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‘Klopp’: a biografia do técnico mais ‘heavy metal’ do futebol

Livro conta como um mediano jogador da segunda divisão da Alemanha se transformou em um dos melhores técnicos do mundo

Uma rápida olhada em um jogo do Liverpool é suficiente para o espectador perceber um loiro alto, com óculos grandes e 1,91 m de altura, aos pulos e berros ao lado do campo. O jeito “enérgico” de Jürgen Klopp, técnico do time inglês desde 2015, é inconfundível. Somado à competência como treinador, deu ao alemão o status de um dos profissionais mais cobiçados do futebol. Mas como um sujeito que cresceu em um pequeno vilarejo na Alemanha chegou a esse nível? A biografia Klopp, escrita pelo jornalista alemão Raphael Honigstein e publicada no Brasil pela Editora Grande Área, esclarece essa história. A força, resignação e amor pelo esporte forjaram a personalidade do treinador “heavy metal”, como ficou conhecido após comparar seu time ao estilo musical barulhento.

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Klopp nasceu em Stuttgart e cresceu em Glatten, cidade no meio da famosa região da Floresta Negra, no estado de Baden-Württemberg. A paixão por futebol de seu pai, um frustrado goleiro que não conseguiu jogar profissionalmente, recaiu primeiro sobre a irmã mais velha, Isolde. A menina tinha de treinar cabeçadas aos cinco anos de idade durante o severo inverno alemão. Quando Jürgen nasceu, Norbert Klopp voltou sua dedicação para o menino.

Apesar dos esforços e rigidez do pai, a pouca qualidade de Jürgen com a bola no pé não foi suficiente para chamar a atenção de grandes clubes. Só conseguiu participar do melhor time da sua região porque um colega que de fato fora escolhido precisava de carona e a mãe de Klopp, Elisabeth, poderia levá-los de carro até os arredores de Rottenburg, a 60 quilômetros de Glatten, onde aconteciam os treinamentos.

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Como atacante nos primeiros anos de carreira, não conseguiu se destacar no futebol alemão e rodou apenas por clubes de divisões inferiores. Também porque dividia a atividade esportiva com o curso de ciências do esporte  na Universidade Goethe, em Frankfurt, e estava preocupado em como iria sustentar o filho Marc, nascido em dezembro de 1988, quando Klopp tinha 21 anos. Seu maior sucesso foi conseguir jogar como defensor no Mainz, da  segunda divisão no país.

“Na minha cabeça, eu era um jogador da Bundesliga (primeira divisão alemã), mas meus pés estavam na Landesliga (torneio inferior, equivalente à sexta divisão)”, definiu Klopp. Anos mais tarde, provou que sua cabeça era capaz: conquistou dois títulos nacionais dirigindo o Borussia Dortmund. Não seria possível se não tivesse conhecido aquele que considera o seu “mestre”. Wolfgang Frank foi seu técnico no Mainz e o responsável por aguçar sua vontade de ser treinador. Tanto que colocar Klopp no cargo foi a solução encontrada pela diretoria do pequeno clube para substituir Frank. Foi o início da caminhada de sucesso fora dos gramados.

Klopp brinca que “se não tivesse dado certo no futebol, provavelmente teria sido jornalista esportivo”. Trabalhou como repórter para complementar o baixo salário que recebia como jogador e, anos mais tarde, já como treinador, comentou a Copa do Mundo de 2006, na Alemanha, ao lado de Franz Beckenbauer, campeão como técnico e jogador – o livro conta que Beckenbauer estava desconfortável no começo por ter de dividir microfones com um treinador de segunda divisão, mas acabou  elogiando Klopp por suas análises.

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Livro ‘Klopp’, de Raphael Honigstein //VEJA

Raphael Honigstein ainda se debruça sobre as dificuldades para implementar o seu sistema de jogo baseado na pressão constante – algo inovador na Alemanha da década passada – e sobre as histórias de sucesso (e fracasso) do técnico em cada uma das três equipes que dirigiu. O jornalista alemão ouviu amigos de infância, companheiros de equipe, familiares, dirigentes e jogadores treinados por Klopp e traz bastidores saborosos sobre a sua carreira.

Um deles: em 2013, como técnico do Borussia Dortmund, disputou a final da Liga dos Campeões da Europa. Após a derrota para o rival Bayern de Munique, descarregou sua raiva nos corredores que dão acesso aos vestiários em cima de Pierluigi Collina, então chefe da comissão de arbitragem da UEFA, que organiza a competição, por considerar que sua equipe havia sido prejudicada. Pouco depois, na entrevista coletiva, agiu como se nada tivesse acontecido e se limitou a dizer: “Uma ou outra decisão poderia ter sido diferente”.

Neste sábado, 1º de junho, Klopp terá sua segunda chance de conquistar o torneio de clubes mais importante do mundo. A final, no estádio Wanda Metropolitano, em Madri, é contra outro time inglês, o Tottenham, às 16h (horário de Brasília). O treinador “heavy metal” pode escrever outro capítulo da sua história – e fazer ainda mais barulho.

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