Santos: com saída de Autuori, permanência de Sampaoli fica mais difícil
Escolha do superintendente de futebol de não continuar na equipe em 2020 deve impactar diretamente na decisão do argentino
Paulo Autuori afirmou em coletiva de imprensa na manhã desta terça-feira, 19, que não há “nenhuma possibilidade” de continuar no Santos em 2020. A saída do superintendente de futebol já era esperada após os frequentes atritos com o presidente do clube, José Carlos Peres. A decisão, contudo, pode afetar o futuro de Jorge Sampaoli na equipe.
Autuori revelou por mais de uma vez ter uma “relação franca e honesta” com o técnico argentino. Os dois mantinham conversas sobre os problemas financeiros do clube e as dificuldades para fazer o planejamento para o ano que vem. O Santos terá que poupar recursos e utilizar mais as categorias de base, algo comum na história do time, mas que não é a preferência de Sampaoli – ele, inclusive, quase pediu demissão nos primeiros dias no cargo pela falta de contratações.
Sampaoli e Autuori tinham uma reunião marcada para essa semana justamente para discutir o futuro da dupla. “O Autuori vai manifestar o ponto de vista dele, eu vou manifestar o meu, analisando o ano para saber se há possibilidade de estarmos juntos no projeto Santos 2020”, disse o argentino. A grande possibilidade do treinador aceitar o plano de contenção de gastos passava pelo poder de convencimento do superintendente.
A saída do dirigente tira o escudo que existia entre o argentino e Peres. “Não sei o que ele (Sampaoli) vai fazer. Mas a minha decisão é que eu estarei no clube até dezembro fazendo meu trabalho. Já defini. Não quero mais”, explicou Autuori sobre sua situação.
Alguns posicionamentos do presidente do clube irritaram a dupla. A última declaração, decisiva para a demissão de Autuori, foi o pedido de Peres pela escalação do peruano Christian Cueva no último domingo, no clássico contra o São Paulo, para valorizar o jogador de olho em uma venda futura – o meia havia sido afastado após se envolver em uma briga em uma casa noturna. O superintendente pediu o boné. O técnico já afirmou no passado que não admite interferências externas.
O posicionamento político da presidência também incomoda Jorge Sampaoli. A presença do presidente da República Jair Bolsonaro no jogo do domingo causou reações do argentino, assumidamente adepto de políticas governamentais de esquerda. Nos bastidores da Vila Belmiro, o boato era que o técnico pediria demissão se fosse obrigado a cumprimentar Bolsonaro.
Em meio a tantos problemas com a direção do Santos e sem Paulo Autuori para se apoiar, é difícil imaginar que Sampaoli aceite continuar no Santos em 2020 sem uma renegociação das condições de trabalho.