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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

Vasco: outro que quer um Mundial pra chamar de seu

Cronista vai a 1953, final do Torneio Rivadávia Corrêa Meyer, e vê vitória (2 x 1 São Paulo) que faz clube carioca juntar-se a Flu e Palmeiras na luta por título na Fifa

Comemorem, vascaínos! Foi bonita a festa, pá, ontem, na vitória de 2 x 1 sobre o São Paulo, que valeu o título do torneio octogonal batizado em homenagem ao presidente da CBD, Rivadávia Corrêa Meyer – mais uma competição intercontinental organizada no Brasil, após a Copa Rio de 1951 e do ano passado, ambas vencidas por Palmeiras e Fluminense, respectivamente. É claro que nada vai aplacar a derrota de 50, ainda tão fresca na memória quanto a tinta azul nas paredes do Maracanã, mesmo palco de ontem, mas é no mínimo reconfortante saber que de lá para cá já são 3 os clubes brasileiros que podem se orgulhar de deter conquistas assim, de caráter mundial. Sem querer estragar a festa de ninguém – e já estragando –, informo a vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1953, que sou um comentarista do Futuro, vindo de 2023, creiam-me, e de lá trago notícias não tão boas sobre o triunfo cruz-maltino: daqui a 70 anos tanto a partida final como o próprio torneio pouco serão lembrados e, pior, não obterão a chancela oficial como “mundial de clubes”. Aliás, dar-se-á o mesmo com palmeirenses e tricolores. No próximo século, as três agremiações seguirão, sem sucesso, reivindicando à Fifa um Mundial pra chamar de seu.

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Olhando para o copo cheio dessa história, é inegável e louvável que a Copa do Mundo transcorrida aqui inseriu definitivamente o Brasil no cenário internacional do Futebol, daí a sequência de competições em nossas terras reunindo clubes campeões de outros continentes no Planeta. Como se sabe, neste que ontem chegou a termo participaram o Olímpia (Paraguai), o Sporting (tricampeão em Portugal) e o Hibernian (bicampeão na Escócia), estrangeiros que se somaram a Vasco, São Paulo, Fluminense (que substituiu o campeão uruguaio Nacional), Corinthians e Botafogo, se enfrentando em dois grupos, um no Maracanã, outro no Pacaembu. Dentro de 7 anos, a partir de 1960, adianto a todos, um torneio deste porte, internacional, será oficializado e organizado anualmente pela Fifa, que mais tarde chegará a reunir clubes que alcancem triunfos nas principais competições dos 5 continentes – por aqui, seremos representados pelos campeões da Libertadores da América, torneio continental que passará a ser disputado, anotem, também a partir de 1960. Até 2023, reconhecidos pela entidade máxima do esporte, torcedores de seis (6) clubes brasileiros poderão bater no peito e dizer “eu sou campeão mundial!”: Corinthians, Flamengo, Grêmio, Internacional, Santos e, curiosamente, por três vezes, o São Paulo, derrotado ontem. Vasco, Fluminense e Palmeiras continuarão na fila. Com méritos, mas na fila…

Jornal dos Sports noticiou o título vascaíno - Reprodução/Internet
Jornal dos Sports noticiou o título vascaíno – Reprodução/Internet

Tamanha será a relevância e a badalação em torno desse futuro ‘mundial de clubes oficial’ que a partir de 2024 ele será remodelado, com a inclusão de mais participantes – pois a vitória na competição continental dará ao campeão direito de participar do torneio por dois anos subsequentes. Por exemplo: deixei o mês de outubro de 2023 a poucos dias da final da tal Libertadores, que acontecerá em jogo único, no sempre protagonista Maracanã, com a presença de um time brasileiro, o Fluminense; se vencer, o Tricolor das Laranjeiras vai se habilitar para disputar dois mundiais de clubes seguidos, em 2024 e 2025. O Vasco também terá outras chances de alcançar o objetivo, mas, sinto informar, sairá derrotado na final de duas edições do mundial organizadas e oficializadas pela Fifa: em 1998, perdendo por 2 x 1 para o Real Madrid em jogo a ser disputado no Estádio Nacional de Tóquio, no Japão; e em 2000, quando, mais uma vez no Maraca, deixará escapar o título, nos pênaltis, para o Corinthians. Dores que vêm por aí… Sem falar numa outra disputa de porte semelhante ao Rivadávia Corrêa, o Torneio de Paris, que se dará dentro de 4 anos, na França, com o Vasco vencendo o Real Madrid de Di Stefano na decisão (4 x 3), mas cujo reconhecimento mundial sequer será cogitado. Por isso, reitero o incentivo com que abri esta resenha: comemorem, vascaínos! Como se diz em Portugal, foi bonita a festa, pá, ontem, no Maraca. E isso, não há burocracia da Fifa que apague.

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PARA VER LANCES E GOLS DA FINAL DE 1957, ENTRE VASCO E REAL MADRID

 

FICHA TÉCNICA
VASCO DA GAMA 2 x 1 SÃO PAULO

Competição: Torneio Octogonal Rivadávia Corrêa Meyer
Data: 4 de julho de 1953
Estádio: Mário Filho (Maracanã)
Local: Rio de Janeiro (BRA)
Árbitro: Mario Vianna (FIFA)

VASCO DA GAMA: Ernani (Osvaldo); Mirim, Bellini e Jorge; Eli do Amparo, Danilo Alvim, Ipojucan e Ademir de Menezes Alfredo II); Maneca, Pinga e Dejair. Técnico: Flávio Costa

SÃO PAULO: José Poy; De Sordi, Mauro Ramos, Alfredo, Pé de Valsa e Bauer; Maurinho, Juan Negri (Benedito) e Gino; Nenê e Teixeirinha (Lanzoninho). Técnico: Jim Lopes

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Gols: Primeiro Tempo: Pinga, aos 2’ e aos 43’; Segundo Tempo: Pé de Valsa, aos 25’

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