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Declarações debochadas e falta de reação: bastidores da queda de Carille

Mais do que a sequência de oito tropeços, o que pesou na demissão do técnico do Corinthians foi sua postura nos microfones e distanciamento dos atletas

Fabio Carille deixou o Corinthians abatido e em silêncio. O treinador, que estava havia 11 meses no cargo em sua segunda passagem, foi demitido neste domingo 3, logo depois da goleada por 4 a 1 sofrida para o Flamengo. Mais até do que a sequência negativa de resultados, o que mais pesou para a decisão da diretoria foram os conflitos do técnico com o elenco, as entrevistas controversas e o desempenho do time.

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O presidente Andrés Sanchez e boa parte da diretoria do Corinthians vinham incomodados com as declarações de Fábio Carille à imprensa nos momentos adversos na temporada. Desde a derrota para o Independiente del Valle, em Itaquera, no primeiro jogo da semifinal da Copa Sul-Americana, a relação do treinador com o elenco degringolou. Na ocasião, ele criticou os jovens Pedrinho e Matheus Vital e disse ter faltado “malandragem” ao time.

Na tentativa de evitar maiores estragos, o departamento de comunicação do clube, respaldado por Carille, vinha evitando que o técnico falasse aos microfones. Mas a entrevista coletiva de Carille da última sexta-feira 1 parece ter sido a gota d’água para Andrés Sanchez. O então treinador corintiano admitiu que sentia vergonha ao ver sua equipe jogar, e também foi ácido ao comentar sobre a multa rescisória do seu contrato, principal empecilho para a sua demissão naquele momento.

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“Graças a Deus, hoje não me preocupo tanto com a parte financeira, minha vida mudou muito de 2017 para cá. Esses dias o Andrés falou do valor da dívida do Corinthians, quem deve R$ 450 milhões deve R$ 470 milhões. Não é o dinheiro que vai me prender aqui. Se está o clima ruim, não é o dinheiro que vai fazer segurar. Nem se eu quiser ou se o clube quiser, parcela em 350 vezes, igual nas Casas Bahia. Minha multa é muito pouco para o problema do Corinthians”, disse Carille. A declaração foi vista como debochada por diversos integrantes da diretoria.

Antes de a situação se tornar insustentável, a diretoria estava disposta a ter mais paciência com o treinador, por entender que era necessário observar como o então técnico reagiria a uma situação inédita na curta carreira de menos de três anos. A resposta, tanto dentro quanto fora de campo, não agradou.

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Agora, a diretoria do Corinthians analisa o mercado para ainda tentar levar o Corinthians à Libertadores do ano que vem. Com oito tropeços, o time caiu para a oitava posição, fora da zona de classificação para o torneio. Na quarta-feira, 6, o time enfrenta o Fortaleza, em Itaquera, e a tendência é que o ex-jogador Dyego Coelho, técnico do sub-20, seja o treinador interino.

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Tiago Nunes é o favorito

Tiago Nunes, técnico do Atlético-PR Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress

Tiago Nunes, do Athletico Paranaense, é o nome que mais agrada a cúpula do Corinthians. O jovem treinador, campeão da Sul-Americana 2018 e da Copa do Brasil de 2019, entre outros títulos, ainda não definiu sua renovação com o clube paranaense e mandou um recado à diretoria depois da vitória sobre o CSA neste domingo.

“Eu passei para o presidente que estabeleci um prazo para ouvir o Athletico. Desejo definir a minha situação para o futuro até a próxima semana. Espero o Athletico, mas caso contrário vou ouvir outros clubes. Como já disse anteriormente, vou cumprir meu contrato até o dia 8 de dezembro”, afirmou o treinador. Ele, no entanto, disse não ter recebido ofertas até o momento. “Não fui procurado de maneira oficial por nenhuma equipe. Então eu fico muito focado no trabalho, fico até o dia 8 aqui.”

Outro nome especulado no Corinthians é o de Sylvinho, que foi auxiliar de Tite na seleção brasileira e teve sua primeira oportunidade como técnico principal neste ano, quando foi demitido pelo Lyon, da França, depois de apenas onze partidas.

Cria do “terrão”, como é conhecida a categoria de base do Corinthians, o ex-lateral teve longa passagem na Europa como jogador, por Arsenal, Celta, Barcelona e Manchester City. Com o fim de sua carreira, voltou ao Brasil para começa sua preparação para virar técnico. Trabalhou como auxiliar em Cruzeiro, Sport, Náutico até voltar ao Corinthians, em 2014, onde trabalhou com Mano Menezes.

Na mesma temporada, aceitou o convite para ser auxiliar técnico de Roberto Mancini no Inter de Milão. Em seu retorno à Europa, aproveitou para tirar as licenças para atuar como treinador. O curso da Uefa foi justamente sua justificativa para recusar um convite do então presidente Roberto de Andrade para assumir o Corinthians em 2016.  A passagem pela Itália foi interrompida com um convite para trabalhar com Tite na seleção.

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