Portugueses nunca venceram nada de relevante, mas viraram as estrelas
Ganharam uma Euro aos trancos e barrancos, estão na repescagem para a Copa e dependem de CR7 pra tudo, mas querem ensinar os brasileiros a jogar futebol
Ter 72 anos traz vantagens e desvantagens. Um dos pontos negativos é não conseguir mais jogar bola, e um dos positivos é ter visto e participado do melhor futebol do mundo. Com essa vasta experiência, posso fazer comparações de forma segura, mas muita gente fica chateada quando expresso minha opinião sobre o declínio do futebol.
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Outro dia, um apresentador comediante, desses bobos da corte que imitam melhor do que opinam, ironizava o ponto de vista da turma da velha guarda. Não tenho culpa se ele tem como herói o Neymar e nunca se deu ao trabalho de pesquisar sobre nossas verdadeiras lendas.
Falo isso porque, infelizmente, assisti a Brasil x Argentina pela Copa América de futebol de salão. Não sei se essa é a pior geração da história, mas está entre elas. E o que mais me surpreendeu é saber que Ferrão, nosso pivô, já foi eleito o melhor do mundo. O Brasil perdeu nos pênaltis, e o técnico da Argentina, percebendo que nossa seleção não oferecia qualquer perigo, colocou goleiro-linha para tentar resolver no tempo normal. Pode parecer um detalhe, mas não é.
O Brasil não tinha nenhum coelho na cartola, nenhum jogador que pudesse resolver, improvisar, driblar, encantar o torcedor, como em outros tempos. Perder jogando é uma coisa, mas perder acuado é vergonhoso. O Brasil não vence mais nem no futebol de praia. Hoje, baseamos nosso futebol em força e tática. Não criamos mais talentos, artistas. E se criamos, não os encontramos em nossas seleções.
Também vi o português Abel Ferreira, do Palmeiras, dando entrevista, ensinando aos brasileiros como se deve jogar. Os portugueses viraram as grandes estrelas internacionais, mesmo nunca tendo vencido nada de relevante. Ganharam uma Eurocopa aos trancos e barrancos, estão na repescagem para a Copa do Mundo e dependem de CR7 pra tudo!
Pelo menos Senegal venceu o Egito e conquistou de forma inédita o título da Copa Africana. E dessa vez não era um técnico alemão, italiano, mas o senegalês Aliou Cissé. Torci demais! Um técnico negro no topo!
Também vi um belíssimo gol em um estádio suburbano, o do vascaíno Gabriel Pec contra o Madureira. Uma matada no peito e o petardo no ângulo, um gol que parecia ter se libertado das amarras, um grito de socorro, um clamor, um pedido… não nos engessem, não enterrem nossa essência.
Preparados para a pérola da semana? Ouvi que “o time estava acoplado no sincronismo para ser mais propositivo, direcionando os atacantes agudos para chaparem a cara da bola”.