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Filpo Nuñez, o 1º técnico estrangeiro a brilhar (e incomodar) no Palmeiras

Técnico da Academia dos anos 60 e único gringo a dirigir a seleção brasileira, argentino era polêmico e "milongueiro"; em 1976, ele desabafou a PLACAR

Filpo Nuñez, ex-técnico do Palmeiras -
Filpo Nuñez, durante sua última passagem pelo Palmeiras

Bicampeão da América e em busca do tri, o português Abel Ferreira vem fazendo história no Palmeiras. Há quem já o aponte como o maior entre todos os técnicos que passaram pelo clube em 108 anos. Seu sucesso, aparentemente, vem incomodando colegas de profissão brasileiros, como Cuca, Mano Menezes e Jorginho, que distribuíram alfinetadas nos últimos dias. Abel, no entanto, não é o primeiro estrangeiro a brilhar (e a causar polêmica) pelo Palestra. O primeiro grande esquadrão alviverde, conhecido como a Academia de Futebol dos anos 1960, era comandado por um argentino, Nelson Ernesto Filpo Nuñez.

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Nascido em Buenos Aires, Nuñez não deslanchou na carreira de jogador, mas deu sequência à paixão pelo futebol ainda jovem, quando se formou em educação física no Equador e iniciou a carreira de técnico. Foi um andarilho da bola, passando por clubes de Argentina, Portugal, Espanha e México. Mas fincou raízes mesmo no Brasil, especialmente em São Paulo, onde morreu em 1999, aos 78 anos.

“Dom Filpo”, como era conhecido, carrega até hoje a honra de ser o único treinador estrangeiro a dirigir a seleção brasileira. Foi em apenas um jogo, em 7 de setembro de 1965, quando o Palmeiras representou a equipe canarinho e venceu o Uruguai por 3 a 0 na inauguração do Mineirão, em Belo Horizonte.

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Nuñez, que era tio de outro conhecido personagem argentino, Eduardo Coudet, ex-técnico do Internacional, acumulou três passagens pelo Verdão, entre 1964 e 1965, entre 1968 e 1969 e entre 1978 e 1979. Em 154 jogos, com 94 vitórias, 27 empates e 33 derrotas, conquistou apenas um título, o torneio Rio-São Paulo de 1965, bastante relevante na época, e pavimentou o caminho que levaria a Academia aos títulos brasileiros de 1967 (2), 1969, 1972 e 1973.

Nuñez era polêmico, cheio de personalidade — um argentino milongueiro, como diziam à época — e grande frasista. Com seu indefectível portunhol, definiu o esquema tático do time de Ademir da Guia como “pim-pam-pum”, onomatopeia que denotava a velocidade dos passes, preferencialmente de primeira. Ao longo de sua carreira, Nuñez dirigiu diversos clubes do país, inclusive o rival Corinthians, e outros tantos pelo interior. Em 1976,  tentava um recomeço no São Bento, equipe de Sorocaba, cidade paulista onde conversou com o repórter de PLACAR Carlos Maranhão, para a edição de maio daquele ano.

Em ritmo de um tango triste, Nuñez narrou a dura fase da carreira, bem diferente dos tempos de Academia quando “queria Sicrano, traziam Sicrano, pedia Beltrano, vinha Beltrano.” Antes do primeiro treino do São Bento, se irritou com um jornalista local que lhe pediu um resumo de seu currículo. “Que passa? Pensa que tenho duas ou três horas para ficar ditando coisas para você? Yo ficaria toda la tarde hablando. Mañana te trago uma cópia autenticada no tabelião”, esbravejou.

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A passagem por Sorocaba foi curta e inglória, mas rendeu um saboroso perfil que ajuda a contar quem foi o primeiro técnico estrangeiro a fazer história no Verdão. O blog #TBT PLACAR, que todas as quintas-feiras recupera um tesouro de nossos arquivos, reproduz abaixo, na íntegra, o texto de maio de 1976.

Trecho da reportagem de Carlos Maranhão em maio de 1976
Trecho da reportagem de Carlos Maranhão em maio de 1976 –

FILPO, CUESTA ARRIBA?

Y ahora, cuesta abajo en mi rodada, las ilusiones pasadas ya no las puedo alcanzar. Sueño con el pasado que añoro…” É Cuesta Abajo, de Gardel e Le Pera, um tango clássico. A consciência da queda, a perda las ilusões — mas o sonho com o passado. Para Filpo Nufiez, o passado foi a glória. O presente é o quarto de hotel, a cama estreita, a direção técnica do São Bento. E o sonho de dar a volta. Para cima.

Carlos Maranhão

O quarto número 16 fica no fim do corredor da esquerda no primeiro andar do pequeno hotel de viajantes de Sorocaba, cidade industrial de 200.000 habitantes, a cerca de cem quilômetros de São Paulo. É apertado, tem uma cortina no basculante e uma pia com espelho perto da cama de solteiro. Tão logo surge à sua porta com um pijama de bolinhas, olhos de sono, mas o rosto como sempre bem escanhoado, Nélson Ernesto Filpo Nuñez pede desculpas em fluente portunhol aperfeiçoado na temporada que passou em Portugal e na Espanha:

— Descansava porque ahora trabalho fult-time.

E a seguir abre os braços num gesto largo e teatral, para desfazer a primeira impressão:

— No, no, esto no es para mi Esta camita… Eh! Vou me mudar. Só durmo aqui mais uns dias.

(O ambiente, de fato, não parece digno da lenda de grandeza que persegue seu hóspede. Basta porém olhar ao redor para perceber que é mesmo dom Nélson Ernesto quem está de volta. Ele acomodou no chão sete malas de várias cores e modelos, dois sacos de viagem e uma valise. Embaixo da
mesinha, ajeitou os quatro álbuns de recortes e fotografias. Encostada na parede, uma réplica — já meio enferrujada — da espada de El Cid. Uma miniatura de um touro e uma taça de um metro de altura foram colocadas em cima do guarda-roupa, onde pendurou os casacos pretos de veludo (“São os cortes da última moda na Europa”, esclarece), os paletós de tweed e os sóbrios manieaux de lã. E deixou no criado-mudo, junto ao abajur, o único objeto que o acompanha com fidelidade há vinte anos: um quase amarelecido retrato em branco e preto, emoldurado com filetes dourados, de
dona Eulália, sua mãe.

— Não viste nada. Ainda guardaram para mim, na portaria, um baú português cheio de troféus. Que pensa? Yo soy el Filpo Nuñez!

Veste a calça de flanela, abotoa a camisa bordada, calça os sapatos com salto carrapeta, põe as medalhinhas no pescoço, prende no pulso o relógio achatado todo em ouro, introduz no anular esquerdo o anel de pedra azul de Professor de Educação Física, penteia os cabelos que se tornaram mais escassos e grisalhos, guarda no bolso uma nota de 500 cruzeiros e outra de 50 dólares, e pronto — sai à rua.

Ex-técnico do Palmeiras — o criador da Academia —, do Coríntians, da Portuguesa, do Vasco, do Cruzeiro e de tantos clubes, Filpo Nuñez inicia um trabalho no São Bento de Sorocaba, time que ficou famoso no ano passado por disputar 25 jogos sem conseguir uma vitória e, recentemente, por ter dado o novo presidente da Federação Paulista de Futebol.

Único estrangeiro — nasceu na Argentina e mais tarde se naturalizou — a dirigir um dia uma Seleção Brasileira (o Palmeiras, com a camisa da CBD, em 1965, na inauguração do Mineirão, derrotando o Uruguai por 3 a O), responsável pelo que considera o gol mais rápido do mundo (Gildo, contra o Vasco, aos nove segundos de partida), treinador que Ademir da Guia não se cansa de elogiar, o homem que afirmou certa vez ter empregado o esquema holandês antes de Rinus Michels, com o carrossel que apresentou no Cruzeiro em 1970, começa tudo novamente.

A humilde vaidade

Como . nos retornos anteriores — no Paulista de Jundiaí, na Portuguesa Santista, no Uberaba —, recomeça por baixo, pensando acima de tudo numa gloriosa rentrée num dos grandes da capital. Mas há uma diferença fundamental. Desta vez, apesar dos indícios em contrário de seu eterno folclorismo, de suas inevitáveis frases de efeito, de sua previsível fanfarrice, ele está mais humilde, Tudo aquilo não passa de aparências, de um apego à antiga e desgastada imagem. Através de um doloroso exercício de sobrevivência, adquiriu a consciência de que já não pode errar. O que não o impede de manter o velho orgulho, a altivez do herói em repouso e a aplicação do artista que ensaia arduamente no dia-a-dia para afinal receber o aplauso do público.

— É claro que aqui não vão me dar o que eu tinha no Palmeiras, onde nunca me negaram nada. Queria Sicrano, traziam Sicrano. Pedia Beltrano, vinha Beltrano. Mas também não posso amolecer.

Manda chamar o roupeiro Antenor, que chega ao vestiário assustado com a fama do técnico.

— Señor Antenor, minhas bolas.

— Mas o senhor pediu cinquenta, seu Filpo.

— Bueno. Quantas tem?

— Umas dez eu arranjo.

— Que vá! E meu boné para treino? E meu roupão? Meu roupão, señor Antenor?

— Estão em falta na cidade, seu Firpo. Logo chegam.

— Providencie. Outra coisa: necessito de cem ataduras.

— Ih, cem não dá. Se compro cem me mandam embora daqui.

— Cinqúenta. Puede?

— Vinte pares.

— Mui bien, vinte pares.

Os repórteres da cidade se apresentam para conhecê-lo e Filpo logo se exalta quando um deles lhe pede um resumo de seu currículo.

— Que passa? Pensa que tenho duas ou três horas para ficar ditando coisas para você? Yo ficaria toda la tarde hablando. Mañana te trago uma cópia autenticada no tabelião.

Peito entufado, camisa, calção, tênis e meias soquetes, exibindo as pernas muito brancas, encaminha-se para o treino da tarde. Há bastante gente espalhada nas arquibancadas pintadas de azul, sobretudo crianças: ver Filpo em ação é a nova atração de Sorocaba. A platéia fica em silêncio, para melhor ouvir seus gritos, e às vezes ri em uníssono.

No primeiro dia, ele foi treinar os goleiros. Quando percebeu que iria chutar, o reserva João Marcos sorriu dissimulado: “Com aquelas perninhas brancas? Vai ser moleza”. Errou um chute e os meninos acharam graça. Sem se perturbar, atirou duas bolas seguidas no mesmo lugar: no ângulo.

— Foi para vocês, Gostaram, muchachos?

Recebeu os aplausos dos meninos, que viram — ninguém Ihes contou — que Filpo coloca a bola onde quer. Na terça-feira passada, marcou três gols consecutivos fazendo com que ela entrasse sempre rente à trave direita. O quarto chute atingiu finalmente o travessão e derrubou um dos ferros que sustentam a rede. Satisfeito, decidiu organizar um coletivo, mas antes convocou o centroavante.

— Titica, venga cá. Você não vai ser mais Titica.

— Sim, senhor.

— Jogador de Filpo Nuñez não pode ter esse nome. Como você se chama, niño?

— Ademir.

— Então de agora em diante é Ademir. Nada de Titica.

Separou os dois times e postou-se no meio-campo, as mãos em concha junto à boca para que pudessem ouvir melhor suas instruções:

— Não quero ver espectador. Todos têm que participar. Todos! Subam e desçam, subam e desçam. Câmbio, câmbio. Por las puntas, é por las puntas que se joga. Vamos, Bozó. Cruza! Aí, suba, Titica, Arriba, Títica! No, no, no. Arriba, Ademir!

Uma ponta de tristeza

Os garotos da TUTPS — Torcida Uniformizada Tira-Prosa de Sorocaba — caem na gargalhada e os jogadores, em voz baixa, imitam a voz de Filpo uns para os outros:

— Arriba, Títica! No, arriba, Ademir!

E, divertindo-se, mal sentem o treinamento exaustivo, que só termina às sete da noite, com os refletores acesos, duas horas e meia  depois de ter começado.

No dia seguinte, treinariam a manhã inteira cobrança de falta — a saída checoslovaca, que Filpo adota nas suas equipes — e de escanteios: na direita, quem bate é o ponta-esquerda; na esquerda, o ponta-direita.

— Mira, Carlito, o gol tem 7,32 por 2,44 metros e ficam sete jogadores na frente. Se não for um Nelinho, um Rivelino, o balon non passa. Non passa! (Quando repete a expressão para dar maior ênfase, como agora, Filpo agita os braços e grita forte) Non passa! Hay que ensaiar a cobrança. Nenhum dos homens da barreira tem um buraco na barriga. O escanteio? Eh!

Eu trabalho a semana inteira para ensinar o time a atacar, a buscar os espaços vazios, a tocar rápido — tá, tá, tá, (O rosto e as mãos balançam sincronizados.) Aí, no jogo, eles levam a bola de nossa área para a área inimiga e o adversário consegue tirá-la para a linha de fundo. É um escanteio, uma jogada que pode terminar em gol. Chega o infeliz, chuta de qualquer jeito e volta rindo. O que faço com ele? (Cala-se por um instante, levanta se, fica vermelho, as veias se dilatam na garganta e os olhos brilham.) Hay que matá-lo! Hay que matá-lo!

Falar em futebol com esse elegante senhor de 48 anos é provocar uma conversa fascinante que se prolongará por horas perdidas: uma aula prática de técnica, tática, picardia e interpretação ora bufa, ora dramática. Verdade que atualmente passou a ver as coisas de um ângulo pessimista, às vezes triste.

— O Rivelino disse no rádio que o jogo entre Espanha e Alemanha foi ruim e que as perspectivas da Seleção Brasileira são excelentes? Ele está louco. (outra Vez se levanta.) Está louco! À Espanha se atrasou meio século, mas os alemães jogam um futebol adiantadíssimo, é um outro negócio. Tocam e vão. Perdem e voltam. O melhor time da Europa hoje é o Borussia Mônchengladbach. Os ingleses evoluíram muito, os holandeses estacionaram, mas cuidado com os franceses e os russos. O Saint-Etienne é uma equipe de competição. Se ficar como base da seleção, eles vão incomodar, vão incomodar! E esse Dínamo de Kiev, então? Não me fale do Oleg Blochin que eu me assusto! Que jogador! Que técnica! Que vision! Que rapidez! Ele tem um motorzinho no traseiro. É a única explicação que encontro. À próxima Copa será dificílima para o Brasil. Que pasa com Rivelino? Está touco?

Lutando feito louco

Acalma-se por um instante e adota um tom de amargura.

— O futebol como espetáculo está morrendo, porque nós, os técnicos, o estamos assassinando. A retranca, a preocupação de não tomar gol, a obsessão de não perder… Basta! O público está fugindo. Não há mais beleza. Todos regrediram. À Inglaterra, a Alemanha, a URSS e a França não são os melhores. Quis dizer que são os menos piores. Aqui em São Paulo não há nenhum time jogando bem. Só o Coríntians, a Ponte e o Guarani é que estão mais ouemenos. Mira: mais ou menos… Por isso, eu voltei. Com trabalho, luta e sorte posso classificar o São Bento.

Se isso acontecer, além dos salários normais de 15000 cruzeiros, receberá um prêmio de 40 000 cruzeiros, Mas será que Filpo regressou ao Brasil — depois de dirigir o Leixões em Portugal e o Badajós, que disputa a Terceira Divisão da Espanha — tão-somente para ressuscitar a beleza que vê perdida no futebol?

Pode-se acreditar que ele se considere capaz de desempenhar uma missão como essa. Mais do que isso, contudo, Filpo pretende provar que não está morto e que ainda tem condições de orientar um grande clube — nos últimos dias, por sinal, seu nome foi bastante comentado nos corredores do Parque Antártica.

Ele não confessa abertamente que tenha, de momento, tal pretensão. De súbito, no entanto, re solve se abrir e faz uma autocrítica — exaltado a princípio, melancólico depois.

— Sim, Carlito, eu errei! Fui jogador, fui boêmio, tive todas as mulheres que quis. Mas já paguei por tudo. Joguei fora 500 000 cruzeiros, quase 50000 dólares! Assim: pela janela. Uma nota atrás da outra, Não foi um preço suficiente? Será que não podem me deixar em paz? Não chegou a hora de não falarem mais que uso perfumes e camisas de seda? O que interessa minha vida? Por que não me julgam pelo trabalho que faço lá no campo? Quem vem me ver lutando feito louco aqui em Sorocaba? Aqui, nesta cancha esburacada? Diga: mereço isso? Mereço que escrevam que vivia em boates tocando bandoneon e que dirigia treinos batendo bumbo? Que pasa? Um homem que fez o que fiz dentro do futebol brasileiro — el gol mas rápido del mundo, a Academia, os títulos — pode ser tratado como um marginal?

Dinheiro… mulheres…

Faz uma ligeira pausa, porque a garganta ficara seca, e continua o desabafo:

— Eu era um dos técnicos mais respeitados do Brasil, ganhava o que pedia. AÍ resolvi casar. Foi o maior erro da minha vida. Dei à minha mulher presentes fantásticos: as jóias com as quais jamais sonhou; o primeiro LTD branco que circulou em São Paulo. Não vi que estava cego. Quando nos separamos, em 1970, senti chegar meu fim. O desquite coincidiu com minha saída do Cruzeiro (sua última passagem por um grande). Naquele momento, desesperado, fiquei numa situação terrível. Na véspera, tinha conta em cinco bancos, casa, dois carros, mulher e convites dos melhores times do Brasil. Acordei sem dinheiro no bolso, sem mulher, sem emprego. Amigos? Não pude contá-los nesta mão. Eram três, quatro no má- ximo. Sofri as maldições do diabo. Conhece o tango Noche de Reyes? Minha situação era aquela: “Que quadro, compañero. . .”

Só tinha dois caminhos: ou sumia do mundo, apelando para as drogas ou para o álcool, ou tentava começar tudo outra vez. Fiquei com à segunda hipótese. A mais dura! A mais difícil, Carlito! Mas agora sepultei aquele viejo Filpo Nuñez. Ele está morto. Casei de novo, sabe? Ela foi agora para Buenos Aires. É uma mulher maravilhosa, eu Ihe conteí tudo, sei que entendeu, e se quero lhe dar uma jóia, um presente caro, ela me diz “No, papi, no gaste”, e então, me lembrando o que passei na vida e no futebol, eu sinto um arrepio aqui por dentro e aí eu acredito mais do que nunca que ainda vou voltar, que vou ser novamente el grande Filpo Nuñez.

Os seus olhos azuis ficam avermelhados quando ele fecha a porta do quarto número 16 do pequeno hotel de viajantes de Sorocaba.

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