Opinião: comentários de parças ajudam a entender por que Neymar nunca amadureceu
Maior craque do país é cada vez mais celebridade e cada vez menos atleta. E para seu séquito de bajuladores, sempre acerta — até quando erra
O que você diria a um amigo ou parente que acabou de admitir que traiu a mulher grávida e foi às redes sociais para lamentar o episódio? Imagino que “parabéns” não estaria entre as palavras escolhidas. Pois bem, Neymar Júnior, o maior craque brasileiro de sua geração, está novamente na boca do povo, nos chamados trending topics, e como vem se tornando hábito nos últimos anos, não por causa de seu exuberante futebol. Ninguém tem nada com sua vida particular. Além disso, cabe ressaltar que errar é humano e pedir perdão, digno. No entanto, a caixa de comentários — obviamente fechada a amigos — onde Neymar expôs o deslize a seus 210 milhões de seguidores diz muito. Cercado por bajuladores, os famigerados “parças”, Neymar acredita que acerta até quando erra. E que quem discordar disso o faz sempre por um único motivo: inveja.
“Lindo texto, irmão”. “Que atitude linda.” “Todo mundo erra”. E até mesmo um “parabéns” pela atitude de admitir o deslize, vindo do pai e agente, supostamente o responsável por cuidar da imagem daquele que considera o principal “asset” (ativo em inglês) de suas empresas, conforme pôde ser visto em uma série da Netflix. Neymar tem 31 anos. Já é pai de um menino de 11. Mas insiste em agir como o menino de moicano que comia lanche com os colegas em frente ao CT do Santos. O grupo dos “Toiss”, como eram chamados, se renovou, cresceu – e é de se imaginar que muitos tenham ficado pelo caminho por não se limitarem a dizer amém.
Seu inegável talento com a bola jamais entrou em debate. Quando esteve saudável, Neymar sempre manteve nível altíssimo. É craque e não se fala mais nisso. No entanto, a sequência de lesões e o estilo de vida de celebridade (fatores muito provavelmente interligados) o afastaram de seus objetivos individuais e coletivos. O jogador mais caro de todos os tempos faltou a 119 partidas por lesão desde que chegou ao PSG e foi colocado no mercado. A diretoria francesa, porém, ainda não encontrou interessados capazes de bancar seu salário e agora confia que o craque possa ressurgir sob o comando de Luis Enrique.
À medida que foi se distanciando da primeira prateleira dos craques e grudando na pecha de “cai-cai”, Neymar foi cada vez mais assumindo a figura de bad boy. Comprou briga com todos que “ousaram” criticá-lo. Nem Galvão Bueno escapou. Entrevistas com o craque ficaram cada vez mais restritas aos bajuladores profissionais. Um deles até criou um premiação com a chancela da CBF, em mais um retrato de como a confederação está sem rumo. É bem provável que Neymar esteja entre os premiados, apesar de pouco ter entrado em campo em 2023.
Pois a vida do menino Neymar é assim. Blindado por amigos que o parabenizam por qualquer coisa que faça, se negou a aprender com as críticas – ainda que muitas, de fato, tenham sido exageradas, conforme PLACAR mostrou em ao menos duas edições, uma em que aparece crucificado, de 2012, e outra flechado, do ano passado. Dez anos se passaram entre uma capa e outra e Neymar parece ter evoluído pouquíssimo, tanto como jogador como quanto pessoa. Ele já é um homem crescido e, portanto, o principal responsável por seus atos. Mas os supostos amigos tampouco o ajudam.
Aprecie abaixo os comentários de sua postagem antes que as assessorias possam recomendar sua exclusão:
