Goleiro disse que esta não foi a primeira vez que sofreu com atos racistas
O goleiro Aranha, do Santos, disse sentir pena da torcedora gremista Patrícia Moreira, identificada como uma das autoras dos xingamentos racistas direcionados a ele na partida entre o clube paulista e o Grêmio no meio de semana, em Porto Alegre, pelas oitavas de final da Copa do Brasil. “Essa moça deveria nunca mais pisar em um estádio, a principal punição tem de ser essa. Eu tenho dó dela, como ser humano, e pelas consequências disso tudo”, afirmou o jogador, em entrevista à TV Globo.
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Ele diz estar indignado pela passividade do público presente no estádio em relação aos torcedores racistas. “A minoria manda? Se tinha duas mil pessoas lá atrás do gol e apenas cinco tomando essa atitude, porque não cobraram delas uma postura melhor?”, questionou.
O goleiro do Santos disse que já sofreu discriminação em outros momentos. “Eu sei que muitas vezes não sou aceito, sou tolerado porque sou goleiro do Santos ou tenho um carro bonito. Já morei em prédios que não me davam nem bom dia”, explicou.
Em Porto Alegre, a diretoria do Grêmio promoveu manifestações contra o racismo, mas mesmo assim um pequeno grupo cantou músicas com a palavra “macaco”, para ofender o rival Internacional, durante o jogo de domingo com o Bahia na Arena Grêmio. A atitude recebeu vaias do restante do público.
O técnico Luiz Felipe Scolari também falou sobre o episódio lamentável no meio da semana. “Acho isso uma aberração, uma tristeza para nós. Acho que a população, o governo, todos precisam dar uma basta, um chega para acabar essa bobagem. Cor não quer dizer nada, o que quer dizer é o caráter. É um absurdo”, disse.
Apesar do esforço dos dirigentes para limpar a imagem do Grêmio, o clube será julgado na quarta-feira pelo STJD e pode, inclusive, ser eliminado da Copa do Brasil por causa da postura de seus torcedores. Já Patricia Moreira será intimada a prestar depoimento nesta semana. Ela perdeu o título de sócia do Grêmio e também foi afastada de seu trabalho – ela atuava como auxiliar de saúde bucal em uma clínica que presta serviço à Polícia Militar gaúcha.
(Com Estadão Conteúdo)