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A um ano da Copa, organização enfrenta crise e pressões

Com Marin distante e parentes de Teixeira escanteados, comitê local tem poder concentrado nas mãos do CEO Trade. A Fifa estaria insatisfeita com a situação

Por enquanto, a Fifa só manifesta sua insatisfação nos bastidores, por vias indiretas. Caso o ensaio geral para 2014 revele falhas graves, o COL pode vir a mudar de mãos

Na manhã desta quarta-feira, representantes da Fifa, do governo e do Comitê Organizador Local (COL) da Copa do Mundo de 2014 inauguram, na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, o relógio desenhado por Oscar Niemeyer para fazer a contagem regressiva para a abertura do torneio, que acontece daqui a exatamente um ano. E o arquiteto, morto no fim do ano passado, não será a única ausência em relação aos planos originais para o evento. Quando o Brasil, candidato único, foi confirmado como sede da competição, numa breve e discreta cerimônia realizada na sede da Fifa, em Zurique, em 30 de outubro de 2007, a comitiva que representou o país era integrada por Luiz Inácio Lula da Silva, Ricardo Teixeira, Orlando Silva, Dunga e Romário. O mundo é uma bola e dá muitas voltas: Lula deu lugar à presidente Dilma Rousseff, o ex-ministro do Esporte foi substituído por Aldo Rebelo, o então técnico da seleção brasileira caiu depois do Mundial de 2010 e o herói da campanha do tetra elegeu-se deputado federal (e virou um crítico ferrenho da realização da Copa no Brasil). Mas nenhuma mudança foi mais surpreendente e barulhenta do que a troca no comando da CBF e do COL. Depois de 23 anos no poder, Teixeira deixou o cargo e o país, entregando a cadeira ao seu vice-presidente mais velho, José Maria Marin, e trocando a Barra da Tijuca pela Baía de Biscayne, em Miami. Em quinze meses no cargo, Marin balançou mas não caiu, apesar das críticas e do desprestígio. Mas sua ausência no evento desta quarta é emblemática: no ano que antecede a Copa, a organização do torneio no país vive incertezas, pressões e turbulências.

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De acordo com funcionários de empresas que prestam serviços ao COL, as deficiências da organização brasileira provocam atritos e queixas da entidade, que está preocupada com possíveis falhas na operação da Copa das Confederações, a partir de sábado. Também há relatos de problemas financeiros no comitê. Nos dois casos, Trade tem de lidar com um problema herdado dos tempos de Ricardo Teixeira: a presença de parentes do ex-presidente da CBF entre os principais executivos do COL. Joana Havelange, filha de Teixeira, e Leonardo Rodrigues, cunhado do ex-cartola, tiveram suas funções limitadas por Trade. Mesmo sem poder, contudo, ambos seguem ocupando cargos de destaque e recebendo remunerações generosas – o salário mensal de Joana, de 36 anos, seria de cerca de 70.000 reais, sem contar outras gratificações. Em teoria, ela é a segunda principal integrante do comitê. Sua atuação, contudo, é cada vez mais limitada – em abril, enquanto o COL trabalhava no importante evento-teste do Mineirão, a filha de Ricardo Teixeira curtia o festival Coachella, na Califórnia. Marin preservou o cargo da herdeira do antecessor, já que deve sua atual posição a ele. A Copa das Confederações, porém, será decisiva para o futuro de ambos. Por enquanto, a Fifa só manifesta sua insatisfação nos bastidores, por vias indiretas. Caso o ensaio geral para 2014 revele falhas graves, o COL pode vir a mudar de mãos (o nome de Ronaldo, hoje integrante do Conselho de Administração do COL, é frequentemente citado como opção para o cargo, ainda que essa alternativa tenha um caráter mais simbólico do que prático, por causa da falta de experiência do ex-craque como executivo). Apostar que Marin estará no comando da Copa do Mundo quando o relógio de Copacabana zerar, em 12 de junho de 2014, pode ser uma jogada arriscada.

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