Panama Papers: sede da Uefa é alvo de operação de busca e apreensão da polícia suíça
Foram recolhidos contratos de direitos de transmissão suspeitos assinados pelo agora presidente da Fifa, Gianni Infantino
A polícia federal da Suíça realizou nesta quarta-feira uma operação de busca e apreensão de dados na sede da Uefa, em Nyon, em investigação ligada ao ‘Panama Papers’, o vazamento de informações que atingiu políticos, artistas, esportistas e instituições que mantinham contas em paraíso fiscal. Os policiais possuíam uma ordem judicial para apreender os contratos da entidade com uma emissora de televisão equatoriana, pelo direito de transmissão da Liga dos Campeões da Europa.
De acordo com os arquivos do Panama Papers, obtidos pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, por sua sigla em inglês) e distribuídos a alguns veículos de imprensa, os acordos suspeitos foram assinados por drigentes, entre eles Gianni Infantino, atual presidente da Fifa, que na época era diretor financeiro da Uefa.
A própria confederação europeia confirmou, por meio de comunicado, que agentes policiais estiveram em seus escritórios. A Uefa afirmou que todos os dados foram entregues e prometeu colaborar com as investigações.
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Denúncia – Nesta terça-feira, o jornal britânico The Guardian revelou, baseado no ‘Panama Papers’ que a Uefa vendeu direitos de transmissão de seus jogos para a América do Sul a uma empresa argentina chamada Cruz Trading, em 2006. A empresa é uma subsidiária da Full Play, conhecida pelo pagamento de subornos no escândalo da Fifa.
Segundo a reportagem, a Cruz Trading assinou um acordo com de transmissão com a Uefa em contratos registrados no pequeno paraíso fiscal da Ilha de Niue, no Pacífico Sul, e revendeu os direitos à emissora equatoriana Teleamazonas, por cerca de quatro vezes mais que o valor original.
A Uefa se defendeu dizendo que não teria como saber, em 2006, que a Full Play estivesse envolvida em um escândalo de corrupção e garantiu que Infantino não teve envolvimento direto na negociação, apenas assinou os documentos aprovados por uma equipe da Uefa.
O presidente da Fifa também se defendeu. “Estou consternado e não aceitarei que minha integridade seja posta em dúvida por certas áreas da imprensa, especialmente tendo em conta que a Uefa já divulgou em detalhes todos os fatos relativos a estes contratos”, diz um trecho de sua nota.
O dirigente suíço afirmou que nunca lidou especificamente com os contratos com a Full Play e a Teleamazonas. O francês Michel Platini, que presidiu a Uefa de 2007 até sua suspensão, no ano passado, também foi citado nos Panama Papers.
(da redação)