Nova medida da Fifa determina que empresas e fundos de investimento não poderão mais ser donos de atletas. No Brasil, 90% dos jogadores da primeira divisão têm seus direitos compartilhados
Nesta sexta-feira, a Fifa anunciou que vai proibir que jogadores sejam comprados por fundos de investimento e empresas, prática recorrente na Europa e na América do Sul. A medida deve provocar uma forte mudança no mercado de transferências — e o Brasil deverá ser um dos países mais afetados. Um estudo da consultoria KPMG aponta que quase 90% dos jogadores inscritos na primeira divisão do país têm seus direitos econômicos compartilhados por diferentes partes, como empresas, investidores privados, familiares e fundos de investimento. Ainda segundo o levantamento, a porcentagem de direitos econômicos nas mãos de empresários varia de 10% a 50%. Pelo esquema, uma empresa ou investidor ajuda um time a adquirir o passe de um determinado jogador e passa a ter direito a uma participação na venda do atleta, no futuro.
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Os principais clubes de São Paulo encaram a determinação da Fifa de maneiras bem diferentes. No Palmeiras, por exemplo, o presidente Paulo Nobre, que chegou a investir mais de 100 milhões de reais do próprio bolso para ajudar o clube, considera a medida negativa. “Os investidores são um mal necessário. O ideal seria que os times estivessem saneados financeiramente e pudessem contratar atletas ou, por opção própria, dividir seus riscos com os investidores. Ficará difícil contratar sem apoio externo.”
Para o gerente de futebol do Corinthians, Edu Gaspar, a decisão da Fifa será ruim apenas num primeiro momento. “Os clubes e o mercado vão ter de se adaptar. Mas a longo prazo será positivo para os clubes.” Segundo o dirigente, em certas transferências os times têm direito a apenas cerca de 20% dos ganhos do atleta, parcela considerada insignificante para os cofres do clube.
Já o gerente de futebol do São Paulo, Gustavo Vieira de Oliveira, prevê que, sem investidores, o valor das negociações vai mudar. “Não vejo grandes complicadores. Os investidores injetam os recursos, mas inflacionam os valores. Acredito que no mercado nacional os valores serão reduzidos. O desafio vai ser com jogadores que têm espaço no mercado internacional”.
(Com Estadão Conteúdo)