Publicidade
Publicidade

Cristiano discute com juíza em depoimento sobre fraude fiscal

“Se não me chamasse Cristiano Ronaldo não estaria sentado aqui”, teria dito o craque do Real Madrid, antes de ser rebatido por magistrada no tribunal

Cristiano Ronaldo compareceu nesta segunda-feira ao tribunal de Pozuelo de Alarcón, nos subúrbios de Madri, para prestar depoimento como investigado em uma denúncia de fraude fiscal no valor de 14,7 milhões de euros (cerca de 54 milhões de reais). O jogador do Real Madrid depôs por uma hora e meia e, irritado, se negou a atender a imprensa, conforme haviam combinado seus representantes.

Publicidade

Segundo informações do diário AS, Cristiano negou todas as acusações e chegou a dizer que “Se não me chamasse Cristiano Ronaldo não estaria sentado aqui.” A juíza Mónica Gómez Ferrer teria, então, respondido duramente ao jogador português. “Não se equivoque. Assim como o senhor, sentaram aqui outras pessoas anônimas. O senhor está sendo acusado e investigado por um suposto delito fiscal segundo provas da Promotoria e sobre as quais a Justiça terá de decidir.”

Ainda segundo o jornal, Cristiano teria insistido. “Não, não, tudo isso só está acontecendo porque sou Cristiano Ronaldo.” Ele teria sido convencido pelos advogados a cancelar o pronunciamento de imprensa depois do tenso julgamento. Cristiano entrou no tribunal de carro pouco antes das 11h (horário local, 6h de Brasília) e deixou o local duas horas depois, sempre pela garagem do edifício, evitando assim as duas centenas de jornalistas de 15 países e as 40 câmeras de televisão que lhe esperavam na porta principal.

Publicidade

Comunicado – Horas depois do depoimento, a equipe de Cristiano Ronaldo emitiu uma nota oficial, com algumas aspas do jogador. O craque do Real Madrid garante que jamais cometeu qualquer irregularidade fiscal.  “O Tesouro espanhol conhece em detalhes toda a minha renda, porque a entregamos, nunca escondi nada e nem tive qualquer intenção de sonegar impostos”, disse Cristiano Ronaldo.

“Eu sempre faço minhas declarações de imposto voluntariamente, porque acho que todos nós temos de declarar e pagar o imposto de acordo com a nossa renda. Aqueles que me conhecem sabem o que peço aos meus assessores: que tenham tudo atualizado e devidamente pago, porque eu não quero nenhum problema“, afirmou o craque, em trecho do longo comunicado.

Cristiano Ronaldo vai ao tribunal na Espanha
Imprensa à espera de Cristiano Ronaldo, em frente ao tribunal de Pozuelo de Alarcon, em Madri Gerard Julien/AFP

Acusação –  No início de junho, a Promotoria de Madri apresentou denúncia contra Cristiano Ronaldo por supostamente criar uma estrutura de empresas que serviriam para fraudar 14,7 milhões de euros da Receita do país. O Ministério Público acusa o jogador do Real Madrid por quatro crimes contra a Fazenda Pública, que teriam sido cometidos durante quatro anos. Os valores ocultados por ano são de 1,39 milhões de euros em 2011, 1,66 milhões em 2012, 3,20 milhões em 2013 e de 8,50 milhões em 2014.

Publicidade
Continua após a publicidade

Segundo a denúncia, Cristiano tem se aproveitado de uma estrutura de empresas criada em 2010, para não declarar as quantias que recebe a título de direitos de imagem, algo que representa descumprimento “voluntário” e “consciente” das obrigações fiscais na Espanha.

A denúncia é baseada no relatório da Agência Estatal de Administração Tributária da Espanha, enviado à Promotoria. A acusação ainda aponta que, em 2008, Cristiano deu poder a seu empresário, Jorge Mendes, para assinar contrato de trabalho com o Real Madrid até 2015.

Cristiano Ronaldo optou em 11 de novembro de 2011 pela aplicação do regime fiscal espanhol, aplicável aos trabalhadores estrangeiros que atuam no país. Por causa disso, teria que ser taxado em 24% naquele ano e em 24,75% nos posteriores, por ganhos recebidos.

O Ministério Público aponta, no entanto, que o jogador simulou ceder os direitos de imagem a uma empresa chamada Tollin Associates LTD, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, da qual era o único sócio. A firma, por sua vez, repassou a exploração para a “Multisports & Image Management LTD”, sociedade registrada na Irlanda.

Segundo a Promotoria, a primeira cessão foi “completamente desnecessária”, já que a empresa não desenvolveu qualquer atividade relacionada ao jogador, servindo apenas para compôr a rede de ocultação de valores. A denúncia ainda revela que Cristiano Ronaldo declarou, entre 2011 e 2014, ter recebido 11,5 milhões de euros em cada ano, quando, o montante real foi de 43 milhões de euros anuais. O atacante ainda teria feito manobra para reduzir os tributos a pagar.

Por fim, o craque do Real Madrid não incluiu “voluntariamente”, segundo o MP, investimentos que a Receita estima em 28, 4 milhões de euros, por direitos de imagem cedidos à outra empresa, chamada Adifore Finance LTD, entre 2015 e 2020. Questionado recentemente sobre o caso, Cristiano negou irregularidades e disse “dormir tranquilo.”

Continua após a publicidade

Publicidade