleção para tomar atitudes e não precisamos crucificar ninguém. Quanto a comportamento, nós podemos corrigir. Já quanto a saber jogar futebol, isso não.”
Já ao falar da ausência do atacante Hulk, que foi cortado da primeira convocação por uma lesão no músculo posterior da coxa, Dunga deixou escapar que ficou “surpreso” com a rápida recuperação do atleta. “O médico do Zenit nos mandou um e-mail dizendo que ele voltaria aos treinos depois de quatro ou cinco semanas, na primeira semana de outubro. Para nossa surpresa, jogamos no dia 5 e vimos que ele jogou no dia 6 pelo Zenit. Acatamos o pedido, deixamos ele se recuperar bem no clube e quem sabe na frente ele pode ter uma oportunidade”, afirmou, no início. Questionado novamente sobre o caso, Dunga deu a entender que, no momento, Robinho largou na frente na concorrência. “Não me senti nem decepcionado nem frustrado com o Hulk. Logicamente, com a medicina moderna é possível que o jogador se recupere rápido. Mas lógico que se tem uma cadeira vazia, alguém vai sentar e depois você corre o risco de ter que esperar para voltar.” Sem nenhum problema físico aparente, Hulk marcou um bonito gol na vitória dos russos sobre o Benfica, na estreia da Liga dos Campeões, nesta terça-feira.
Por fim, Dunga falou sobre outra ausência em relação ao time que disputou a Copa do Mundo. Assim como em sua primeira lista, o capitão do Mundial, Thiago Silva, ficou de fora. Segundo o treinador, o zagueiro ainda precisará se recuperar plenamente de uma lesão muscular na coxa esquerda para ganhar uma nova chance. “Eu não costumo falar de atletas que não estão na lista, mas o Thiago está voltando de lesão e como todos os outros, precisa estar bem para ser chamado. Ninguém tem vaga garantida. A qualidade dele é incontestável e em um momento oportuno, terá condições de voltar à seleção brasileira.”