O primeiro ‘adeus’
Comentarista do Futuro vai ao jogo de 1971 em que o Rei Pelé se despediu da seleção, num empate emocionante com a Iugoslávia - outra que virou saudade
Que jogo! Quanta emoção! E como é triste pensar que testemunhamos ontem, no Maraca, nesse empate (2 x 2) com a Iugoslávia, a última atuação de Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos, com a camisa da seleção brasileira. Todos vocês, queridos leitores e queridas leitoras de 1971, sabem que não rolou o tão esperado gol do ‘Rei’, por desígnios não de Deus, mas do ‘keeper’ iugoslavo, Vukcevic – luva e chuteira ‘de ouro’ em matéria de ‘estraga-prazeres’. Mas foram muitas as chances criadas, até o relógio bater os primeiros 45 minutos e, “Prrrríííiíí!”, vir o intervalo, o ritual de despedida, e aquele coro inesquecível, gravado eternamente em minha memória. O mesmo que, por ser um Viajante do Tempo, um Ser do Futuro, vindo de 2022, hoje gostaria de repetir com vocês: “Fica! Fica!”.
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Mas é claro que, um dia, ele se vai. E não direi ‘quando’, nunca, em respeito ao ‘tempo’ de todos, queridos brasileiros de 1971. Mas esse momento chegará, como o de todos nós. “Inapelável!”, já filosofavam os narradores de Futebol no rádio. E pensei bastante em forças efêmeras ao assistir ontem, no Maracanã, a este novo triunfo do Escrete Canarinho, pouco mais de um ano após a conquista do TRI Mundial. Vaguinho, Eurico, Zequinha, Claudiomiro… O que o destino reserva a esses novos ‘personagens’ agregados ao elenco vencedor na Copa do México? E entre eles e os demais, quantos que, lembrados e cultuados ou não daqui a 51 anos, terão encontrado, em 2022, de ‘quando’ venho, seu caminho para a felicidade? É o jogo da vida.
Sorte (e privilégio) de todos que, mesmo sem a ‘amarelinha’ no dorso, Pelé ainda desfilará seu balé único por alguns anos nos gramados do esporte. E virão as recorrentes, obsessivas e (literalmente) religiosas campanhas para destronar o ‘Rei’ do seu indiscutível e eterno lugar no Trono do Futebol. Não será surpresa, aliás, adiantar a todos que os argentinos, nossos maiores rivais, serão pródigos em decretar ‘sucessores‘ (Maradona, Messi, anotem…) e tentar diminuir a grandeza de Sua Majestade ‘Pelé’, talvez por ainda enxergarem nele apenas mais um dos ‘macaquitos’ que admoestam do outro lado do campo. Chega, né?
Pelé um dia se vai… Todos temos certeza disso. Em 2022, aliás, sinto informar, viveremos um vazio tal – pós-pandemia no Planeta; pós governo de um louco fascista; ‘Tantas emoções…” – que a sequênca de ‘adeus’ a insubstituíveis baluartes, alicerces, da Cultura (música, teatro…), do Esporte e do Imaginário brasileiros do Século 20 vão agravar a tonteira geral, a sensação de ‘Terra Arrasada’ que nos perseguirá. Mas voltarei ao Meu Tempo mantendo a fé de que possam vir a cumprir papel inverso: e que nos fortaleçam! Como povo e país! Viva Pelé! Sempre viverá! E sempre estará! Entre nós!
PARA VER OS MELHORES MOMENTOS DO JOGO
FICHA TÉCNICA
BRASIL 2 x 2 IUGOSLÁVIA
Competição: Amistoso – Despedida de Pelé da Seleção Brasileira
Data: 18 de julho de 1971
Local: Estádio Jornalista Mário Filho, Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Público: 138.573 pagantes
Árbitro: Vital Georges Gilbert Loraux (Bélgica)
BRASIL: Félix; Zé Maria (Eurico), Brito, Piazza e Everaldo (Marco Antônio); Clodoaldo e Gérson; Zequinha, Vaguinho,
Pelé (Claudiomiro) e Rivellino. Técnico: Mário Jorge Lobo Zagallo.
IUGOSLÁVIA: Vukcevic; Ramljak (Antonijevic), Paunovic, Holcer, Stepanovic e Pavlovic; Oblak, Acimovic e Petkovic (Bjekovic); Filipovic (J. Jerkovic) e Dzajic. Técnico: Vujadin Boskov
Gols: Primeiro Tempo: Dzajic, aos 35’; Segundo Tempo: Rivellino, aos 14’; Gérson, aos 20’; e Jerkovic, aos 2