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Hipnólogo do futebol assegura que ajudaria a tirar título do Corinthians

Olimar Tesser garante que sabe como fazer o Palmeiras ganhar do Corinthians no domingo, no Pacaembu, e ser decisivo para a definição do título do Campeonato Brasileiro. ‘Se o Felipão me deixar dar uma só palestra para o elenco na concentração, dá para vencer por 3 a 0 tranquilamente. Eu asseguro’, avisou, disposto a entrar […]

Olimar Tesser, hipnólogo, garante que sabe como fazer o Palmeiras ganhar do Corinthians no domingo, no Pacaembu, e ser decisivo para a definição do título do Campeonato Brasileiro. ‘Se o Felipão me deixar dar uma só palestra para o elenco na concentração, dá para vencer por 3 a 0 tranquilamente. Eu asseguro’, avisou, disposto a entrar em contato com a comissão técnica palmeirense antes do clássico. Para revelar o segredo da vitória, o profissional visitou (e hipnotizou) a redação da Gazeta Esportiva.Net às vésperas da última e decisiva rodada da competição nacional.

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Tesser estuda hipnose desde 1de abril de 2006. ‘Começou em um Dia da Mentira, mas pode acreditar na minha história’, sorriu, sem perder o entusiasmo para convencer os mais céticos sobre a veracidade do seu trabalho. Ex-goleiro de futebol profissional, ele sabe que para muitos não basta divulgar a eficácia do método já empregado em palestras motivacionais para empresas, em tratamentos individualizados com atletas e até mesmo na condição de integrante de comissões técnicas de clubes do interior de São Paulo – foi considerado decisivo, por exemplo, para o Paulista de Jundiaí se salvar do rebaixamento no Estadual de 2010.

Quando esteve na GE.Net, o hipnólogo não se incomodou ao ser desafiado por mais dois descrentes: um torcedor corintiano, o operador de sistema Willians Bento de Oliveira, e um palmeirense, o webdesigner Mauricio Rito – ambos devidamente uniformizados. Tratava-se de um duelo que antecipava o aguardado clássico paulista do fim de semana. A vitória foi da hipnose. Naquela tarde, nossos dois voluntários findaram seus expedientes empatados: estavam boquiabertos com o estado de transe incitado por Olimar Tesser, que tirou a percepção de peso de um e provocou uma impressionante regressão no outro (veja no vídeo abaixo).

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‘Não consigo explicar o que aconteceu. Foi uma sensação relaxante, mas bem estranha. Era como se ele tivesse controle sobre mim em alguns momentos’, comentou Mauricio Rito. O webdesigner palmeirense, no entanto, comemorou porque Tesser não tentara transformá-lo em corintiano, como havia provocado o colega Willians. ‘Eu não poderia fazer isso. Alguns torcedores encaram futebol como religião. A hipnose não distorce os valores das pessoas, ainda mais se elas estiverem sugestionadas a não executar uma ação. O consciente fala mais alto nessas horas’, justificou o hipnólogo.

Olimar Tesser também tem os seus valores no futebol. Não foi à toa que ele se empolgou com a ideia de colaborar com a vitória do Palmeiras sobre o Corinthians, e não com o contrário. Oriundo de uma família de palmeirenses, o hipnólogo iniciou a sua carreira como goleiro nas categorias de base do Palestra Itália e gosta de vestir os mais novos dos seus cinco filhos com uniformes do clube de coração. ‘Mas, assim… Não sou tão palmeirense. A gente acaba perdendo aquele fanatismo de torcedor quando vira atleta. Até joguei no time juvenil do Corinthians’, argumentou.

As dificuldades da trajetória de Tesser como goleiro fizeram com que ele passasse a considerar fundamental a existência de um amparo emocional para os jogadores – no caso, a hipnose. ‘O primeiro jogo que fiz na base do Palmeiras foi contra o Corinthians, uma preliminar de um clássico. Eu ainda era um molecão de várzea. Estava me borrando todo, torcendo para que a partida terminasse. Em dois chutes do Corinthians, pareci uma estátua e tomei dois gols: 2 a 0 para eles. Chorei muito no vestiário. Disse que não queria jogar futebol nunca mais’, recordou, logo demovido daquela intenção.

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Como profissional, Tesser passou por uma série de clubes pequenos (como Botafogo-SP, Oeste-SP, Fluminense-MG, União Bandeirante-PR, Grêmio Bagé, Nacional-PR e Jabaquara-SP) e até por um time de futebol society, amargando problemas além da ansiedade de um iniciante. Em Itápolis, interior de São Paulo, um treinador não gostou que ele penteasse os cabelos antes de um jogo e o culpou pela derrota. Na partida seguinte, após outro resultado negativo, a diretoria se recusou a servir jantar para o elenco – que foi alimentado com banana, aveia e mel pelo então goleiro. ‘Em 1997, no Nacional, aconteceu algo pior: atrasaram os salários e deixaram de pagar os aluguéis das nossas casas. Acabamos despejados, e tive que dormir no carro. Imagine: um atleta profissional, jogando, sem nem ter onde morar. A vida é complicada. Por isso, sempre repito que algum apoio psicológico é indispensável.’

Com essas experiências, Olimar Tesser hoje se apresenta como um profissional ideal para fazer terapia no futebol. À base de hipnose. ‘Mas demorei um pouco para começar a trabalhar dessa forma. Lembro que a primeira pessoa que hipnotizei foi a minha ex-sogra. Fui para casa depois de fazer o curso, tomei banho, passei gel no cabelo, vesti uma roupa toda branca e matei a curiosidade dos meus filhos. No mesmo mês, eu já estava dando shows de hipnose. Só que, no começo, eu não passava de um hipnólogo de fazer as pessoas comerem cebola. Ou seja, assombrava o público com coisas que não levam a nada’, lembrou. ‘Consigo oferecer água para um cara e fazê-lo acreditar que é pinga. Ele fica bêbado, com bafo e tudo. E o mais engraçado: se você analisar o sangue dele, vai acusar que tomou cachaça’, acrescentou.

Tesser decidiu optar pela sobriedade e direcionar o seu trabalho para o tratamento de jogadores por influência da segunda esposa, Andréia, a partir de 2007. ‘Ainda posso colocar a parte artística nas minhas palestras, mas só como forma de atrair o público, sem que seja nada pejorativo’, ponderou. A mudança de postura do hipnólogo não diminuiu o impacto de suas apresentações. Para auxiliar o Paulista de Jundiaí a fugir do rebaixamento no ano passado, por exemplo, ele fez com que os jogadores ganhassem confiança ao caminhar sobre um tapete de cerca de dois metros – repleto de cacos de vidro. Deu resultado, conforme atestaram os líderes daquela equipe depois de assegurada a permanência na Série A-1.

O elenco do Paulista não foi o único que se submeteu à hipnose. Atletas de Juventus, Noroeste, Guarani, Ponte Preta, Marília, Náutico, Bahia, de outras modalidades esportivas e até árbitros receberam as orientações de Olimar Tesser. Alguns deles com histórias marcantes. Quando estava no Noroeste, em 2008, o atacante Edno (agora emprestado pelo Corinthians para a Portuguesa) vomitava constantemente de nervosismo. Depois de hipnotizado, voltou a marcar gols. Jogadores com adversidades mais graves a enfrentar (como a violência da família de uma namorada traída, seguidos atos de indisciplina ou um parente com uma grave doença) também externaram seus agradecimentos à terapia inovadora.

‘Não existe melhor pagamento do que saber que você ajudou alguém. Em alguns casos, não recebo praticamente dinheiro nenhum para fazer o meu trabalho. Só exijo, ao menos, que me deem uma camisa do clube de presente’, contou Tesser, garantindo que é capaz de curar os mais variados males. ‘Carregamos alguns problemas de infância de que nem temos recordação. E isso pode nos impedir de alcançar a felicidade. Com o processo de regressão, dá para resolver. Sabendo disso, já gerei o meu último filho todinho com hipnose. Dentro do útero da mãe, a gente conversava com ele, colocava para ouvir músicas e preparava para o nascimento. Ele veio ao mundo com todos os estresses de uma criança normal, mas é calmo, dorme na hora certa e foi doutrinado a ser inteligente.’

Mesmo satisfeito com a sua profissão, Olimar Tesser ainda gosta de rememorar os tempos de jogador quando tem a chance. Uma semana antes do clássico entre Corinthians e Palmeiras, ele se reuniu com outros antigos integrantes do time de várzea Central Brasileira para disputar uma pelada no campo do União dos Operários da Vila Maria, em São Paulo. ‘Quero ver você hipnotizar o adversário!’, seus amigos brincavam. De fato, a hipnose não seria um recurso tão dispensável naquele dia. O time de Tesser, que contou com o ídolo corintiano Wladimir na lateral esquerda, acabou facilmente goleado – com algumas falhas do ex-goleiro e torcedor palmeirense.

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