Nos eventos da entidade no país e no exterior, como entrevistas coletivas e outras cerimônias, a presença do dirigente costuma causar constrangimento – Valcke, por exemplo, não consegue esconder o incômodo com a presença do veterano cartola
A Fifa já avisou ao governo brasileiro sobre a provável saída de José Maria Marin, presidente da CBF, do cargo de chefe do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 – e os ex-jogadores Ronaldo e Leonardo, hoje envolvidos no mundo dos negócios do esporte, seriam dois nomes fortes para substituir o cartola. De acordo com reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal Folha de S. Paulo, a decisão de tirar Marin do cargo foi comunicada há duas semanas ao governo. A substituição aconteceria antes mesmo da Copa das Confederações, que começa em 15 de junho. Marin deverá continuar no comando da CBF, já que a entidade é privada e só os presidentes de federações estaduais poderiam abreviar o mandato do dirigente. No caso do COL, porém, a Fifa pode interferir – ainda que a possível troca exija mudanças internas no órgão, caso Marin resista a sair. O comitê local representa a entidade no Brasil com vistas à organização da Copa das Confederações deste ano e do Mundial do ano que vem. Para a Fifa, a presença de Marin no comando do evento pode prejudicar a imagem da competição no exterior. Outros ex-jogadores já ocuparam a função, como Platini, na França-1998, e Beckenbauer, na Alemanha-2006 – em ambos os casos, com sucesso absoluto.
Ronaldo, que já é integrante do conselho de administração do COL, é um dos nomes preferidos, já que tem bom relacionamento com a cúpula da Fifa – o presidente Joseph Blatter e o secretário-geral Jérôme Valcke gostam muito dele. Também tem experiência no evento, ainda que apenas como jogador (esteve em quatro Mundiais) e conta com imagem altamente positiva fora do país. Leonardo, hoje responsável pela gestão do futebol do Paris Saint-Germain, da França, é visto como um executivo competente, com experiência como jogador em duas Copas e técnico na Liga dos Campeões. Conforme a Folha, outros nomes são cogitados, incluindo cartolas e executivos, mas sem consenso. Envolvido numa série de gafes e acusações, referentes principalmente à sua ligação com o regime militar, Marin é visto de forma negativa tanto pelo governo de Dilma Rousseff como pela Fifa. Nos eventos da entidade no país e no exterior, como entrevistas coletivas e outras cerimônias, a presença do dirigente costuma causar constrangimento – Valcke, por exemplo, não consegue esconder o incômodo com as intervenções fora de hora, com os discursos longos e inusitados e com a conduta pouco pragmática e eficiente do veterano cartola. O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também não tem boa relação com Marin – e Dilma nem sequer aceita recebê-lo para uma audiência no Planalto.