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O Comentarista do Futuro ícone blog O Comentarista do Futuro Ele volta no tempo para dar aos torcedores (alerta de!) spoilers do que ainda vai acontecer

Goleadas da seleção brasileira, coisa do passado

Desanimado com a pouca emoção das Eliminatórias de 2023, cronista vai a 1975, no Pan do México, ver a maior goleada da história do Brasil, 14 x 0 sobre a Nicarágua

‘Parada Fifa’ será o nome de um futuro procedimento obrigatório no calendário do Futebol internacional: períodos de cerca de dez dias em que, por várias vezes ao longo do ano, todos os principais campeonatos do mundo serão suspensos para que ocorram convocações e jogos entre seleções, sejam amistosos, torneios continentais ou classificatórios para a Copa do Mundo. E sei disso, queridos leitores e queridas leitoras de 1975, porque sou um comentarista do próximo milênio, vindo de 2023, quase de daqui a meio século, creiam-me. Parece uma ideia boa mas outros fatores – como a ocorrência de jogos quase que diariamente nos períodos normais e o aumento do número de vagas para os Mundiais – transformarão essas ‘Datas Fifa’ (outro nome da novidade) em modorrentas, pouco interessantes. Foi numa dessas semanas sonolentas, dias após o Brasil amargar um empate com a inofensiva Venezuela, que me veio a vontade de embarcar na Máquina do Tempo e vir até aqui para ver esta “vitória maiúscula” (saudade dessa expressão…) da nossa seleção, os 14 x 0 de ontem sobre a Nicarágua, pelo Pan-Americano do México. Nada demais, certo? Afinal, mesmo derrotados ano passado na Alemanha, ainda somos tricampeões do mundo (faz só cinco anos! E foi no mesmo estádio Azteca de ontem) e, assim, goleadas sobre selecionados mais fracos, como o de ontem, são obrigatórias e serão recorrentes em nossa História… Só que não! Revelo a vocês que daqui a 48 anos ainda vai ser esta a maior goleada aplicada pela seleção brasileira num jogo oficial. Por isso, comemorem! No futuro, quando viermos a pensar na dobradinha ‘Brasil/goleadas’, vamos lembrar de outro placar, um 7 x 1, mas não vem ao caso…

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“Sapeca-iaiá” será uma das muitas expressões sinônimas à ‘goleada’ que se consagrarão nos próximos anos, em especial por vir a ser usada por um futuro talentoso jornalista esportivo (Nota da redação da Placar em 2023: Paulo César Vasconcellos, do canal SporTV). Mas no dicionário de expressões populares também vai figurar, além desse, um verbete associando o termo à “coito, sexo, cópula””. Dá pra entender… Sempre haverá quem não considere a partida de ontem digna de constar nas estatísticas de nossa Seleção principal, argumentando que Mestre Zizinho – seguindo a regra olímpica atual, de levar ‘amadores’ – convocou apenas promissores talentos nacionais e não nossos principais jogadores. De fato, craques e titulares inquestionáveis como Rivellino, Dirceu e Marinho Chagas não foram ao México, mas lá estão o goleiro Carlos, Edinho e Batista, atletas que, posso garantir, defenderão a Amarelinha na Copa de 1978. Outros exemplos do grupo que alcançarão sucesso em suas carreiras serão Claudio Adão (do Santos, que ontem não jogou), o zagueiro Bianchi (Santos), Marcelo Oliveira (Atlético Mineiro) e Rosemiro (que trocará o Remo pelo Palmeiras). E ainda Luís Alberto Pirola, o (no futuro pouco lembrado) meia do Fluminense, autor de 4 dos 14 gols que o Brasil aplicou na Nicarágua. Aplicou não, “sapecou”, claro!

Registros dos enviados Manoel Motta e Maurício Cardoso, de Placar, na edição 291 - Reprodução/Placar
Registros dos enviados especiais Manoel Motta e Maurício Cardoso, de Placar, na edição 291 – Reprodução/Placar

Na lista de maiores goleadas da Seleção Brasileira, em 2023 seguirão no topo, além dos 14 x 0, outros placares do passado, como o 10 x 1 que sapecamos na Bolívia pela Copa América de 1949 (no Pacaembu), os 9 x 1 no Equador na mesma competição e os 9 x 0 sobre a Colômbia no Sul-americano de 1957. Em Copas do Mundo, ao menos nos próximos 48 anos, nunca superaremos, em número de gols, os 6 x 1 (Espanha) e os 7 x 1 (Suécia) da Copa de 1950. Goleadas da Seleção, sinto informar, ficarão cada vez mais raras. No Século 21, anotem, até teremos dois placares terminados em 8 x 0: um em 2012, contra a China; outro em 2006, numa futura preparação do time para a Copa do Mundo, mas contra um tal “Combinado de Lucerna”, da Suíça. Essas sim não vão merecer constar na lista.

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Ainda sobre o Pan-americano em curso, adianto que Brasil e México farão a final, vai faltar luz no estádio com o placar marcando 1 x 1, já finda a prorrogação, e os dois times farão um acerto extracampo declarando-se ambos campeões. O problema é que a Fifa jamais aceitará e computará o resultado, exigindo a realização de uma nova partida. E a gente sabe: quando decide enfrentar qualquer outra força do Futebol, a Fifa sempre ganha de goleada.

PARA VER A FINAL COM O MÉXICO

FICHA TÉCNICA
BRASIL 14 x 0 NICARAGUÁ

Competição: Jogos Pan-Americanos do México
Data: 17 de outubro de 1975
Estádio: Estádio Azteca
Local: Cidade do México (México)
Público: 105 mil pagantes
Árbitro: I. Calderon (Cuba)

BRASIL: Zé Carlos; Mauro, Bianchi, Edinho e Chico Fraga; Alberto Leguelé (Batista), Eudes e Rosemiro; Luís Alberto (Marcelo Oliveira), Erivelto e Santos, Técnico: Zizinho

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NICARÁGUA: Salvador Dubois Leiva; Silvio Aguirre Villavicencio, Francisco Hernández Tapia, Ricardo Fernández Ortiz e Edgard Flores Donaire; Victor Grausa, Maurício Cruz Girón e Armando Cuadra Serrano; Rodolfo Acevedo Molina (Maurício Rivaz Lopes), Francisco Romero Mendoza e Gustavo Sequeira Moreno

Gols: Luís Alberto, Luís Alberto, Luís Alberto, Luís Alberto, Santos, Santos, Rosemiro, Erivelto, Eudes, Chico Fraga, Batista I, Batista I, Marcello e Marcello

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