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Em 1973, seleção brasileira jogou pela 1ª vez em gramado sintético

Confira como PLACAR cobriu as primeiras experiências em gramados artificiais no futebol profissional

O debate sobre gramados artificiais vem dominando o noticiário esportivo no Brasil após protestos de nomes como Neymar, Lucas Moura e outras estrelas. Há mais de 50 anos, a seleção brasileira teve seu primeiro contato com o piso da discórdia, em uma amistoso contra a Argélia, na preparação para a Copa do Mundo de 1974, devidamente coberto por PLACAR.

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O jogo contra a seleção argelina aconteceu em 3 de junho de 1973, no estádio Cinco de Junho, na cidade de Argel, e terminou 2 a 0 para o Brasil com gols de Paulo Cezar Caju e Roberto Rivellino.

Na época, a seleção treinada por Zagallo realizou uma excursão, que primeiro passou pela África, com amistosos contra Argélia e Tunísia, e depois pela Europa, contra Itália, Áustria, Alemanha Ocidental, União Soviética, Suécia e Escócia, tudo no mês de junho.

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O fato de a seleção ter estreado em um gramado sintético não recebeu grande destaque da reportagem na época. Os repórteres José Maria de Aquino e Zeka Araújo estavam mais preocupados com o “trabalho no escuro”, como chamaram os teste de Zagallo, e com os ajustes no meio-campo.

“Da discussão nasce a luz”, era a chamada de uma reportagem especial. “Numa mesa-redonda na concentração, os jogadores falaram livremente sobre a melhor maneira de armar a seleção com base em seu novo tripe”, seguia, citando Rivellino, Clodoaldo e Paulo Cézar. Nos diálogos transcritos por PLACAR, Riva destacou as orientações a Clodoaldo no campo sintético na Argélia.

“Em Argel, eu me lembro de ter gritado para você ficar mais na sua e para Paulo Cézar voltar um pouco mais. E vocês dois me atenderam, concordando que era preciso cobrir mais o nosso lado direito”, disse Rivellino. “Foi mesmo. Os números 8 e 10 deles (Banus e Bachi) estavam entrando bem por al, caindo nas minhas costas e aprontando horrorres para o Zé Maria”, completou Clodoaldo.

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O goleiro Leão completou que preferia jogar com Clodoaldo do que com Gérson, que não estava convocado, pois “o Corró abre para os lados, oferecendo-me uma outra opção” para sair jogando. Na Copa da Alemanha em 1974, a seleção cairia nas semifinais diante da Holanda e terminaria em quarto lugar.

Reportagem sobre a estreia no sintético, em edição de junho de 1976
Reportagem sobre a estreia no sintético, em edição de junho de 1976

Três anos depois, a seleção brasileira voltaria a atuar em um gramado sintético em um amistoso nos Estados Unidos marcado pela boa atuação do volante Givanildo, num triunfo por 4 a 3 sobre o Unam Pumas, em 2 de junho de 1976. O jogo aconteceu Clandestic Park, em San Francisco, em um campo originalmente usado para partidas de beisebol.

Givanildo foi destaque de edição de junho de 1976 - PLACAR
Givanildo foi destaque de edição de junho de 1976 – PLACAR

O repórter José Maria de Aquino, em um artigo publicado na edição de 11 de junho de 1976, teceu duras críticas ao gramado sintético de San Fracisco. “Uma partida ridícula, contra um simples time, o Universidad de México, num campo de beisebol improvisado para o futebol, sem as condições mínimas exigidas pela Fifa, de gramado sintético e com enormes buracos cobertos por areia, que se espalhava ao sabor do vento forte, numa temperatura de apenas 2 graus. A seleção campeã do mundo jogando para um público inferior a 5.000 pessoas!”, escreveu.

No início da década de 1980, PLACAR voltou a falar no assunto, ao noticiar a implantação do primeiro gramado artificial do futebol inglês, o do Queen’s Park Rangers. Há muitos anos, a Premier League proíbe campos artificiais na elite inglesa.

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