Edições de colecionador de PLACAR recordaram as façanhas do prodígio de 17 anos na Copa do Mundo de 1958 na Suécia
Na semana em que os fãs de futebol celebram a consolidação de um novo craque adolescente (Lamine Yamal, do Barcelona) e resgatam o legado da camisa azul da seleção brasileira, o blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras revisita os 55 anos de acervo da revista, relembra o início do reinado de Pelé, na Copa do Mundo da Suécia, em 1958.
Na edição histórica de outubro de 1994 que abordava os “100 Anos de Futebol no Brasil – de Charles Miller ao tetra mundial”, o capítulo sobre a carreira do Atleta do Século dedicou trechos sobre o início de sua trajetória no Santos e sobre a popularização da alcunha real, com a colaboração de Nelson Rodrigues, escritor, romancista e genial cronista esportivo, que morreu em 1980.
“Um dos primeiros a perceber a realeza de Pelé foi o escritor Nélson Rodrigues. “Dir-se-ia um rei (…) sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor”, escreveu Nélson, numa crônica profética publicada na revista Manchete Esportiva, em 8 de março de 1958. A coroação internacional foi questão de meses. Na Copa da Suécia, Pelé deslumbrou o mundo com apenas 17 anos e passou a ser chamado de o Rei do Futebol.”
Edição de outubro de 1994 sobre os 100 Anos de Futebol no Brasil – PLACAR
Então com 17 anos (mesma idade de Lamine Yamal), a revelação do Santos iniciou a Copa do Mundo de 1958 na reserva, mas a partir de sua estreia diante da União Soviética, no último jogo da primeira fase, não saiu mais do time.
Fez seis gols (um contra o País de Gales nas quartas, três contra a França na semifinal e dois contra a Suécia na decisão) e foi o herói do primeiro título mundial da seleção, que vestiu camisa azul diante dos anfitriões no estádio Rasunda.
Na edição de colecionador lançada logo após a morte de Pelé, em dezembro de 2022, aos 82 anos, PLACAR também destacou a conquista de 1958 com lembranças do próprio Rei.
Confira, abaixo, outros trechos do texto de 1994 sobre o surgimento do Rei do Futebol:
Pelé chegou ao Santos no dia 8 de agosto de 1956, com apenas 15 anos. Waldemar de Brito entregou o garoto ao treinador Lula e ao craque Jair da Rosa Pinto, que encerrava sua carreira no time da Vila Belmiro. Os demais jogadores se espantaram com a pretensão daquele moleque em treinar no clube. O debochado Zito até combinou de fazer o menino de bobinho no primeiro coletivo. Mas, à noite, quando entrou no quarto de Pelé, Zito viu um álbum de figurinhas sobre a cama. Nele estava escrito com letra de menino: “Deus é tão bom para mim
que vai me fazer jogar tanto quanto o Zito, chutar tanto quanto o Pepe, driblar tanto quanto o Pagão”. Zito desistiu da brincadeira. No dia seguinte, Pelé treinou e já fez gol. Era realmente um fenômeno.
Um mês depois, marcou seu primeiro gol oficial, metendo a bola no meio das pernas do goleiro Zaluar, do Corinthians de Santo André. Em menos de um ano, mais precisamente no dia 7 de julho de 1957, estreava na Seleção Brasileira e (adivinhem!) marcava um gol. O Brasil acabou perdendo para a Argentina (2 a 1, no Maracanã), mas a história ia mudar a partir dali.
Um dos primeiros a perceber a realeza de Pelé foi o escritor Nélson Rodrigues. “Dir-se-ia um rei (…) sua majestade dinástica há de ofuscar toda a corte em derredor”, escreveu Nélson, numa crônica profética publicada na revista Manchete Esportiva, em 8 de março de 1958.
A coroação internacional foi questão de meses. Na Copa da Suécia, Pelé deslumbrou o mundo com apenas 17 anos e passou a ser chamado de o Rei do Futebol.
Com ele, o Brasil deixou de ser apenas mais um país do Terceiro Mundo, conseguindo sentir orgulho por ser conhecido e respeitado — pelo menos no futebol. A Era Pelé se traduziu em um tricampeonato mundial de futebol e naposse definitiva da Taça Jules Rimet. O Rei jogou 114 partidas e marcou 95 gols com a camisa amarela, Nas quatro Copas do Mundo que disputou, nas inúmeras excursões do Santos e na sua temporada pelo Cosmos, de Nova York, Pelé granjeou um número incontável de admiradores. De gente simples e anônima a artistas como Robert Redford e William Hurt, chefes-de-estado como Mikhail Gorbatchóv e Bill Clinton, papas, reis e rainhas. Todos eles prestaram
suas homenagens ao Rei Pelé.
Quando parou definitivamente, em 1977, já havia se transformado numa lenda. Primeiro, com o gol mil, em 1969. Depois com a Copa de 70. Entretanto, o reconhecimento absoluto viria em 1981, quando foi escolhido o Atleta do Século numa eleição patrocinada pelo jornal francês L’ Equipe em conjunto com outros 19 periódicos do mundo inteiro.
Hoje, aos 53 anos, Pelé é o cidadão mais conhecido do planeta. Seu nome é uma marca mais famosa do que Aspirina ou Coca-Cola e sua imagem movimenta o equivalente a 200 milhões de dólares por ano. Com um patrimônio pessoal na casa dos 25 milhões de dólares, Pelé vive pelo mundo levando o futebol e o nome do Brasil para todos os cantos.