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Na Bolívia, a confissão do menor corintiano não convence

Delegada diz que vídeo indica que responsável por disparo é um dos presos

A Gaviões acreditava que a confissão abriria caminho para que os doze torcedores presos em Oruro fossem soltos, o que a delegada descarta. “sse fato não aconteceu no Brasil. Então o que vão investigar as autoridades do Brasil?”

A confissão de um jovem torcedor da Gaviões da Fiel, que diz ter sido o responsável pela morte de Kevin Estrada, na semana passada, em Oruro, não teve o efeito previsto pela facção. O menor, de 17 anos, dizia ter a esperança de que sua admissão de culpa ajudasse a libertar os doze suspeitos detidos na Bolívia. Ele se apresentou voluntariamente à Vara de Infância e da Juventude de Guarulhos na tarde de segunda-feira. Horas depois, a polícia boliviana já sinalizava que o depoimento do menor não altera os rumos do caso, pelo menos por enquanto. “O fato aconteceu em Oruro e a investigação deve ser conduzida aqui, não em outro lugar”, avisou Abigail Saba, delegada encarregada da investigação, que questiona a validade da confissão do torcedor. “É um fato isolado e não tem nada a ver com a investigação que está sendo conduzida aqui.” A delegada ressalta que os doze detidos ainda são tratados como suspeitos – e lembra que há um vídeo que leva a crer que o responsável por disparar o sinalizador que atingiu Kevin é Hugo Nonato, um dos presos. “Qual versão se sustenta? Identificam um, identificam outro. Isso nos faz ter dúvidas quanto à credibilidade dos indiciados brasileiros.”

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Ricardo Cabral, advogado da Gaviões da Fiel e do menor que se apresentou como responsável por disparar o sinalizador que atingiu Kevin, acreditava que a confissão abriria caminho para que os doze torcedores presos em Oruro fossem soltos, o que a delegada descarta. “A investigação foi aberta contra doze brasileiros que estavam no estádio. Nós atuamos e investigamos baseados em todos os elementos encontrados na cena do crime. Esse fato não aconteceu no Brasil. Então o que vão investigar as autoridades do Brasil?”, questionou ela. O advogado da torcida organizada justificou a decisão do menor de confessar apenas quando chegou a São Paulo. “Em um primeiro momento, ele não se apresentou na Bolívia por sentir medo. Em um segundo, por se tratar de um menor brasileiro, muito embora com autorização dos seus pais para viajar.” Além disso, era necessário consultar os parentes do garoto, disse o advogado. “Entendíamos que não seria prudente ele, sob responsabilidade da torcida organizada, entregar-se na Bolívia. Era uma decisão para ser tomada em conjunto com a família.”

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Em entrevista exibida na noite de domingo pela TV Globo, o menor afirma que só soube que o sinalizador tinha provocado uma morte quando já estava dentro de um ônibus da torcida, a caminho do Brasil. Ele diz ter perguntado aos companheiros de viagem se deveria se apresentar como responsável. Foi instruído a não falar nada enquanto os torcedores ainda estavam em território boliviano. Sua confissão ocorreu cinco dias depois da tragédia. A apresentação de um menor como responsável pela morte do torcedor do San José levantou suspeitas entre os bolivianos. Para Abigail Saba, a situação provoca uma série de questionamentos. “Surgem várias interrogações. Por que ele não se apresentou à Justiça boliviana? Por que se apresentou só agora? Quem o ajudou a sair do país? Quem facilitou e cooperou com isso? Como ele saiu do país? Como menor de idade, não acho que atuou sozinho”, disse a advogada na noite de segunda Saba. Os interessados em contribuir com a investigação devem se apresentar na cidade boliviana, diz ela. “Se alguém conhece elementos desse fato lamentável, que culminou com a morte de um garoto, precisa se colocar à disposição do Ministério Público do Departamento de Oruro.”

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Leia no Radar on-line, por Lauro Jardim:

Dois projetos de lei que dormitam na CCJ e na Comissão de Finanças da Câmara colaborariam para evitar tragédias como a ocorrida no jogo do Corinthians na cidade de Oruro. Um deles atenua a dificuldade de se identificar autores de crimes praticados dentro dos estádios, como aconteceu no caso do adolescente que diz ter atirado o artefato.

(Com agência Gazeta Press)

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