Contra Turquia, às 16h30, Luiz Adriano terá chance ao lado de Neymar. Firmino, Talisca, Fred e Douglas Costa também podem ser avaliados pelo técnico Dunga
“Eu disse aos jogadores que olhassem para o lado e vissem a qualidade de quem está aqui e a qualidade de quem não está no grupo”, disse Dunga, pregando uma briga interna pelas vagas
Quem era capitão na Copa do Mundo agora é reserva. Quem achava que era o segundo da fila para ser o titular no gol, também. No ataque, uma surpresa e, no banco, novos rostos que até mesmo os colegas desconhecem. A intenção do técnico Dunga é clara e declarada: criar uma concorrência entre os jogadores da seleção brasileira para que ninguém se acomode na posição. Dunga leva sua equipe a campo nesta quarta-feira, às 16h30 (de Brasília), contra a Turquia, no Estádio Sükrü Saracoglu, em Istambul, em uma partida que nada terá de amistosa – pelo menos dentro do próprio grupo. O treinador fez questão de alertar que o verdadeiro adversário não está do outro lado do campo. A competição, segundo ele, é com aquele que disputa a mesma posição em uma seleção que tenta se reconstruir.
Leia também:
Dunga escala Luiz Adriano no ataque e Diego Alves no gol
Brasil x Turquia: um confronto marcado por jogos intensos
Ex-goleiro Taffarel participa de treino do Brasil na Turquia
Talisca, 20 anos, é chamado por Dunga na vaga de Lucas
Na Turquia, Neymar é o primeiro a se apresentar à seleção
“Ninguém vem garantido para a seleção e precisamos ter opções”, disse Dunga na véspera do jogo, o último compromisso da equipe em 2014. “Precisamos criar essa competitividade interna.” Para alguns jogadores, como o novato Roberto Firmino, o treinador foi ainda mais enfático: “Aqui ninguém tem contrato”. “Não dá para se acomodar”, admitiu Willian. Dunga deixará o capitão da seleção na Copa do Mundo, o zagueiro Thiago Silva, no banco, uma prova clara de que a seleção começa uma nova fase. Miranda ocupa sua vaga e a braçadeira de capitão fica com Neymar. Um recado implícito vem com a decisão de colocar o ex-capitão no banco: não há lugar para estrelas. “Se tivermos um coletivo forte, as individualidades vão se sobressair”, explicou o treinador.
Desde que assumiu, Dunga soma quatro vitórias, oito gols a favor e nenhum contra. A pedido do presidente da CBF, José Maria Marin, ele não convocou os jogadores que atuam no Brasil, entre eles o goleiro Jefferson e o atacante Diego Tardelli, titulares de suas posições. Quando todos apostavam que a opção no gol seria por Rafael, do Napoli, Dunga escolheu Diego Alves sem dar explicações. “Eu disse aos jogadores que olhassem para o lado e vissem a qualidade de quem está aqui e a qualidade de quem não está no grupo. Temos de criar uma competitividade sadia dentro da seleção.” Forçado a mexer na lista por causa da exclusão dos atletas de times brasileiros, Dunga abre uma temporada de testes. Se para os mais antigos isso representa um novo desafio, aos que chegam agora é uma oportunidade de ouro para cavar a vaga.
Esse é o caso de Luiz Adriano, artilheiro do Shakhtar Donetsk, que foi convocado pela primeira vez. Ele fará dupla de ataque com Neymar. Aqueles que estão no banco também esperam poder entrar, como Roberto Firmino, do Hoffenheim. O jogador admitiu que nem sequer acompanhou a convocação da seleção em que seu nome apareceu e confessou que, quando anda pela rua no Brasil, ninguém o conhece. Firmino não é um desconhecido apenas para o torcedor. Na terça, Willian admitiu que não sabia como atuava o novo colega. Atletas como Anderson Talisca, Fred, Douglas Costa e Casemiro também esperam uma chance de Dunga nesta quarta ou no último amistoso do ano, na semana que vem, contra a Áustria. Para Dunga, o futuro da seleção passará pelos pés de alguns deles. “Não podemos reescrever o passado, mas ele ficou para trás. O importante é readquirir a confiança do torcedor.”
(Com Estadão Conteúdo)