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Jesus não sabia que ‘papo entre amigos’ seria publicado, diz Kleber Leite

Ex-presidente do Flamengo organizou jantar no qual treinador contou ao jornalista Renato Maurício Prado sobre desejo de ocupar vaga de Paulo Sousa

Por Luiz Castro |
Jorge Jesus

O treinador português Jorge Jesus ex-Sporting (POR)

“Quero voltar, sim. Mas não depende só de mim. Posso esperar até pelo menos o dia 20. Depois disso, tenho que decidir minha vida.” As palavras de Jorge Jesus, publicadas nesta quinta-feira, 5, pelo blog do jornalista Renato Mauricio Prado no Uol, tumultuaram ainda mais o ambiente no Flamengo e colocaram pressão sobre o atual dono do cargo, o também português Paulo Sousa. As revelações de Jesus sobre seu desejo de retornar ao clube se deram em um jantar na casa do ex-presidente rubro-negro Kleber Leite na última quarta, durante o empate em 2 a 2 entre Flamengo e Talleres pela Libertadores. 

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A bombástica entrevista, na qual Jesus não apenas revelou sua vontade de voltar ao clube, mas também estabeleceu um prazo para receber um convite, levantou questionamentos sobra a ética do treinador lusitano. A PLACAR, Kleber Leite disse que Jesus não teve o objetivo de causar confusão. “Tenho para mim que o Jorge Jesus não sabia que a entrevista seria publicada. Foi um papo entre amigos queridos, eram coisas que estavam no coração do Jesus, que ele expôs com muita verdade.”

Segundo Leite, tampouco houve desrespeito por parte do jornalista em publicar o conteúdo do papo. “O Renato é jornalista e além de tudo um apaixonado pelo Flamengo e pelo trabalho do Jesus. Ele, assim como 99,9% dos flamenguistas, gostaria da volta do Jesus e, como bom jornalista, aproveitou a oportunidade. Não vejo nada de mais nem de uma parte nem de outra. Quando existe verdade, não há por que temer nada.”

Por fim, Kleber negou que Jesus tenha dado uma espécie de “ultimato” na diretoria comandada pelo presidente Rodolfo Landim e pelo vice de futebol Marcos Braz. “Ele apenas manifestou seu desejo de voltar a trabalhar e deixou claro que não pode esperar muito tempo. É bom que seja colocado de uma forma definitiva e os dirigentes do Flamengo que tomem a melhor decisão em cima disso.” Até o momento, nenhuma das partes envolvidas (Jorge Jesus, diretoria do Flamengo e Paulo Sousa) se manifestaram sobre o caso.

O que disse Jesus

A postagem de Renato Maurício Prado trouxe uma série de declarações fortes do treinador português, que conquistou pelo Flamengo o Brasileirão e a Libertadores de 2019, além do Estadual, da Recopa Sul-Americana e da Supercopa do Brasil de 2020, antes de trocar o clube pelo Benfica pouco depois de renovar seu contrato. Ao blogueiro, Jesus disse que a pandemia de Covid-19 pesou em sua decisão.

“Foi algo absolutamente inesperado e devastador. Fiquei completamente só. Um funcionário deixava a comida na soleira da porta do meu apartamento e saía correndo. Parecia que eu estava vivendo num leprosário. Era muito difícil. Por isso, quando surgiu o convite do presidente do Benfica, um velho amigo, aquela me pareceu a melhor opção. Inclusive para voltar a viver perto da minha família.”

Jesus ainda negou que o vice Marcos Braz e o diretor-executivo Bruno Spindel tenham lhe feito uma proposta oficial durante a visita á Europa que acabou definindo Sousa, então técnico da seleção polonesa, como substituto de Renato Gaúcho no Flamengo. “A conversa foi superficial e em momento algum me fizeram um convite ou, ao menos, me perguntaram se eu queria voltar. E aquele era um momento difícil, pois se eu pedisse demissão do Benfica, teria que pagar uma multa de 10 milhões de euros”, contou.

“Por isso, tinha sugerido que só viajassem para Portugal em final de janeiro, quando a situação seria mais fácil para negociar. Mas quiseram ir em dezembro e a sensação que tenho é que, quando me visitaram, já tinham tomado a decisão de contratar o Paulo Sousa. Foram apenas cumprir uma obrigação social comigo. Braz e Spindel não me convidaram para voltar em dezembro.” O técnico de 67 anos disse ter recebido propostas de outros clubes brasileiros como Atlético Mineiro e Corinthians, mas que sua preferência sempre foi retornar à Gávea.

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