Cosmos reaparece querendo voltar a ser o grande símbolo do futebol dos EUA
Nemesio Rodríguez Madri, 13 jul (EFE).- Como se saísse dos livros de história do futebol, o Cosmos ressurge três décadas depois do fim das suas atividades, sonhando em recuperar o brilho que teve no passado, quando teve estrelas como Pelé, Franz Beckenbauer, Carlos Alberto Torres, Claudio Chinaglia, Johan Neeskens e Romerito. Seu desaparecimento, em 1985, […]
Nemesio Rodríguez
Madri, 13 jul (EFE).- Como se saísse dos livros de história do futebol, o Cosmos ressurge três décadas depois do fim das suas atividades, sonhando em recuperar o brilho que teve no passado, quando teve estrelas como Pelé, Franz Beckenbauer, Carlos Alberto Torres, Claudio Chinaglia, Johan Neeskens e Romerito.
Seu desaparecimento, em 1985, freou o desenvolvimento que o futebol dos Estados Unidos vinha tendo com a presença de grandes jogadores. A euforia criada a partir da formação da equipe de Nova York, com direito a jogos com públicos superiores a 70 mil pessoas, só retornou com a realização da Copa do Mundo em 1994.
O ex-time de Pelé voltou à ativa nesta semana, após anúncio feito pelo presidente do clube, Seamus O’Brien, em um comunicado publicado no site do clube. ‘Nosso retorno é um testemunho de paixão e lealdade aos nossos torcedores’, escreveu O’Brien.
No texto, o dono do clube agradeceu o esforço de Peppe Pinton, o antigo proprietário, para manter o sonho do Cosmos vivo. Em 2009, Pintou vendeu o direito da marca ‘New York Cosmos’ ao empresário imobiliário Paul Kemsley ex-vice-presidente do Tottenham, que por sua vez os repassou em 2011 ao grupo saudita Sela Sport.
‘Nos comprometemos a recuperar nosso lugar como a equipe número 1 da América do Norte’, afirmou O’Brien. E mesmo recomeçando de maneira modesta, o clube segue contando com estrelas: Pelé é o presidente de honra e o francês Eric Cantona é diretor esportivo.
O retorno do Cosmos será na North American Soccer League (NASL), segundo campeonato em importância disputado nos Estados Unidos, ficando abaixo da Major League Soccer (MLS) e que conta com equipes americanas, canadense e uma porto-riquenha.
Fundado em 1970 pelos irmãos americanos de origem turca Nesuhi e Ahmet Ertegün, proprietários do selo fonográfico Atlantic Records, controlado pela Warner Music, estreou na mesma temporada na liga profissional americana, utilizando o Yankee Stadium como sede dos seus jogos.
O primeiro dos cinco títulos nacionais veio em 1972, mas os pequenos públicos – média de 4 mil espectadores – demonstrou que o futebol estava muito longe de se firmar nos Estados Unidos, que atraía principalmente os torcedores latinos.
Tudo mundo em 1975, quando presidente do grupo editorial Warner Communications, Steve Ross, assinou um contrato de exploração da franquia Cosmos e começou a contratar a grandes estrelas, ainda que muitos veteranos.
O primeiro da lista foi Pelé, por quem o Cosmos pagou US$ 6 milhões, uma soma exagerada para o mundo do futebol naquela época. Aos 35 anos, o ‘Rei’ chegou após 16 temporadas no Santos, já pensando na aposentadoria. ‘Aceitei a oferta porque queria fazer o futebol realmente popular nos Estados Unidos’, diz Pelé, sobre sua aventura americana.
E de fato a história do esporte nos Estados Unidos se divide em duas eras, antes e depois do craque brasileiro. A média de público chegou a 40 mil pessoas, com direito ao inimaginável número de 77.691 pessoas assistindo uma partida de futebol, em 1977, quando o Cosmos bateu o Fort Lauderdale Strikers, por 8 a 3.
Graças ao empenho de Ross, o Cosmos teve em suas fileiras uma legião de craques de dar inveja a muitos grandes do futebol mundial. Além de Pelé, os também campeões mundiais Franz Beckenbauer e Carlos Alberto Torres chegaram.
Depois o elenco foi sendo fortalecido com o holandês Johan Neeskens, o italiano Claudio Chinaglia, o iugoslavo Vladislav Bogicevic, os paraguaios Romerito e Roberto Cabañas e o peruano Ramón Mifflin. Até Johan Cruyff disputou alguns amistosos ao lado de Pelé antes de acertar com o Los Angeles Aztecs.
A qualidade do time se tornou inesquecível para torcedores e para quem vestiu a camisa da equipe americana. ‘Joguei em um time no qual todos sabiam dominar a bola’, comenta o ‘Kaiser’ alemão, Franz Beckenbauer.
Com seu maior astro, Pelé, o Cosmos voltou a ser campeão em 1977. Depois de sua saída o clube voltou a levantar a taça em 1978, 1980 e 1982, antes de iniciar sua derrocada, junto com o futebol do país, que sentia a dificuldade de concorrer com beisebol, basquete, futebol americano e hóquei no gelo.
A liga profissional entrou em decadência e desapareceu em 1984. O Cosmos ainda teve um ano de sobrevida, como clube independente em um torneio de futsal. Agora, 28 anos depois, é hora de mostrar que a marca ficou eternizada na história do futebol, em uma nova caminhada no futebol dos Estados Unidos. EFE