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Arena Palmeiras: o estádio que ajudará a reconstruir o time

Sem as mesmas facilidades do rival, clube aposta na obra para se modernizar

Dentro da nova geração de estádios brasileiros, a arena palmeirense talvez seja o empreendimento mais independente e autossustentável, já que se trata de uma obra privada que não contou com nenhuma facilidade ou benefício decorrente de influência política

Dentro de um ano, o Palmeiras espera comemorar não apenas o retorno à primeira divisão do Campeonato Brasileiro. Será a hora também de ganhar uma casa nova, que promete dar início a uma fase diferente no clube. Na semana passada, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, visitou as obras do estádio (que, por enquanto, é chamado de Nova Arena do Palmeiras, à espera de um contrato de naming rights) e o classificou de “o mais bonito de São Paulo, do Brasil e do mundo”. A declaração foi, é claro, uma manifestação da paixão do ministro pelo clube. Mas ela ilustra bem qual será a grande mudança na vida dos palmeirenses depois da inauguração do local. Depois de um longo período de turbulência, em que crises políticas e dificuldades nos gramados fizeram o torcedor do clube sofrer e ter de aguentar as provocações dos rivais, o Palmeiras voltará a ter motivos para reivindicar a primazia no futebol paulistano, enfrentando a concorrência dos rivais São Paulo (dono do gigante mas já desgastado Morumbi) e Corinthians (futuro proprietário do Itaquerão) com um estádio de padrão europeu.

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Por se tratar de uma área residencial, é preciso manter o silêncio na construção a partir do início da noite (e durante o domingo todo). Na hora de obter autorizações oficiais, todos os trâmites são respeitados e cumpridos – ainda que não façam muito sentido. O caso mais emblemático levou à manutenção de uma parte da arquibancada do antigo Estádio Palestra Itália, que fechou as portas em 2010 para o início das obras. A WTorre, responsável pela construção da arena e parceira do Palmeiras no negócio, pretendia começar o projeto do zero, mas não conseguiu obter na Prefeitura um alvará de construção, apenas de reforma. Por causa dessa restrição, o projeto teve de preservar um setor inteiro do velho estádio, atrás de um dos gols, na entrada principal do campo. Já calejados em lidar com as armadilhas colocadas no caminho da iniciativa privada no país, os responsáveis pelo projeto conseguiram transformar essa restrição num ponto positivo. Enormes arcos de concreto que sustentavam a velha arquibancada, antes escondidos da visão do público, formarão um amplo vão livre para circulação dos torcedores. O local deverá receber restaurantes e lojas.

Além disso, o formato da arquibancada, mais curvo que a outra extremidade do estádio, permitirá um outro uso importante do local, como palco de grandes shows. Assim como no projeto do Morumbi reformado, a arquibancada atrás do gol será transformada em uma espécie de anfiteatro, com o palco montado no campo – e sem torcedores pisando no gramado, o que torna possível realizar um espetáculo num dia e receber uma partida de futebol, com o campo preservado, na mesma semana. Por causa de alternativas criativas como essas, os engenheiros se dizem orgulhosos do trabalho na arena, principalmente na inevitável comparação com as facilidades recebidas pelo Itaquerão. Um dos diretores da WTorre, Rogério Dezembro, já disse que o estádio do Corinthians não ficaria pronto para o Mundial de 2014 caso enfrentasse as mesmas dificuldades. “Só ficaria pronto para a Copa do Catar, em 2022”, ironizou.

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Com mais de 45.000 lugares cobertos, camarotes, restaurante panorâmico e centro de convenções, a nova casa palmeirense promete também desafiar outro rival, o São Paulo, na agenda de grandes espetáculos da cidade, hoje dominada pelo Morumbi. Pela localização favorável, pela boa oferta de vagas de estacionamento (a arena é vizinha de dois shoppings) e pela parceria da WTorre com a empresa americana AEG, acredita-se que o local receberá uma boa frequência de shows. Graças a esse modelo de negócio, a WTorre calcula que, ao longo da parceria com o Palmeiras, cujo prazo é de 30 anos, o clube receberá cerca de 2 bilhões de reais, sem contar a receita com as partidas de futebol, cujo valor fica todo com a equipe. O formato do negócio provocou intensa disputa nos bastidores do clube, mas isso já é esperado quando se trata de uma agremiação marcada pelas rixas internas e acaloradas discussões políticas. Ainda que a recompensa financeira não chegue ao valor projetado pela construtora, o negócio certamente deixará ao clube um patrimônio cujo valor é impossível medir: a restauração do orgulho de uma torcida e de uma instituição.

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